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Ciências Agrárias | MEMBRO TITULAR

Ady Raul da Silva

(DA SILVA, A. R.)

08/02/1917
Brasileira
01/01/1900

Em toda sua carreira profissional como pesquisador usou a pesquisa e os princípios científicos como meio para serem alcançados objetivos de desenvolvimento da agricultura, especialmente visando tornar o País auto-suficiente em trigo. A ciência foi considerada como meio e não como fim.
Para colaborar no desenvolvimento da cultura do trigo adotou, o considerado verdadeiro na época (1938-1940), que os fatores limitantes eram as doenças conhecidas como ferrugens (Puccinias) e que a solução, era criar variedades resistentes, o que alcançou com a incorporação de resistência às variedades brasileiras, trabalho iniciado na Universidade de Minnesota (EUA) e que constituiu-se nas suas teses de Mestrado e Doutorado naquela Universidade. Uma das muitas variedades de trigo criadas, IAS 20, chegou a ocupar dois terços da área cultivada contribuindo para o sucesso da cultura num período crítico.
Acreditando na importância do melhoramento genético para resitência às doenças e que este deveria se basear no estudo da interação genética do hospedeiro e do patógeno, com o auxílio do CNPq, criou uma equipe e um laboratório para trigo, aveia, linho e feijão no Instituto Agronômico do Sul, do Ministério da Agricultura, em Pelotas, RS.
Reconhecendo que a região de clima temperado não poderia abastecer o Brasil, e a conveniência de diversificação das regiões produtoras, apoiou o desenvolvimento das pesquisas da cultura no Oeste e Norte do Paraná, Oeste de São Paulo e Sul do Mato Grosso do Sul que vieram a se tornar, na região maior produtora.
No Centro de Pesquisas dos Cerrados, da EMBRAPA desenvolveu pesquisas, demonstrando que nos cerrados pode-se produzir trigo, em culturas de sequeiro, e com irrigação, sendo que, neste último caso, não só os rendimentos são elevados e estáveis, como também é possível produzir trigo de qualidade idêntica aos melhores trigos corretores do mundo, produzidos no Canadá.
Constatou que os solos dos cerrados têm alumínio tóxico, apesar de seu baixo teor desse elemento, porque o teor de bases é muito baixo e, segundo Mohr, a relação alumínio/teor de bases é o que determina a toxidez.
Chamou a atenção para a tolerância ao alumínio tóxico que existe em numerosas plantas e propôs, no I Congresso Latinoamericano de Genética, em 1972, em São Paulo, que a inclusão desse fator fosse considerado como pesquisa prioritária para os solos tropicais que na sua maioria têm toxidez.
Descobriu que a esterilidade masculina do trigo é devida a uma interação de fatores de clima (temperatura e umidade relativa) e o boro, e que a aplicação desse elemento evita as perdas na produção, permitindo após isto, se cultivar o trigo com segurança no Centro do Brasil mesmo em baixas altitudes.
Descobriu que, pela translucidez, é possível separar as sementes de arroz vermelho, a pior invasora da cultura do arroz irrigado, das sementes das cultivares. Divulgada essa informação que não só permite ao produtor avaliar a presença da semente da invasora como também levou uma indústria a desenvolver uma máquina que separa as sementes das invasoras.
Quando diretor do Departamento Nacional de Pesquisas Agropecuárias, do Ministério da Agricultura, conseguiu mudar a diretriz de produção de sementes de atividade do Governo para particular, apenas fiscalizada pelos órgãos governamentais. Na mesma época criou e implantou a revista Pesquisa Agropecuária Brasileira, com as características de uma revista científica.
Atuou na transformação da Comissão de trigo do Ministério da Agricultura que inicialmente abrangia apenas a pesquisa e a assistência técnica, no equivalente ao hoje conhecido como Câmara Setorial, ao incluir o Banco do Brasil, o Ministério das Relações Exteriores, a Comissão da Marinha Mercante, a indústria moageira, a Federação das Cooperativas de Trigo, FECOTRIGO, os órgãos de planejamento econômico e os órgãos das Secretarias Estaduais de Agricultura. Suas conclusões e recomendações constituíram-se na base para a política de trigo nacional.
Coordenou e promoveu pesquisas para servirem de base à utilização das várzeas atuando no Programa Pró Várzeas do Ministério da Agricultura, incluindo as bases para o aconselhamento de como fazer a irrigação e do melhoramento para tolerância ao encharcamento.