Leia artigo do Acadêmico Virgilio Almeida, professor associado ao Berkman Klein Center da Universidade de Harvard e ex-secretário dos ministérios do Meio Ambiente e Planejamento, e Francisco Gaetani, professor e ex-presidente da Escola Nacional de Administração Pública (Ebape), publicado no Valor Econômico em 17/6:

Os novos sinais dos tempos se encontram cada vez mais visíveis. Estamos entrando numa fase pós-pandemia, onde protocolos, padrões e algoritmos – cada vez mais interconectados – serão parte do dia-a-dia das pessoas, empresas e governos. A pergunta que precisa ser respondida é: quais os impactos sociais e econômicos dessas novas realidades sobre nossos cotidianos?

A pandemia global decorrente da eclosão do coronavírus acelerou algumas tendências, desacelerou outras e iniciou algumas novas. A transformação digital ganhou uma importância extraordinária. O setor cresce a taxas de dois dígitos em um momento em que o PIB regride gravemente. A motivação para o novo impulso é óbvia: a pressa em “despresencializar” tudo que for possível e de fomentar a chamada “low touch economy”, que minimize o toque e o contato físico das pessoas entre si e com objetos que possam transmitir o vírus.

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Estes três caminhos – protocolos, padrões e algoritmos – estão reconfigurando nossos cotidianos, nossas atividades profissionais e nossos modos de vida. A vida agora é, cada vez mais, parametrizada, de uma forma ou de outra. Nossa vida mudou, à nossa revelia, queiramos ou não, concordemos ou não. A tecnologia seguirá avançando independentemente de nossas mazelas. O resultado de tudo isso será a aceleração da automação da vida e da economia do país, com consequências que precisam ser discutidas pela sociedade.

O desafio maior é alinhar o avanço tecnológico ao combate às deficiências que ficaram expostas e visíveis durante a quarentena como as desigualdades sociais e as problemáticas urbanas. Precisamos repensar nossa noção de pertencimento. O interesse público e a solidariedade são valores que deveriam fazer parte da revolução digital que se acelerará no país. Ou não. Dependem de nossas escolhas.

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Estão na ordem do dia três debates muito importantes para a modelagem de nossa nova realidade. O primeiro trata dos potenciais limites da liberdade de expressão nas redes – combate às práticas de discurso de ódio e suas consequências. O segundo foca no eventual trade-off entre segurança sanitária e direito a privacidade – relacionado com a questão do rastreamento. O terceiro é relacionado com as discussões e os protestos globais contra o racismo – humano e digital. Todos os três são diretamente afetados pela trilogia dos protocolos, padrões e algoritmos.

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