A comunidade científica mundial está trabalhando ativamente para desenvolver vacinas para a Covid-19. Segundo a Organização Mundial da Saúde, são 163 produtos em desenvolvimento, incluindo estudos de vacinas e medicamentos como profiláticos, sendo 140 em Fase pré-clínica in vivo, 10 em Fase 1, 10 em Fase 2 e 3 em Fase 3. Essa intensa atividade de pesquisas levou ao desenvolvimento destas candidatas a vacinas em tempo recorde, o que é absolutamente incrível e sem precedentes, mostrando uma coordenação global fantástica entre os cientistas.

O sucesso está garantido? A primeira vacina será a melhor? Precisaremos de mais do que uma vacina para nos tirar dessa pandemia? Não sabemos ainda, são muitos os desafios, otimismo é bom, cautela também.

Inicialmente, as candidatas a imunizantes passam por avaliação preliminar de Fase 1 em pequeno grupo de voluntários saudáveis soronegativos (que nunca contraíram Covid-19), monitorados de perto e onde se avalia a segurança (potencial de gerar efeitos colaterais adversos) e a imunogenicidade (capacidade de a vacina gerar imunização, uma resposta do nosso sistema de defesa). No caso de bons resultados, seguem para estudos clínicos de Fase 2, com centenas de participantes que nunca contraíram a Covid-19, coletando mais informações sobre segurança, doses, horários, modos de administração e imunogenicidade. Os voluntários são escolhidos de forma randomizada (aleatória) e são bem controlados, podendo incluir pessoas de grupos de risco ou com comorbidades. Se bons resultados são obtidos na Fase 2, as candidatas seguem para a Fase 3, que envolve ensaio com milhares de indivíduos de vários países, maior universo de pessoas (jovens, adultos, idosos ou imunocomprometidos) e pessoas agora expostas a ambientes com vírus circulante. Nesta fase, as vacinas precisam fornecer uma avaliação definitiva da eficácia e resposta de proteção, segurança e prever eventos adversos. O nível de exigência é elevado, segue protocolos rígidos, mas se a vacina se mostra segura e eficiente, é aprovada e após registro (no Brasil na Anvisa pode ser produzida em larga escala e distribuída para a população.

No Brasil temos duas vacinas em estágios mais avançados de Fase 3. A vacina de Oxford (ChAdOx1 n-CoV-19) usa como plataforma um adenovírus de chipanzé, um vírus que causa resfriado e é geneticamente modificado para se tornar mais fraco, uma versão atenuada, não infecciosa e incapaz de se replicar no corpo humano. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), maior instituição de ciência e tecnologia brasileira na área da saúde, por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) vai contribuir para a produção dessa possível primeira vacina no Brasil em colaboração com a Universidade de Oxford, que desenvolveu o imunizante e o laboratório AstraZeneca, que detém o licenciamento. O Ministério da Saúde assumiu o risco e está investindo na compra de 30,4 milhões de doses da vacina e da transferência da tecnologia, que poderá ser útil para outras doenças na produção de imunizantes, mesmo com o risco de resultado negativo de eficácia nos estudos para a Covid-19.

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