Na quarta-feira, dia 20/10, os participantes do grupo de Pesquisas Paleontológicas no Continente Antártico (Paleoantar) apresentaram um estudo inédito sobre os primeiros registros de incêndios florestais na Antártica ocorridos há milhões de anos. A coletiva de imprensa Paleoincêndios na Antártica contou com a presença de diversos pesquisadores do projeto, entre eles, o Prof. Alexander Kellner (membro titular da ABC e diretor do Museu Nacional/UFRJ), Flaviana Lima (Professora da Universidade Federal  Pernambuco/UFPE) e Juliana Sayão (membro afiliada da ABC para o período 2014-2018 eprofessora da seção de museologia do Museu Nacional/UFRJ). O estudo é a mais nova publicação do periódico Polar Research.

A Antártica é um dos lugares mais inóspitos do planeta, mas, ao mesmo tempo, possui um grande potencial para descobertas científicas. De difícil acesso e com condições climáticas extremas, esse continente tem sido alvo cada vez mais constante de pesquisas brasileiras, nas mais diferentes áreas do saber, por intermédio de projetos submetidos ao Programa Antártico Brasileiro (Proantar). Entre esses está o Paleoantar, que procura entender como se deu a modificação da fauna e flora antárticas ao longo do tempo, na escala de milhões de anos.

Tamanho do fóssil em comparação com uma moeda de 1 real

Durante os últimos anos, o projeto tem se ocupado de pesquisar a origem dos intensos incêndios florestais ocorridos durante o período Cretáceo (75 a 80 milhões de anos atrás). O principal material utilizado para análise são exemplares de carvão coletados a partir dos troncos fossilizados – que chamaram a atenção por se tratarem de plantas com características de carvão vegetal, embora desgastadas pelo tempo de exposição.

A descoberta reportada pelo projeto Paleontar indica que possivelmente os incêndios florestais não devem ter sido raros no final do período Cretáceo, há 75 milhões de anos, em regiões continentais situadas ao extremo sul.  Mesmo que não seja fácil afirmar com certeza o motivo dos incêndios tendo apenas material fossilizado como base, infere-se que muitos tenham sido causados por relâmpagos, como ocorre atualmente nos incêndios provocados por causas naturais. Na publicação recente, os pesquisadores expõem a origem do primeiro registro de incêndio na Ilha James Ross, na península Antártica. Leia o artigo completo aqui.

“A Antártica contém, em suas camadas, alguns dos principais segredos da evolução da vida no nosso planeta. E justamente para entender a diversificação dos ecossistemas que realizamos estudos nesse local”, justifica Kellner. “Esse trabalho que acaba de ser publicado mostra como a variação, em termos ambientais, pode afetar os animais e as plantas.”

Mais informações sobre descobertas da paleontologia podem ser conferidas na coluna Caçadores de Fósseis, do Ciência Hoje.