Aos 35 anos, Elisama Vieira já é uma cientista premiada: em 2016, foi reconhecida com o prêmio Para Mulheres na Ciência L’Oréal-Unesco-ABC; em 2020, recebeu o Prêmio de Eletroquímica Ambiental pela Sociedade Internacional de Eletroquímica (ISE, na sigla em inglês).

Durante a infância, vivida no pequeno município de Japi, no Rio Grande do Norte, Elisama se divertia com a irmã mais nova, brincando de ser professora, ou seja, já exercitando sua vocação. Mais velha de três irmãos, o maior exemplo para seguir na carreira acadêmica estava dentro de casa, dado que seus pais eram professores de escola pública: a mãe de português, o pai, de matemática. “Eu recordo muito bem da presença dos nossos pais nos acompanhando nos estudos. Eles nos dedicavam tempo”, apontou

Elisama iniciou a graduação em química na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, (UFRN) em 2005, um período marcado por pessoas especiais, que a incentivaram a cada conquista. No quinto período, ingressou na iniciação cientifica no laboratório da professora Nedja Suely Fernandes, onde a estudante teve seu primeiro contato com pesquisa e adquiriu a firme convicção de que trabalharia com ciência.

Após o término da graduação, em 2009, Elisama Vieira iniciou o mestrado, também na UFRN e sob orientação da professora Nedja. Dessa vez, desenvolveu pesquisa na área de eletroquímica e detecção de metais. “Eu estava fascinada pela possibilidade de propor problemas ambientais e solucioná-los utilizando os conhecimentos da química”, lembra Vieira. Dois anos depois, a cientista ingressou no doutorado e cursou parte dele na Universidad de Castilla-La Mancha, na Espanha. Durante este período, ela trabalhou com a área na qual se mantém até hoje: processos eletroquímicos para remoção de contaminantes em água e solos.

Apaixonada por sua área de atuação, Vieira afirma que é encantada pela forma como a eletroquímica transita pela química, biologia, física, engenharia e por outras área. Para ela, um dos pontos altos da ciência é a sua aplicabilidade para solucionar problemas da nossa sociedade e propor mecanismos ou tecnologias com foco na sustentabilidade. Professora da Escola de Ciências e Tecnologia da UFRN desde 2016, seu grupo de pesquisa vem dando sequência a temática do doutorado de Vieira, investigando o desenvolvimento e aplicação de processos eletroquímicos para tratamento de água e solos contaminados, através da combinação de pesquisa fundamental e aplicada.

Outra área de interesse da Acadêmica é a produção de oxidantes e valorização de resíduos para produção de compostos orgânicos de alto valor agregado. Tais compostos tem uma aplicação em diferentes segmentos industriais. A geração de energia limpa tem sido também uma das áreas de aplicação, destacando a produção de hidrogênio verde a partir de efluentes contaminados, empregando processos eletrolíticos para a sua produção.

Sobre a afiliação com a ABC, Vieira se diz empolgada e honrada. “Considero esta uma grande responsabilidade e uma injeção de ânimo para seguir em frente e continuar contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa e da formação de recursos humanos no Brasil”, define. Para os próximos quatro anos em que permanecerá na Academia, a pesquisadora pretende contribuir com a defesa da ciência brasileira por meio do diálogo com a sociedade e buscando incentivar a participação de mulheres nas áreas das ciências exatas e das engenharias.

Quando não está em busca de novas descobertas, Elisama Vieira aproveita o tempo livre para curtir a família e acompanhar o desenvolvimento da filha, Milena. Também gosta de viajar e conhecer novas culturas. Quando ao vivo isso não é possível, mergulha nos livros e filmes para se transportar a outras realidades.