Graduou-se em química (1952) pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da atual Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), especializou-se em mecânica analítica e estatística, radioquímica e química nuclear e em teoria da ligação química pela Universidade de São Paulo – USP (1954). Fez doutorado em química nuclear (1959) na Universidade de Cambridge, no Reino Unido. Suas pesquisas abrangem aplicações da correlação angular perturbada e do efeito Mössbauer ao estudo das transformações nucleares nos sólidos, observadas através das interações hiperfinas. Foi secretário de Ciência e Tecnologia do estado de Minas Gerais (1977-1979) e secretário de Tecnologia Industrial do Ministério de Indústria e Comércio (1979-1984). Foi ministro de Ciência e Tecnologia, entre os anos de 1992 e 1999. Foi embaixador do Brasil junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco de 2000 a 2003 e é um dos responsáveis pela criação do Comitê Gestor da Internet, em 1995. Foi presidente da ABC (1991-1993) em substituição ao presidente professor Oscar Sala, que se afastou por problemas de saúde. É professor emérito da UFMG. Foi condecorado com a Grã Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, foi condecorado com a Ordem Nacional da Legião de Honra (Ordre National de la Légion d’Honneur) da França (1996) e Cavaleiro Honorário Comandante da Divisão Civil da Ordem do Império Britânico (Knight Commander), Reino Unido (1997). Recebeu a Medalha de Honra da UFMG (2000), prêmio Bom Exemplo (2015) que valoriza ações e trajetórias em cidadania, cultura, educação, esporte, inovação e meio ambiente e destaca a personalidade do ano. Ganhou também a Medalha José Israel Vargas de Mérito em Pesquisa, UFMG (2018) e em 2020 ganhou o prêmio Destaques em governança da internet no Brasil, da UFMG.
[:en]Disponho de 30 a 40 linhas para resumir toda uma experiência de vida; claramente opto pelas coisas, pessoas e terras ligadas ao sentimento. Inicialmente algumas considerações acadêmicas: completo o bacharelado em Química na UFMG no ano de 1952. A etapa natural seguinte seria completar o PhD e para isto a escolha recaiu sobre a Universidade de Cambridge, tendo a tese sido defendida em 1959. Desenvolvi como físico vários trabalhos versando sobre as aplicações da Correlação Angular Perturbada e do efeito Mössbauer (tão caro ao meu amigo Jacques Danon) ao estudo das transformações nucleares nos sólidos, observadas através das interações hiperfinas. Em conseqüência destas atividades de pesquisa e orientação de teses, decidi aceitar em 1962 a direção do Instituto de Pesquisas Radioativas da UFMG, assim como desenvolvi minhas atividades de Professor Catedrático da UFMG e em 1989 esta Universidade, reconhecendo estes esforços, distinguiu-me com o título de Professor Emérito. O interesse por estes temas de pesquisa levou-me de 1966 até 1972 a colaborar na construção do laboratório de interações hiperfinas no Centro de Estudos Nucleares de Grenoble; desta época nasceram a admiração e as desafiantes discussões com Louis Neel, experiências que até hoje me acompanham, e os problemas por ele levantados, transformaram as soluções que propuz em patentes. Mais tarde, de 1975 a 1977 foi possível apoiar o desenvolvimento do CETEC e finalmente de 1977 a 1979 dirigir a Secretaria de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, atividades estas que eu chamaria das minhas contribuições à Ciência em Minas Gerais e onde pude conviver com pessoas que se tornaram de grande relevância para mim. Ainda no trabalho acadêmico, recentemente, por influência dos trabalhos de Marchetti, decidi realizar uma intensa atividade em modelagem de sistemas econômico-sociais particularmente sistemas tecnológicos. Paralelamente a isto e em conseqüência, desenvolvi um grande esforço no estabelecimento de uma política energética e análise dos sistemas correpondentes.
Uma necessidade de aprimorar uma visão abrangente, que cresceu ao longo de todas estas experiências, me levou à UNESCO e à luta pelas liberdades (na pessoa de Sakharov), mais tarde ao projeto de reconstituição da Biblioteca de Alexandria em 1989 e ao trabalho no Comitê de Assessoramento Científico da América Latina de 1992 até hoje, assim como fazer parte do Conselho da VITAE. Inútil dizer que a partir de 1975, no ambiente estimulante da ABC de um Aristides Pacheco Leão, de um Maurício Peixoto, para citar apenas seu Presidente Emérito e o amigo e presidente durante vários anos, foi possível encontrar inspiração e apoio para dar uma contribuição à Ciência em geral, até como Ministro de Estado.