Carlos Chagas Filho
(CHAGAS FILHO, C.)
Carlos Chagas Filho nasceu em 1910 no Rio de Janeiro, filho de Carlos Ribeiro Justiniano Chagas e Iris Lobo Chagas, ambos originários de Minas Gerais. Cursou o Colégio Resende e prestou exames prepartórios no Colégio Pedro II. Matriculou-se na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, atual UFRJ, em 1926. No segundo ano médico, trabalhou no Hospital São Francisco e também no Instituto de Manguinhos. Terminado seu curso em 1931, recebeu a Medalha Antonia Chaves Berchon des Essarts, concedida ao aluno com as melhores notas no decurso dos seis anos de Faculdade. A seguir, passou o ano de 1932 dirigindo o Hospital de Lassance, mantido pelo Instituto de Manguinhos, na terra onde seu pai descobriu a doença de Chagas. Em 1935 contraiu matrimônio com Anna Leopoldina de Mello Franco, tendo quatro filhas dessa união.
Em continuação, encaminhou-se para as carreiras básicas de Medicina Biológica, tendo trabalhado com Costa Cruz, M. Ozório de Almeida e Carneiro Felipe que provavelmente foi o mestre em ciências que mais o influenciou. Um ano após sua formatura, prestou concurso para a docência-livre de Física Biológica e passou a Assistente desta cadeira na Faculdade de Medicina. Com a morte do Prof. Lafayette Rodrigues Pereira, vagou-se a cátedra de Física Biológica e Chagas se apresentou ao concurso, do qual participaram 6 candidatos; tendo vencido as provas, assumiu o cargo de Professor Titular. Com recursos próprios, decidiu viajar à Europa, onde trabalhou com René Wurmser e Alfred Fessard em Paris e A.V. Hill na Inglaterra. À sua volta, dedicou-se à organização de um grupo de pesquisadores para o laboratório de Biofísica em que faria prevalecer seu lema “A Universidade é um local onde se ensina porque se pesquisa”. Em 1945, o laboratório veio a se transformar em Instituto de Biofísica e em pouco tempo, com a vinda ao Brasil de vários cientistas estrangeiros tornou-se um centro de estudos de renome, onde se realizaram vários colóquios e simpósios de nível internacional em que se destacaram aqueles cujo tema era a Bioeletrogênese. A partir da fundação do CNPq em 1951, teve participação ativa no Conselho Deliberativo. Participou, como Delegado do Brasil, na 1ª Conferência Geral da UNESCO em Paris, assim como na 2ª Conferência desta entidade realizada no México. A seguir, foi convidado para o Comitê de Pesquisa da Organização Pan-americana de Saúde em que atuou até 1962 e em 1963 organizou, como secretário especial, a 1ª Conferência das Nações Unidas para Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento.
Em consequência dos inúmeros sucessos obtidos, foi nomeado Presidente do Comitê Especial das Nações Unidas para Aplicação da Ciência e Tecnologia ao Desenvolvimento, função que exerceu por seis anos quando também fundou, junto com Abdus Salam, a “International Federation of Institutes for Advanced Sciences (IFIAS)”. Em 1966, foi nomeado Embaixador do Brasil junto a UNESCO. De 1965 a 1967 foi eleito Presidente da Academia Brasileira de Ciências retornando também à direção do Instituto de Biofísica que passou a levar seu nome.
Em 1972, Carlos Chagas foi nomeado pelo Papa Paulo VI, Presidente da Academia Pontifícia de Ciências, cargo que exerceu durante 16 anos, tendo organizado mais de 80 reuniões científicas em Roma, das quais participaram renomados cientistas.
Carlos Chagas Filho recebeu 16 títulos de Doutor Honoris Causa em Universidades nacionais e internacionais. No decurso de sua vida Acadêmica, recebeu 19 condecorações entre as quais Comendador-Ordre Nationale de la Légion d’Honneur – França (1979); é Membro, entre outras academias científicas, da Académie des Sciences de l’Institut de France.