Leticia Faria Domingues Palhares

Bacharel (2005), mestre (2008) e doutora (2012) em física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com período sanduíche no doutorado no Instituto de Física Teórica (IPhT) do Comissariado de Energia Atômica e Energias Alternativas em Saclay (CEA-Saclay) na França. Pós-doutorado júnior (2012) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pós-doutorado (2012-2014) na Universidade de Heidelberg, Alemanha.

Suas pesquisas envolvem a interação entre os chamados quarks e glúons: os constituintes elementares dos núcleos atômicos e, em última análise, de praticamente toda a matéria que existe no nosso dia-a-dia, inclusive nós mesmos. Relaciona-se, portanto, à pergunta básica “do que somos feitos?” e tem por objetivo desvendar as propriedades mais íntimas dessa matéria e quais formas ela poderia adquirir se exposta a condições extremas variadas. A cromodinâmica quântica, teoria que descreve a interação entre os quarks e glúons, é extremamente bem-sucedida, tendo permitido, ao longo dos mais de 40 anos desde a sua proposição, diversas previsões precisas de fenômenos na natureza, sempre partindo desses mesmos constituintes fundamentais. Apesar disso, os quarks e glúons nunca foram observados diretamente; eles encontram-se confinados no interior de partículas como os prótons e nêutrons, que compõem o núcleo atômico. Um dos grandes desafios da física teórica – e um dos seis famosos “problemas do milênio” ainda não resolvidos – é exatamente entender qual o mecanismo responsável por esse confinamento, sendo esta uma das vertentes da pesquisa. Outra vertente complementar é o estudo do que acontece com a matéria quando exposta a altíssimas temperaturas (da ordem de cem mil vezes a temperatura no interior do Sol) e pressões (como acontece, por exemplo, no interior de estrelas ultracompactas, com densidade equivalente à massa da Terra comprimida no volume de um estádio de futebol).

Recebeu o Lupap Travel Grant for Women in Physics (2010) pela International Union of Pure and Applied Physics (Lupap). Foi selecionada como Jovem Pesquisadora no Lindau Nobel Laureate Meeting 2012 pela ABC e a fundação Lindau da Alemanha. Foi agraciada com a Humboldt fellowship (2012) pela fundação Alexander von Humboldt da Alemanha. Recebeu o prêmio nacional Para Mulheres na Ciência (2014) na área de física pela parceria L’Oréal-Unesco-ABC, o prêmio Jovem Cientista do Nosso Estado Faperj (2018) e o Prociência Uerj (2018).