Matéria de Gabriel Alves para Folha de S. Paulo, publicada em 17/1, destaca depoimentos do presidente da ABC, Luiz Davidovich, e de outros Acadêmicos:

Na média global, desde o começo do século 20, a expectativa de vida ao nascer mais do que dobrou, chegando hoje a 71 anos. Grande parte dessa melhora se deve às dezenas de vacinas desenvolvidas desde então, que achataram principalmente os índices de mortalidade infantil.

Doenças como poliomielite (paralisia infantil) e sarampo já são muito mais raras do que antigamente (apesar do esforço de movimentos antivacina em denegrir a imagem dos imunizantes), e há até exemplos de erradicação, como o da varíola, que se propagava pelo ar e matava 30% dos contaminados.

A Covid-19, com cerca de 2% de letalidade nos casos detectados, não é nenhuma varíola, mas mesmo assim já fez bastante estrago: são mais de 2 milhões de mortes em todo o mundo, e 10% disso só no Brasil.

Diante de um cenário em que a rotina foi virada de ponta-cabeça, a economia foi golpeada e nem a saúde mental foi poupada, as vacinas contra o novo coronavírus surgem como uma esperança de regresso, ao menos em parte, àquilo que um dia foi a normalidade.

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No momento as duas vacinas mais próximas da população brasileira são a Coronavac, desenvolvida pela parceria entre a chinesa Sinovac e o Instituto Butantan e o fármaco da parceria Universidade de Oxford/AstraZeneca, com participação da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Contando apenas essas duas, haverá cerca de 150 milhões de doses, o suficiente para imunizar (com duas doses) 35% da população brasileira.

“É um ato de respeito com você mesmo, mas especialmente um ato de respeito com o próximo. Pensando em você, todas as vacinas aprovadas pela Anvisa reduzem muito o seu risco de adoecer. Pensando no coletivo, quanto mais gente se vacinar, menos o vírus consegue circular”, explica Pedro Hallal, reitor da UFPel e coordenador-geral da pesquisa de prevalência do coronavírus no Brasil, [membro afiliado da ABC 2008-2013].

“Imagine o remorso de se sentir culpado se alguém próximo for infectado, e, pior ainda, morrer. O que se perde ao não se vacinar é muito. Vacine-se, se não for por você, que seja pelos seus amigos, sobretudo os de mais idade. Você deve se vacinar porque é a coisa certa a se fazer”, diz Luiz Eugênio Mello, neurocientista da Unifesp e diretor científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). [É membro titular da ABC].

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A gravidade do cenário atual, com falta até mesmo de oxigênio para alguns doentes, tem de servir de motivação para que seja implementada uma estratégia de convencimento da população sobre a necessidade da vacina, avaliam os cientistas.

“O aumento dramático do número de casos graves e mortes já era previsto há algumas semanas devido ao afrouxamento de medidas restritivas e à desorientação do governo federal, que nega as recomendações da ciência, obriga o SUS a receitar medicamentos ineficazes e atrasa a vacinação. A única solução para debelar a pandemia é ter uma vacinação em massa, com máxima urgência, de modo a evitar mortes e dificultar a propagação do vírus”, afirma Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências.

Leia o texto na íntegra na Folha.