Frente do Museu Nacional/UFRJ, com estátua de D. Pedro II, o patrono da ciência no Brasil.

Leia artigo do diretor do Museu Nacional, o Acadêmico Alexander W. A. Kellner, que também é o editor-chefe dos Anais da ABC (AABC):

O aniversário da instituição científica mais antiga do país sempre deve ser visto como um motivo de muita alegria, ainda mais quando se trata de um museu. O dia da fundação do Museu Nacional, 06 de junho – que bem que poderia entrar no calendário de datas comemorativas nacionais -, de certa forma marca o surgimento da ciência no país. É uma ocasião especial para quem atua na academia e para aqueles que valorizam os museus e a cultura de uma forma ampla. Ainda mais nos dias de hoje, em que a ciência, que demonstrou ser tão importante nesses tempos de pandemia, não tem recebido a devida atenção pelo poder público.

Não podemos dizer que a comemoração dos 202 anos do Museu Nacional/UFRJ seja uma tarefa fácil. Não apenas pelo isolamento social, que obriga qualquer ação a ser remota, tirando o “calor” e a “vibração” do contato pessoal que tanto cultivamos nessa data com as nossas ações na Quinta da Boa Vista, mas também pelo fato da tragédia do incêndio de 2018 ainda ser muito recente.

Apesar desse momento difícil no qual vivemos, gostaria de apresentar dados que trazem boas perspectivas para o trabalho de reconstrução do Museu. A informação principal é que recentemente foi firmado um novo modelo de gerenciamento do projeto que denominamos Museu Nacional Vive. Com a entrada da Fundação Vale, se juntando à Unesco – parceira de primeira hora – e à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), temos todos os motivos para ter muita confiança nas ações necessárias. Sem contar que com a criação de um Comitê Executivo, formado por dois representantes da UFRJ, um do Museu Nacional, dois da Fundação Vale, um da Unesco e um da sociedade civil (Marcelo Araújo, ex-presidente do Instituto Brasileiro de Museus), poderemos dar mais visibilidade a todo o processo. Ou seja, a sociedade poderá acompanhar tudo o que se está sendo feito em prol da reconstrução do Museu Nacional. Transparência é absolutamente fundamental nesse momento.

Ademais, está previsto o estabelecimento do Grupo de Trabalho de Segurança e Sustentabilidade, coordenado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). Em formação, a tarefa principal desse GT é a de pensar nas ações necessárias para a manutenção do Museu Nacional após a reinauguração. Todos estamos empenhados para que o Museu mude de patamar, passando a estar no nível das principais instituições museais de história natural e antropologia do mundo.

Justamente devido a essa nova forma de organização das ações, podemos informar que os projetos, tão necessários para a reconstrução, estão em curso. O principal deles se refere à recuperação da fachada e à construção dos telhados definitivos do Palácio. Existe a expectativa de que as obras do chamado Bloco 1, que envolve a entrada principal, sejam iniciadas ainda nesse ano, graças a um financiamento de 20 milhões de reais por parte da Assembleia Legislativa do  Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Mal podemos esperar.

Outros projetos se encontram em curso, envolvendo o Campus de Pesquisa e Ensino do Museu Nacional/UFRJ, situado em uma área adjacente à Quinta da Boa Vista. Esperamos, ainda no início do ano que vem, poder finalizar todas as construções necessárias da parte laboratorial e acadêmica da instituição. Também devem ser ali instalados os prédios para abrigar as novas coleções e estruturas que possam eventualmente receber visitantes.

Estes são apenas alguns dos projetos que estão sendo desenvolvidos. Contamos com a entrada de muitos outros parceiros nessa empreitada, já que é fundamental a participação da sociedade nos trabalhos de reconstrução. Assim, no aniversário de 202 anos do Museu Nacional, cabem diversos agradecimentos que, felizmente, formam uma lista muito longa, não podendo aqui ser citados um a um. Mas gostaria, além de agradecer a todos que vêm se empenhando para ajudar a instituição, de alguma forma, aproveitar essa oportunidade para transmitir um pouco de tranquilidade, uma vez que, a despeito dessa situação problemática na qual se encontra o país e o mundo, não estamos parados.

Como gosto de enfatizar, mais do que nunca temos a certeza de que o Brasil precisa do Museu Nacional reconstruído e recuperado, realizando as suas atividades de ensino, pesquisa e extensão em benefício da sociedade.

Leia matéria sobre o aniversário do Museu Nacional.