O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, participou de um encontro promovido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e a Fundação Santillana, no dia 10/9, sobre o tema “Produção, acesso e governança do conhecimento”. Um dos objetivos do evento é cultivar debates e novas ideias para a educação do futuro, que devem integrar um novo documento produzido pela Unesco sobre o tema.

Compuseram a mesa de debate com o presidente da ABC a diretora-presidente do Centro de Inovação para Educação Brasileira (CIEB), Lúcia Delagnello; Timothy Ireland, coordenador da Cátedra da Unesco para a Educação de Jovens e Adultos (Cátedra Unesco EJA); e Rosane da Silva Borges, jornalista e pesquisadora colaboradora do Centro Multidisciplinar de Pesquisas em Criações Colaborativas e Linguagens Digitais da Universidade de São Paulo (Colabor/USP). O evento contou com a apresentação de Marlova Noleto, diretora e representante da Unesco no Brasil, e André Lázaro, diretor de políticas públicas da Fundação Santillana no Brasil.

Davidovich identificou alguns dos principais desafios enfrentados pelo Brasil e compartilhados por outros países que impedem o avanço não apenas da educação, como da ciência e da promoção do conhecimento. “Temos muito a progredir, melhorar o acesso ao ensino superior e à educação como um todo. No Brasil, mais da metade da população tem formação inferior ao ensino médio”, apontou. Segundo o presidente da ABC, a realidade brasileira, em especial, carece de mais investimentos em educação, ciência, tecnologia e inovação (CT&I), tendo uma proporção de pesquisadores menor do que outros países e com imensa desigualdade socioeconômica, que impede o acesso a oportunidades. A ABC participa de uma iniciativa importante, citada pelo presidente, pelo descontingenciamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e a correta destinação dos recursos públicos para CT&I.

“A ABC tem atuado no campo educacional com propostas de políticas públicas para repensar a educação técnico-científica, o ensino médio, o ensino superior, além de propor estratégias de investimento para a ciência no Brasil”, disse Davidovich. Alguns dos documentos citados pelo presidente da ABC durante a palestra são “Desafios para a Educação Técnico-Científica no Ensino Médio“, “Repensar a Educação Superior no Brasil” e “Projeto de Ciência para o Brasil” –  todos disponíveis gratuitamente.

A diretora-presidente do CIEB, Lucia Dellagnelo, apontou a desigualdade como uma das barreiras para o acesso à educação e à possibilidade de acesso ao conhecimento. “Cerca de 25% dos brasileiros não sabem utilizar a internet e, com isso, não têm acesso a direitos básicos”, afirmou ela. Ao falar em desigualdades, Dellagnelo ressaltou que a pandemia revelou a necessidade de criar escolar conectadas e incluir alunos e professores no meio digital.

Para Timothy Ireland, o futuro da educação precisa reconhecer as diversidades de contextos e culturas para o avanço do conhecimento. “A educação faz parte da nossa estratégia para a sobrevivência e todos tem o direito de ter acesso ao conhecimento e coexistir”, disse o pesquisador.

A jornalista Rosane Borges vê na educação uma forma de combater as desigualdades. “É uma categoria nuclear e fundamental para o bem-estar dos indivíduos e das sociedades. A educação é o vínculo com o que nos faz humanos”, pontuou.

O debate e as contribuições de cada participante devem fazer parte de um documento que será lançado em 2021 por uma comissão internacional coordenada pela Unesco. A ideia é de que o documento sirva como agenda para o debate político e para a transformação dos sistemas educacionais em todo o mundo. Para saber mais, acesse a página da iniciativa.