Leia a matéria de Raphael Kapa para o jornal O Globo, publicada em 5/8:

Há quatro meses, o doutor em epidemiologia Pedro Hallal [ex-membro afiliado da ABC 2008-2013] luta em duas trincheiras. A primeira é a da pesquisa, à frente do Estudo de Prevalência da COVID-19 (Epicovid-19), o maior levantamento nacional sobre a propagação do novo coronavírus, que monitora letalidade e perfil de sintomas em 133 cidades por meio de testes de anticorpos e entrevistas. A segunda é a da defesa da ciência como política pública, diante da redução de investimentos e de ataques dos negacionistas.

Reitor da Universidade de Pelotas, Hallal atendeu a um convite do governo do Rio Grande do Sul em março e aceitou coordenar um estudo estadual da doença. Logo o vírus soaria o alarme no país e a pesquisa ganharia alcance nacional, com recursos federais. Os agentes saíram a campo e enfrentaram desde agressões a prisões pela polícia, percalços dignos dos vividos pelo sanitarista Oswaldo Cruz no início do século XX. Agora, o Epicovid-19 tenta recompor verbas para continuar depois que o Ministério da Saúde anunciou a não renovação do apoio.

O Ministério da Saúde não renovou o financiamento nacional da pesquisa. Como isso afeta as próximas fases?

O Epicovid do Rio Grande do Sul (RS) é todo custeado com recursos da sociedade civil. Aproveito para agradecer aos financiadores. Já o Epicovid-19 BR foi inicialmente financiado pelo Ministério da Saúde, por três fases. Após a apresentação dos resultados, o ministério optou por não financiar novas fases da pesquisa, uma decisão que não se sustenta por nenhum critério técnico ou científico, só podendo ter motivação política.

Como pesquisas como a sua podem ajudar em políticas públicas mais imediatas?

Um compromisso que assumimos desde o início do Epicovid-19 foi o de disponibilizar os dados para a população o mais rápido possível. Claro que algumas análises científicas mais complexas, que exigem modelos estatísticos sofisticados, estão sendo preparadas com mais calma. Mas, pelo menos os números mais descritivos do estudo, os que realmente importam para a população, esses estão sendo divulgados logo.

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