Leia esta matéria de Nícolas  Paulino para o Diário do Nordeste, publicada em 17/10:

O estudante cearense de licenciatura em Física, Emanoel Lima, de 21 anos, mal podia acreditar no pacote volumoso que recebeu em Sobral, na última quinta-feira (15). Eram os quatro volumes da coleção de Física Básica do professor Moysés Nussenzveig, paulista autor de livros didáticos adotados no Brasil e ídolo pessoal do estudante. A “encomenda” chegou após trocas de mensagens em uma rede social, desde o dia 3 de janeiro, procurando apoio para os estudos na área.

Nussenzveig tem 87 anos e é professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Para Emanoel, com um grande abraço”, autografou o estudioso na folha de rosto dos livros.

Depois de ter o pedido de conexão aceito, Emanoel conta que “criou coragem” e escreveu para o filho de Moysés, o também físico Paulo Nussenzveig, professor titular no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), pedindo livros para estudar. Podiam ser até mesmo “muito usados”, lembra o estudante. Ele se aproximou da matéria no fim do Ensino Médio, após aulas de termodinâmica.

As surpresas não pararam quando Paulo garantiu que enviaria o material – mesmo sem Emanoel saber quais livros receberia. No meio do caminho, teve uma encomenda devolvida por erro no endereço – “na pressa, mandei o número da casa ao lado”, lembra o estudante – e a pandemia da COVID-19.

A solução foi o intermédio do professor Antonio Gomes de Souza Filho, do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC) [também membro titular da ABC]. Ele recebeu o pacote em Fortaleza e o encaminhou para um escritório de contabilidade em Sobral, onde o estudante foi buscar.

“Achei muito simbólico ter chegado no Dia do Professor”, afirma Emanoel, que é natural de Ubajara, a 120 km de Sobral, e vem de umafamília de 10 irmãos. Estudante de escola pública, ele foi o primeiro deles a adentrar numa universidade. Antes de ingressar numa república com outros cinco estudantes, em Sobral, ele fazia viagens de duas horas de ônibus entre as duas cidades – por vezes, saindo na madrugada e chegando no fim da noite.

Leia a matéria na íntegra.