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Ciências da Terra | MEMBRO TITULAR

Hilgard O’Reilly Sternberg

(STERNBERG, H. O'REILLY)

05/07/1917
Brasileira
26/06/1951

No Curso de Geografia e História da UDF, onde atuava uma missão francesa, Sternberg afinou particularmente com a abordagem integrativa de Pierre Deffontaines. Terceiranista da FNFi, foi, em 1940, autorizado pelo Conselho Nacional de Educação a reger a Cadeira de Geografia no Instituto Santa Úrsula, integrando também, desde 1940, o quadro de professores da PUC do Rio de Janeiro, que então se fundava. Professor Assistente da UB, recebeu em 1943 uma bolsa nos Estados Unidos. Na Louisiana, com Richard J. Russell, e na Califórnia, com Carl O. Sauer, reforçou-se em Sternberg a apreciação pelo tratamento abrangente das comunidades humanas e seu habitat. Consolidavam-se, ao mesmo tempo, as duas perspectivas de seus primeiros estudos universitários, a geográfica e a histórica. Incorporava, ademais, o conceito de biodiversidade e a implícita persuasão da responsabilidade humana pela gestão prudente do patrimônio natural. A tese de PhD defendida em Baton Rouge enfocou um trecho da planície do Rio Mississipi, versando temas que seriam reexaminados no contexto amazônico.
Chamado em 1944 a assumir interinamente a Cátedra de Geografia do Brasil na FNFi., interrompeu no Pará seu regresso dos Estados Unidos, a fim de tomar um primeiro contacto com a Amazônia. Suas pesquisas na região abarcariam considerável gama de assuntos. Assim, na Geografia Física, desde a padronagem hidrográfica, onde propôs a importância do tectonismo, até a cronologia das feições aluviais, para a qual usou, pela primeira vez, partículas de carvão vegetal incorporadas à cerâmica indígena. Em sua tese de concurso para a Cátedra, A Água e o Homem na Várzea do Careiro (1956), Sternberg evidenciou a pertinácia e a capacidade de recuperação dos varzianos, frente aos desafios da Natureza. Além de sua atividade primordial na UB, onde fundou e dirigiu o Centro de Pesquisas de Geografia do Brasil, exerceu durante dez anos o magistério no Instituto Rio Branco do MRE, ministrando cursos no exterior, como nas Universidades de Heidelberg, Flórida, UCLA, Columbia, Wisconsin, Nacional Autônoma do México e Beijing.
Tratou de várias questões de interesse público, sublinhando o nexo entre a integridade do meio ambiente e o bem-estar das populações. Em um estudo das enchentes e movimentos coletivos do solo que devastaram o Vale do Paraíba em 1948 (Rev. Bras. Geogr., 11:223-261, 1949), salientou a culpa da sociedade na extensão da catástrofe. Uma variação deste tema caracteriza seu depoimento perante a Comissão do Polígono das Secas da Câmara dos Deputados. Resultando de observações no Nordeste durante a seca de 1951, atribuiu ao mau uso da terra uma parcela de responsabilidade pelo desastre e apontou as limitações da açudagem na solução dos problemas da região (Rev. Bras. Geogr., 13:327-269, 1951). Eleito Vice-Presidente e, depois, Primeiro Vice-Presidente da União Geográfica Internacional (1952-1960), organizou o Congresso da UGI, no Rio de Janeiro (1956). Concebeu e coordenou a colaboração da UB, da Marinha de Guerra do Brasil e do Serviço Geológico dos Estados Unidos, em projeto que, em 1963, conduziu às primeiras medições diretas da vazão, da carga sedimentar e das características da água do rio Amazonas. Entre outras atividades profissionais a nível internacional, figura a participação como Membro, depois Presidente, do Comitê de Pesquisas de Terras Áridas da UNESCO (1955-1956), Em seguida, foi designado pela UNESCO para uma missão ao Egito, a fim de dar parecer relativo à ajuda financeira, solicitada pelo governo do Cairo para pesquisar problemas de aridez. Convidado, em 1964, para um professorado permanente na Universidade da Califórnia em Berkeley, desenvolveu um programa de pesquisa e ensino centrado na problemática brasileira, tendo sido orientador de uma dúzia de teses de doutorado e mestrado, das quais duas traduzidas e publicadas por órgãos governamentais no Brasil.