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Ciências Biológicas | MEMBRO ASSOCIADO

Fernando Dias de Avila Pires

(AVILA-PIRES, F. D. DE)

06/01/1933
Brasileira
28/12/1965

Em 1954 iniciou sua carreira como estagiário do Museu Nacional, Rio de Janeiro, quando ainda estudante do Curso de História Natural da Faculdade Nacional de Filosofia, Ciências e Letras, trabalhando com João Moojen, que exerceu uma profunda influência na sua formação. No ano seguinte, transferiu-se para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da então Universidade do Distrito Federal (hoje UERJ), cujo curso noturno permitia que continuasse a trabalhar no Museu. Em 1955 recebeu bolsa de iniciação científica da recém criada CAPES e do Conselho Nacional de Pesquisas, optando por esta última.
Em 1957 publicou, no Boletim do Museu Nacional, um trabalho sobre taxonomia e nomenclatura de cervídeos neotropicais, o primeiro de uma série sobre este grupo zoológico. No mesmo ano foi contratado como pesquisador da Universidade do Brasil.
No ano seguinte realizou a primeira excursão científica, acompanhando Lauro Travassos, do Instituto Oswaldo Cruz, a Belém.
A John Simon Guggenheim Memorial Foundation proporcionou-lhe os recursos para trabalhar durante dois anos, no American Museum of Natural History , do qual tornou-se Research Associate , para estudar coleções de mamíferos em museus e universidades norteamericanas.
Após o regresso ao Brasil, passou dois anos em Viçosa, como professor da recém criada Escola Nacional de Florestas, dois anos em Belo Horizonte, estabelecendo e dirigindo o Museu de História Natural da Universidade Federal de Minas Gerais. Nesse período, presidiu a comissão de reforma do curso de História Natural. Também nessa época obteve seu doutorado na UNESP, incentivado por Paulo Sawaya e com o indispensável apoio logístico de Maria Aparecida Vulcano. Por quatro anos foi professor na UNICAMP e, durante seis, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em 1986 tornou-se Professor Titular da Escola Nacional de Saúde Pública, da FIOCRUZ, exercendo a Vice-Presidência da Fundação de 1991 a 1993. Neste mesmo ano passou a integrar o Departamento de Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz.
Como mastozoólogo, publicou sobre taxonomia, zoogeografia e ecologia dos roedores e primatas. Por indicação de Moojen, trabalhou como consultor da organização Panamericana da Saúde para peste bubônica, no Peru. Com Mario Beaurepaire Aragão visitou focos de peste no Brasil. Esta atividade despertou seu interesse por outras zoonoses que têm mamíferos como reservatórios ou vetores, como a doença de Chagas, leishmaniose, esquistossomose, raiva e certas arboviroses amazônicas. Desde 1968 esteve envolvido em programas de pós-graduação, coordenando vários, orientando teses de mestrado e doutorado, participando de bancas e ministrando cursos em diversas universidades no Brasil, Peru, Chile, França, Bélgica e Suécia.
Também a partir de 1968 participou de congressos no Brasil e exterior, na qualidade de membro de diversas associações e comissões profissionais, sendo sócio fundador das Sociedades de Mastozoologia da Argentina e da Venezuela.
Além de ter editado o Boletim do Museu de História Natural da UFMG e os Cadernos de Saúde Pública da FIOCRUZ, publicou cerca de 100 artigos em periódicos, traduções e revisões, dois livros sobre ecologia médica (um no México) e um relato de experiências e reflexões sobre o ensino de pós-graduação.
Talvez o melhor sumário de sua biografia seja a frase de S. Peller, epidemiólogo austríaco: “I never remained in one place long enough to become a slave of routine, and I have not moved from one point to another as a climber. […] I have been a free-lance scientist at all times”.