Em sessão interativa, marcada por falas curtas, discussões em grupo, desenhos e performance sobre física quântica, representantes do Consórcio Internacional de Associações de Pessoal de Pesquisa (ICoRSA) e da Academia Mundial de Jovens Cientistas (Ways) aproveitaram a ocasião do Fórum Mundial de Ciência, realizado esta semana no Rio de Janeiro, para divulgar seu trabalho e recolher dicas de especialistas sobre como suceder no universo da pesquisa.
 
Lançado oficialmente este mês como uma organização sem fins lucrativos sediada na Irlanda, o ICoRSA é composto por associações nacionais e internacionais que representam os pesquisadores e visa garantir à comunidade científica global uma voz coletiva no delineamento de políticas voltadas à pesquisa e o devido reconhecimento de suas contribuições, recompensadas por uma carreira sustentável.
 
 
“Um pesquisador feliz é um pesquisador produtivo”, afirmou o engenheiro irlandês Gordon Dalton, presidente do ICoRSA, sintetizando a ideia por trás da organização, que reúne atualmente 18 associações. Este número, no entanto, deve crescer em breve. Segundo Dalton, muitas pessoas o procuraram no Fórum demonstrando interesse em criar entidades similares em seus países e em se juntar ao consórcio.
 
Já a Ways, criada em 2004 com o objetivo de capacitar jovens cientistas em todo o mundo e promover a excelência científica e práticas colaborativas, tem marcado presença nos Fóruns Mundiais de Ciência na Hungria e não foi diferente nesta sexta edição do Fórum realizada no Brasil. “Somos muito gratos às academias de ciência do Brasil e da Hungria por nos abrir esse espaço”, diz Mande Holford, uma das fundadoras da academia jovem e mediadora da sessão. “Esta é uma ocasião única, em que cada sessão há especialistas experientes em diversas áreas; é uma oportunidade de a gente saber dos experts como proceder com nossos projetos para que eles sejam bem-sucedidos, impactantes e sustentáveis.”
 
Com o foco em estudantes jovens e cientistas em início de carreira, a Ways, por meio da ação de vários voluntários e apoio de diversas instituições, principalmente da Unesco, busca identificar e ajudar talentos emergentes, em especial na África e na América Latina, para que estes possam ter uma carreira digna, seja na academia, na indústria ou onde quer que desejem se inserir, explica Mande. “Encorajamos atividades científicas do tipo faça você mesmo e fazemos de tudo para ajudar em seu sucesso.”
 
Na prática, a academia atua de maneira informal, como uma rede social global, na qual grande parte das trocas ocorre on-line, por meio da página da organização. O site funciona como uma plataforma em que os membros podem promover seus trabalhos e projetos, procurar ajuda e apoio, compartilhar ideias e informações, buscar oportunidades de emprego e desenvolver conhecimento sobre vários tópicos.
 
Cientista sobre rodas
 
O jovem cientista espanhol Javier Santaolalla Camino procurou a Ways porque está interessado em desenvolver atividades dinâmicas e criativas de divulgação científica e acabou sendo convidado para participar, de forma inusitada, do Fórum Mundial de Ciência. Javier encerrou a sessão promovida pela academia com uma performance sobre seu campo de pesquisa. Quebrou relógios e pisoteou-os com força para mostrar o que acontece com as partículas aceleradas em experimentos como o Grande Colisor de Hádrons, o LHC, no Centro Europeu de Energia Nuclear (Cern), na Suíça, onde fez seu doutorado.
 
O físico é um dos membros do grupo de monologuistas científicos The Big Van Theory, que faz sucesso na Espanha com apresentações divertidas sobre temas científicos realizadas em bares, teatros, museus, escolas, entre outros locais. O grupo, formado por 12 pesquisadores de diferentes áreas, se uniu no contexto do concurso de monólogos científicos FameLab, realizado pela primeira vez na Espanha este ano.
 
“Apresentei um vídeo falando sobre a física de partículas, mais ou menos o que apresentei aqui; o pessoal gostou e fui convidado para a final”, conta Javier. “Na final do concurso, conheci os outros finalistas. Gostamos da colaboração entre a gente e decidimos formar um grupo, independente do concurso, para fazer uma coisa parecida.” E assim foi. O objetivo do The Big Van Theory, segundo o físico, é divulgar a ciência e seus avanços recentes de forma divertida e compreensível, de modo a aproximar a ciência da sociedade.
 
Mas agora, para participar das apresentações do grupo na Espanha, Javier terá que cruzar o Atlântico. Ele está no Brasil há três semanas como bolsista de pós-doutorado do programa Ciência sem Fronteiras. Vai ficar três anos, trabalhando no Departamento de Física Nuclear e Altas Energias da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), sob orientação do físico Alberto Santoro, pesquisador colaborador do Cern.
 
Javier não descarta a possibilidade de criar algo na linha do The Big Van Theory no Brasil, mas ainda vê a questão da língua como um problema. “Não é a mesma coisa fazer em outra língua”, disse, em português claro.
 
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