pt_BR
Ciências da Terra | MEMBRO ASSOCIADO

Cristina Maria Pinheiro de Campos

(DE CAMPOS, C.M.P.)

26/03/1949
Brasileira
15/03/1993

Cristina Maria Pinheiro de Campos nasceu em 1949 em Alegre, no interior do Estado do Espírito Santo. Filha de Newton Monteiro de Campos, aviador da FAB, e de sua mulher, Dagmar Pinheiro de Campos. Passou sua primeira infância em Porto Alegre e na base aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, até a morte súbita do pai, em acidente militar, aos 33 anos de idade. A familia mudou-se para Copacabana. Sua educação primária foi em colégios públicos e a secundária prosseguiu em escolas religiosas (Colégio São Paulo e Santa Úrsula). Teve formação pré-universitária direcionada às filosofias, artes e literatura. Chegou a se formar em literatura francesa pela Aliança Francesa e Universidade de Nancy/França. Paralelamente, no final do curso secundário, começou a se interessar pela Física e pela Matemática, decidindo-se então pelo estudo das Geociências.
Logo após a graduação em Geologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro foi convidada para um estágio em Munique, Alemanha. Aos vinte e três anos iniciou trabalho de doutoramento em Mineralogia /Cristalografia aplicada à Gênese de Jazidas Minerais. O tema da tese versava sobre intercrescimentos ordenados de sulfetos em minerais naturais e as amostras estudadas foram coletadas na jazida de Rio Marina, Elba, Itália. Em maio de 1973 casou-se com Andreas Wiedemann. O desenvolvimento do trabalho de Doutorado foi paralelo à função de mãe de dois filhos pequenos (Gisele e Daniel). Em 1980, foi a primeira mulher a defender tese de doutoramento pelo Departamento de Geoquímica e Jazidas Minerais do Instituto de Geologia Geral e Aplicada (IAAG) da Universidade de Munique.
Com a volta ao Brasil, a experência em técnicas laboratoriais sofisticadas se mostrou inadequada à realidade brasileira de então. Na época, sugeriu aos professores do IAAG, Weber-Diefenbach e Lammerer, iniciar um projeto de cunho eminentemente geológico, no desconhecido Estado de Espírito Santo. Desse intercâmbio foram geradas inúmeros trabalhos de iniciação científica, treze teses de doutoramento e mais treze de mestrado, tanto de alunos brasileiros quanto alemães, assim como publicações em revistas especializadas.
A partir de 1978 foi contratada como professora adjunta do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo atuado em vários cargos de direção (coordenação de Pós-Graduação e de assuntos de Extensão) assim como na coordenação de diversos projetos institucionais de pesquisa e montagem de laboratórios analíticos. Formou e consolidou um grupo de pesquisas sobre a Faixa Costeira que tem atuado no rastreamento da história geológica das terras capixabas e regiões vizinhas. Esse grupo tem focalizado, principalmente, a magmatogênese durante a evolução de cadeias montanhosas, desde a época em que o Brasil ainda fazia parte do paleo continente Rodínia até a consolidação do paleo continente Gondwana. Dessa pesquisa resultaram os primeiros mapas geológicos detalhados dos complexos ígneos do Espírito Santo e de suas rochas encaixantes. Tais estudos apontaram para a importância dos processos de mistura de magmas na geração de complexos granitóides. Os resultados práticos dessas pesquisas tem sido utilizados no mapeamento básico e na prospecção mineral.
A partir de 1989 o grupo de trabalho Espírito Santo iniciou, paralelamente, uma nova linha de pesquisa em geoquímica aplicada a áreas de proteção ambiental. Daí surgiram vários trabalhos de iniciação científica e seis teses de mestrado em cooperação com o Departamento de Geoquímica da Universidade de Utrecht, na Holanda. Os resultados dessas pesquisas vem sendo publicado nacional e internacionalmente.
Gisele Wiedemann, sua filha mais velha, é gemóloga e finaliza mestrado em Geologia / Sensoriamento Remoto, na Alemanha, em 1999. Daniel Wiedemann, seu filho mais novo, é bolsista de graduação em Lafayette / Pennsylvania / USA, onde termina o bacharelado em Língua e Literatura Inglesa/Americana e Artes Cênicas, também no ano de 1999.
Em 1998 casou-se com o Prof. Othon Henry Leonardos, membro titular desta Academia.
Atualmente está vinculada ao Departamento de Mineralogia e Petrologia da Universidade de Brasília, como professora visitante. Novas cooperações com instituições de ensino e pesquisa no Brasil (UFMG, UnB e UFRJ) vem possibilitando um trabalho voltado à integração e correlação de ambientes geológicos, focalizando a magmatogênese das faixas marginais ao craton de São Francisco: Araçuaí e sua junção com a faixa Ribeira e, posteriormente, comparação com a faixa Brasília.