Foi em um típico domingo de sol carioca — com a temperatura beirando os 35°C —, em breve passagem pelo Rio, que Nísia Trindade, a primeira mulher na história do Brasil a assumir o Ministério da Saúde (criado em 1953), conseguiu abrir espaço na agenda para esta entrevista. Nascida e criada no Catete, a ministra, de 65 anos, recebeu a Revista ELA no seu apartamento, em Copacabana, onde mora. Ali, concedeu quase duas horas do seu bem mais precioso dos últimos meses: o tempo. “Desde novembro, ao entrar no grupo de transição do governo Lula, suspendi minhas atividades físicas, interrompi a análise. Na verdade, parei com tudo. Em Brasília, chego ao Ministério às 8h30m e saio às 21h. A rotina é quebrada constantemente, há muita coisa a ser feita”, conta.

Dona de uma fala pausada, em que as palavras são criteriosamente selecionadas, de um jeito sereno, e ao mesmo tempo firme, Nísia tem uma trajetória de pioneirismo. Graduada em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), fez mestrado em Ciências Políticas e doutorado em Sociologia. Pesquisadora premiada, apaixonou-se pela área de saúde na década de 1980 e construiu a carreira na Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz): em 1998, tornou-se diretora da Casa de Oswaldo Cruz, unidade voltada para pesquisa e memória em ciências sociais, história e saúde, participou da concepção do Museu da Vida e também atuou como vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação. Em 2017, Nísia foi eleita presidente da centenária fundação, a primeira mulher a ocupar o cargo máximo. Durante a gestão, enfrentou o drama da pandemia da Covid-19, o maior colapso sanitário e hospitalar da História do Brasil. No dia 2 de janeiro deste ano, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tomou posse na Saúde.

Na semana em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres e em sua primeira grande entrevista desde que assumiu o Ministério, Nísia enaltece figuras femininas que a antecederam, discorre sobre os imensos desafios de sua gestão e também fala dos filhos, Márcio e André, do único neto, Bento, e do companheiro, o historiador Antonio Herculano Lopes. Confira os melhores trechos.

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Leia a entrevista completa em O Globo.