Cristina Maria Pinheiro de Campos
(DE CAMPOS, C.M.P.)
Cristina Maria Pinheiro de Campos nasceu em 1949 em Alegre, no interior do Estado do Espírito Santo. Filha de Newton Monteiro de Campos, aviador da FAB, e de sua mulher, Dagmar Pinheiro de Campos. Passou sua primeira infância em Porto Alegre e na base aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, até a morte súbita do pai, em acidente militar, aos 33 anos de idade. A familia mudou-se para Copacabana. Sua educação primária foi em colégios públicos e a secundária prosseguiu em escolas religiosas (Colégio São Paulo e Santa Úrsula). Teve formação pré-universitária direcionada às filosofias, artes e literatura. Chegou a se formar em literatura francesa pela Aliança Francesa e Universidade de Nancy/França. Paralelamente, no final do curso secundário, começou a se interessar pela Física e pela Matemática, decidindo-se então pelo estudo das Geociências.
Logo após a graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro foi convidada para um estágio em Munique, Alemanha. Aos vinte e três anos iniciou trabalho de doutoramento em Mineralogia /Cristalografia aplicada à Gênese de Jazidas Minerais. O tema da tese versava sobre intercrescimentos ordenados de sulfetos em minerais naturais e as amostras estudadas foram coletadas na jazida de Rio Marina, Elba, Itália. Em maio de 1973 casou-se com Andreas Wiedemann. O desenvolvimento do trabalho de Doutorado foi paralelo à função de mãe de dois filhos pequenos (Gisele e Daniel). Em 1980, foi a primeira mulher a defender tese de doutoramento pelo Departamento de Geoquímica e Jazidas Minerais do Instituto de Geologia Geral e Aplicada (IAAG) da Universidade de Munique.
Com a volta ao Brasil, a experência em técnicas laboratoriais sofisticadas se mostrou inadequada à realidade brasileira de então. Na época, sugeriu aos professores do IAAG, Weber-Diefenbach e Lammerer, iniciar um projeto de cunho eminentemente geológico, no desconhecido Estado de Espírito Santo. Desse intercâmbio foram geradas inúmeros trabalhos de iniciação científica, treze teses de doutoramento e mais treze de mestrado, tanto de alunos brasileiros quanto alemães, assim como publicações em revistas especializadas.
A partir de 1978 foi contratada como professora adjunta do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo atuado em vários cargos de direção (coordenação de Pós-Graduação e de assuntos de Extensão) assim como na coordenação de diversos projetos institucionais de pesquisa e montagem de laboratórios analíticos. Formou e consolidou um grupo de pesquisas sobre a Faixa Costeira que tem atuado no rastreamento da história geológica das terras capixabas e regiões vizinhas. Esse grupo tem focalizado, principalmente, a magmatogênese durante a evolução de cadeias montanhosas, desde a época em que o Brasil ainda fazia parte do paleo continente Rodínia até a consolidação do paleo continente Gondwana. Dessa pesquisa resultaram os primeiros mapas geológicos detalhados dos complexos ígneos do Espírito Santo e de suas rochas encaixantes. Tais estudos apontaram para a importância dos processos de mistura de magmas na geração de complexos granitóides. Os resultados práticos dessas pesquisas tem sido utilizados no mapeamento básico e na prospecção mineral.
A partir de 1989 o grupo de trabalho Espírito Santo iniciou, paralelamente, uma nova linha de pesquisa em geoquímica aplicada a áreas de proteção ambiental. Daí surgiram vários trabalhos de iniciação científica e seis teses de mestrado em cooperação com o Departamento de Geoquímica da Universidade de Utrecht, na Holanda. Os resultados dessas pesquisas vem sendo publicado nacional e internacionalmente.
Gisele Wiedemann, sua filha mais velha, é gemóloga e finaliza mestrado em Geologia / Sensoriamento Remoto, na Alemanha, em 1999. Daniel Wiedemann, seu filho mais novo, é bolsista de graduação em Lafayette / Pennsylvania / USA, onde termina o bacharelado em Língua e Literatura Inglesa/Americana e Artes Cênicas, também no ano de 1999.
Em 1998 casou-se com o Prof. Othon Henry Leonardos, membro titular desta Academia.
Atualmente está vinculada ao Departamento de Mineralogia e Petrologia da Universidade de Brasília, como professora visitante. Novas cooperações com instituições de ensino e pesquisa no Brasil (UFMG, UnB e UFRJ) vem possibilitando um trabalho voltado à integração e correlação de ambientes geológicos, focalizando a magmatogênese das faixas marginais ao craton de São Francisco: Araçuaí e sua junção com a faixa Ribeira e, posteriormente, comparação com a faixa Brasília.