pt_BR
Ciências Biomédicas | MEMBRO TITULAR

Fernando Braga Ubatuba

(UBATUBA, F. B.)

01/11/1917
Brasileira
27/12/1956

Fernando Braga Ubatuba nasceu em Pelotas, RGS em 1917. Casou-se com Arlette F. Ramos em 1940 e formou-se em 1942. Dos cinco filhos, já são doze os netos. O interesse pela Física e Química inicia-se desde a etapa pré-universitária, orientando sua vocação científica e suscitando o espírito e a inquietude intelectual que o acompanharão em todo seu percurso acadêmico. Apesar de sua formação científica apresentar traços eminentemente autodidatas, é inegável a valiosa influência de Carlos e Evandro Chagas, de João Machado e J. Moura Gonçalves e, posteriormente, já em Manguinhos, no convívio diário com B. Aragão, G.G. Villela, M. Ozório de Almeida, Thales Martins e Walter Oswaldo Cruz.
Ubatuba exerceu, a partir de 1942, atividades didáticas e de pesquisa em diversas instituições brasileiras: Instituto Oswaldo Cruz; Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro (Professor Assistente, 1946-1948); Faculdade Nacional de Medicina (1956-1962); Escola Nacional de Veterinária (hoje UFRRJ) – 1950 até abril de 1970, quando foi atingido, pelo AI-5. Desenvolvia nessa época, plena articulação para a transferência de seu grupo para a Universidade de Brasília. Aborrecido, exilou-se espontaneamente em 1970. O plano UnB só se realizaria em 1980, quando beneficiado pela anistia, retornou ao Brasil; embora reintegrado aos quadros de Manguinhos, optou pela UnB, assumindo o cargo de Professor de Farmacologia Médica. Tendo atingido a idade compulsória na UnB, Ubatuba volta à sua origem acadêmica, associando-se ao Departamento de Bioquímica Médica da UFRJ, aí trabalhando atualmente na condição de Pesquisador Visitante, Bolsista do CNPq.
Seus trabalhos dessa época, tinham enfoque multidisciplinar tratando do estudo da Fisiologia das secreções glandulares e da caracterização química e bioquímica dos hormônios tireoideanos, da córtico-adrenal e das gônadas.
A partir de 1970, impossibilitado de trabalhar no Brasil, Ubatuba aceita convite da Venezuela para instalar na Universidad Experimental de la Región Centro-Ocidental (UCO), localizada em Barquisimeto, uma Unidade de Investigações em Ciências Fisiológicas. Deixou também na Venezuela sua contribuição na formação de pesquisadores, trabalhando em extensa variedade de temas de interesse local e regional. Realizou aí antigo sonho: trabalhar na caracterização das saponinas esteroidais do sisal, um tema de enorme significação científica e tecnológica por constituir o extrato do sisal, matéria prima contendo intermediários para a síntese de hormônios esteroidais. Ao término de seu primeiro contrato na UCO, ao final de 1971, e tendo aceito uma Bolsa de Pesquisador Visitante na Inglaterra, Ubatuba indicou ao Reitor (e atraiu para a sua substituição), outro cassado de Manguinhos, Haity Moussatché, que chefiou a unidade e consolidou o projeto.
Em 1972, Ubatuba assume uma Bolsa de Pesquisas do Wellcome Trust para trabalhar, por um ano, no ARC Brabham’s Institute of Animal Physiology em Cambridge, onde foi agregado ao laboratório de Marthe Vogt. Nesse conceituado laboratório, continua suas atividades de pesquisa, já agora com nítido enfoque na Farmacologia das prostaglandinas. Ao final de sua estada em Cambridge, Ubatuba recebe honroso convite do Prof. Eric Horton para se filiar, como “Lecturer and Visiting Professor”, ao “Department of Pharmacology, University of Edinburgh, Scotland”. Em Edinburgo, dá continuidade às suas atividades de ensino e pesquisa.
Nessa época, por intervenção de M. Vogt e E. Horton, Ubatuba foi apresentado a John Vane. Ubatuba ingressa no “staff” científico do Wellcome Research Laboratories (WRL) em 1974, como Senior Scientist, aí permancendo até sua aposentadoria em 1980. No WRL, trabalhou no Department of Drug Metabolism e posteriormente no Department of Prostaglandin Research. Participava ativamente das linhas de pesquisa que levaram John Vane ao Prêmio Nobel de Medicina em 1982. Particularmente importante nesse período foram as contribuições de Ubatuba aos conhecimentos sobre os peróxidos e hidroperóxidos do ácido araquidônico e na caracterização de uma nova prostaglandina, produzida no endotélio vascular, posteriormente identificada como a prostaciclina (PGI2). Relevantes ainda foram suas contribuições no desenvolvimento da teoria do balanço de produção PGI2/TXA2 na gênese dos processos de trombose arterial causados por agregados plaquetários (trombo branco) e ao estudo e caracterização dos ácidos graxos poli-insaturados contendo cinco ligações etilênicas (ácido eicosapentenóico – EPA). Na origem desses estudos estava a hipótese de que o EPA seria o provável responsável pela tendência ao sangramento espontâneo resultante de alterações nas funções plaquetárias, associado à baixa incidência de acidentes vasculares, condições predominantes entre os esquimós da Groenlândia, consumidores de alimentação rica em gorduras animais como óleo de focas.