Gerhard Beurlen
(BEURLEN, G.)
Gerhard Beurlen chegou ao Brasil, ainda menino de 10 anos, em maio de 1950, quando seu pai foi contratado pelo Departamento de Produção Mineral no Rio de Janeiro. Terminou o 2º grau em Recife, PE, onde também estudou Geologia na Escola de Geologia da CAGE (hoje da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE). Cedo entusiasmou-se pela possibilidade de reconstrução da história da Terra por meio da datação e correlação dos eventos através do registro fóssil, que ao mesmo tempo permitia uma melhor compreensão da vida. Formou-se em 1964 com a tese “Geologia e estratigrafia da região de São Luiz, município de Picos – PI”, onde descreve os moluscos e braquiópodes devonianos coletados. Seu sonho de permanecer na Universidade não se tornou realidade e ele ingressou no Laboratório de Paleontologia da Petrobras em Maceió, AL, em inícios de 1965. Foi introduzido na taxonomia dos ostracodes não-marinhos do “Wealden” Brasileiro e dos foraminíferos planctônicos do Cretáceo pelo paleontólogo-chefe Dr. Johannes Troelsen, bem como aos princípios de zoneamento bioestratigráfico. Em maio de 1965 casou com Nieda Correia Lima, hoje uma escultura de renome internacional, e deste casamento nasceram Carla e Christian, respectivamente, em 1968 e 1971. De 1966 a 1969 ele estudou os moluscos brasileiros, principalmente amonóides, das bacias Potiguar e de Sergipe, o que resultou em algumas das raras publicações modernas sobre amonóides cretáceos brasileiros. A distribuição estratigráfica dos amonóides e o mapeamento bioestratigráfico da porção emersa da bacia de Sergipe foram sua maior realização neste período. Em 1970 os laboratórios de paleontologia regionais da Petrobras foram desativados, com excessão do de Salvador, BA. Lá, Gerhard Beurlen se dedicou ao estudo dos foraminíferos planctônicos do Cretáceo e do Terciário e ao estudo da ecologia e paleoecologia dos foraminíferos bentônicos. Adaptando algumas das técnicas paleoecológicas desenvolvidas por O. Bandy na década de 60, e integrando os resultados paleoambientais com a bioestratigrafia, alcançou seu maior objetivo: prover o geólogo com uma reconstrução paleogeográfica confiável. Em 1974 retornou ao Rio de Janeiro no Laboratório Central da Petrobras, e mais tarde no Centro de Pesquisas (CENPES), aonde desenvolveu técnicas de correlação numérica, integrando paleoecologia com bioestratigrafia e os novos métodos estratigráficos, como análise geo-histórica e sismo-estratigrafia. Foram aplicadas com grande sucesso a muitos estudos regionais desenvolvidos pela Exploração da Petrobras na primeira metade da década de 80, provendo o geólogo com uma interpretação paleogeográfica mais completa e dinâmica. Não satisfeito com os métodos paleoecológicos qualitativos e quantitativos convencionais, adaptou o método Braun-Blanquet – alguns anos antes aplicado a associações de foraminíferos recentes por H. Hiltermann -, ao estudo de associações fósseis. Nestes anos também se envolveu em projetos internacionais de correlação geológica através o PICG.