Leia o artigo da diretora da ABC Márcia Barbosa e do membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) Alan Alves Brito, ambos professores do Instituto de Física da  Universidade Federal do Rio Grande do Sul  (UFRGS), publicado no blog Ciência & Matemática, do Acadêmico Claudio Landim, no jornal O Globo, em 15/6:

Bruna Magno é negra e estudante de graduação em matemática. É comum Bruna se sentir transparente aos olhos de colegas e professores. Ao se sentir mal na universidade foi atendida na enfermaria. Lá lhe perguntam se ela era funcionária da limpeza.

Alan Brito é negro e docente e pesquisador em astronomia. Ele está na frente da cancela para entrar na universidade onde leciona. O funcionário em tom inquisitivo e olhando fixamente o cabelo crespo de Alan, diz: “Mano, para entrar aqui tem que ter selo”. O referido selo estava visível. Alan consegue entrar e vai buscar a chave da sala de aula. Ao solicitar a chave o porteiro responde: “Você não está permitido ir para a sala; tem que esperar o professor chegar”. Consegue a chave, abre a porta, prepara o datashow para a aula e ouve de um aluno: “ O professor não vem?” Inicia a aula e no meio de um debate sobre o sistema planetário uma estudante diz: “ A sua presença me incomoda; a sua voz, a sua fala; tudo em você me incomoda; eu não sei o porquê, mas eu não gosto de você”. Alan interrompe a apresentação sobre astronomia e dá uma aula sobre diversidade racial.

Zelia Ludwig é negra, docente e pesquisadora em física. Ela sobe ao palco de um evento que reúne o mundo acadêmico ao mundo corporativo como cientista e mulher. Após a fala, que é aplaudida entusiasticamente, é procurada por profissionais negros e negras que assistiam ao evento e dizem para ela se sentindo empoderados: “Sempre estamos na plateia, hoje estivemos no palco.”

Os negros e as negras compõe segundo o IBGE 56% da população brasileira. Esta parcela significativa da população está mais sujeita à violência, como no caso do assassinato da vereadora e ativista dos direitos humanos Marielle Franco, e ao descaso social, como no caso da morte por queda do nono andar de um edifício de Miguel, um menino de cinco anos que fora deixado aos cuidados da patroa de sua mãe. Mas, como mostra história de Alan, a violência contra os negros não se restringe à violência física

O racismo que assassinou Marielle Franco e desperdiçou a vida do menino Miguel é um vírus danoso que precisa ser removido da estrutura social. Para ele, a vacina é a educação e a cura é um antirracismo permanente. Vidas negras importam e geram inovação.

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