Leia a coluna do Acadêmico Hernan Chaimovich publicada em 20 de março no Jornal da USP:

Para compreender a carreira científica da doutora Maud Leonora Menten (1879–1960) em tempos misóginos, é “mister” descrever, em algum detalhe, a sua vida profissional, pois diversos episódios mostram cristalinamente as dificuldades de uma mulher na academia. Neste texto vou me referir a dra. Menten como Maud. Não se trata de desrespeito, muito pelo contrário, a minha imersão na sua vida e nos seus trabalhos científicos tornaram-me um admirador e, sob o peso da sua obra, um amigo.

Pouco se sabe a respeito da família e a sua infância no Canadá. A família Menten se mudou para Harrison Mills, onde a mãe de Maud trabalhava como encarregada da agência local dos correios. Após completar o ensino médio, Maud foi para a Universidade de Toronto, onde obteve um BA (Bachelor of Arts) em 1904 e o mestrado (MSc) em fisiologia em 1907. Em janeiro de 1906 a jovem Maud publica o primeiro trabalho científico, indexado na Web of Science, que trata da distribuição de íons nas células nervosas, um tema de pesquisa relevante até hoje.

Apesar das recomendações e do seu título, Maud não consegue emprego acadêmico no Canadá por ser mulher e emigra para os Estados Unidos, onde é contratada como assistente de pesquisa no Instituto Rockefeller entre 1907–1908. Ela é coautora de um trabalho que trata do uso de material radioativo no tratamento de câncer, primeira monografia publicada por esse Instituto. Entre 1910 e 1912 teve bolsa de pesquisa na Western Reserve University. Em 1912 publica um trabalho como única autora relacionado com o transporte de íons no sistema nervoso. Em 1911 retorna ao Canadá onde, na Universidade de Toronto, obtém o doutorado em medicina, sendo a primeira mulher a receber esse título.

Ainda sem trabalho no Canadá, volta à Western Reserve University nos Estados Unidos, onde começa a sua paixão pela bioquímica. Com recursos próprios, viaja para a Alemanha, para trabalhar com um dos bioquímicos de ponta da época, Leonor Michaelis (1875–1949). A trajetória do Michaelis merece um artigo separado pois, apesar da sua importante contribuição à ciência, nunca teve posição acadêmica no seu país, em boa parte por ser judeu.

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Leia a coluna completa no Jornal da USP.