A Academia Nacional de Medicina (ANM), a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Rede Vírus do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) lançaram documento com diretrizes para o desenvolvimento de novas vacinas contra Covid-19, em simpósio virtual na ANM, realizado no último dia 23. Na ocasião, o presidente da ANM, Rubens Belfort Jr., abriu o evento declarando que foi um desafio designar um grupo de especialistas de grande capacidade e expertise para elaborar, em tempo reduzido, as diretrizes para o desenvolvimento de vacinas brasileiras contra o coronavírus. 
O presidente da ABC, Luiz Davidovich, enfatizou que essa cooperação entre as academias é extremamente importante para o avanço do país, transmitindo informações cientificas para a população e para o governo. “Esse é nosso dever de casa”, ressaltou Davidovich.
“Atualmente temos quatro vacinas protocoladas na Anvisa para o início dos ensaios clínicos em pacientes. Essas vacinas em estudo têm várias tecnologias e plataformas que ficam disponíveis também para o enfrentamento de doenças negligenciadas como Dengue, Zika, Chikungunya  e outras mazelas virais”, destacou o acadêmico Marcelo Morales, Secretário de Pesquisa e Formação Científica  do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações (MCTI).
Morales ainda discorreu sobre a Rede Vírus, que é uma estratégia para o enfrentamento de viroses emergenciais no país. Segundo ele,  a rede foi montada para possibilitar o sequenciamento em larga escala de vírus no território nacional; monitorar o aumento da segurança em laboratórios; possibilitar a efetivação dos ensaios clínicos; acompanhar o reposicionamento de drogas, entre outras ações.
A equipe responsável pela elaboração do documento foi coordenada por Mauro Martins Teixeira, da UFMG; e os integrantes: Esper Georges Kallás Filho, da USP, Manoel Barral Netto, da Fiocruz BA, e os acadêmicos Marcello André Barcinski e Patrícia Reiken Macêdo Rocco, ambos da UFRJ que, segundo o presidente Belfort Jr. fizeram toda diferença para elaboração do documento. 
Segundo Martins Teixeira, esse é um documento das academias que visa contribuir para o debate nacional de como desenvolver novas vacinas no contexto da Covid-19. E revela que o documento foi construído a seis mãos. 
“Eu tive o prazer de coordenar e trabalhar junto com pessoas excepcionais. O documento considera a relevância da pandemia; a importância das vacinas no controle das formas graves a doença; a diminuição da circulação do vírus, especialmente, quando há uma grande quantidade de pessoas vacinadas”, sintetizou.
Para o coordenador das diretrizes, tudo está acontecendo simultaneamente num momento que temos várias vacinas eficazes, mas desenvolver novas vacinas é questão de segurança nacional. E lançou um questionamento. Por que novas vacinas?
“É importante que a gente gere muito conhecimento para conseguirmos lidar de forma madura com os desafios que estão acontecendo nesse momento e que irão acontecer daqui para frente,” desabafa Teixeira.