Leia artigo de opinião do Acadêmico Antonio E. Nardi, publicado em “O Fluminense” em 12/4, a convite dos professores Aderbal Sabrá e Selma Sabrá:

O confinamento é um fator de estresse. Muitas pessoas se queixam de ficar em casa, saírem pouco ou nada. Entretanto, é necessário para evitarmos um problema maior; que seria uma crise na saúde sem assistência adequada. Mas uma crise é sempre um momento de aprendizado. Aprendemos e superamos a crise, ou iremos sucumbir e nada mais teremos que fazer. A humanidade sempre superou as crises, guerras, desastres naturais, várias pandemias, entre outras, e irá superar esta também. Sairemos mais fortes e mais maduros, mais cientes do valor da higiene, dos profissionais de saúde e dos investimentos necessários em educação e pesquisa.

Temos que evitar pensamentos negativos. A internet permite que qualquer pessoa informe sobre um sem embasamento. As afirmações de fontes sem respaldo científico ou com base muito frágil, tornam-se verdades temporárias e criam expectativas fantasiosas. Fontes confiáveis como os sites do Ministério da Saúde, da Academia Nacional de Medicina, da Academia Brasileira de Ciências, entre outros, são seguras. Mas não devemos exagerar na quantidade de informações. Há uma avalanche na mídia de noticias sobre o COVID19 que só aumentam a ansiedade, a hipocondria e abrem a oportunidade para quadros psiquiátricos como a depressão. Temos que conversar, ler e nos informar sobre outros temas também. Por exemplo, trabalhar online, home-office, estudar, fazer atividade física regular, que são excelentes ferramentas para manter a saúde mental.

Sem saúde mental, evidentemente não há saúde. E como psiquiatra posso afirmar que a saúde mental é tudo, principalmente em momentos difíceis, de grande estresse ou crises como estamos todos vivendo agora. Alternativas saudáveis são fundamentais para lidarmos com o problema. A pandemia atual afeta a todos e a nossa saúde mental fica em claro risco de desequilíbrio. Nesta situação mesmo uma pessoa que nunca teve transtorno mental, o estresse pode funcionar como gatilho, principalmente para a ansiedade e a depressão. O estresse, associado a outros fatores, como riscos de doença, problemas econômicos, confinamento, abuso de álcool, solidão, funcionam como estímulos ao sistema nervoso central que pode não reagir adequadamente e desencadear principalmente sintomas de depressão ou de transtornos de ansiedade.

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Vamos aguentar o confinamento enquanto for necessário, cuidar da nossa saúde física e mental. Principalmente a mental. Segundo as autoridades de saúde, a única forma de atenuarmos o risco de contágio é fazermos um distanciamento social, um confinamento. Uma crise é sempre um momento de aprendizado e estamos todos aprendendo. Por exemplo, notamos claramente que já estão alterados os conceitos de higiene, a valorização do investimento em ciência, educação e saúde, o respeito aos profissionais de saúde dedicados, maior incentivo ao uso das mídias digitais para trabalho, estudo e contatos sociais e a necessidade de uma organização melhor da sociedade. Toda crise traz a oportunidade de melhorarmos e evitarmos novos problemas. A nossa sociedade tem que ser melhor, mais consciente da importância da ciência e da pesquisa.

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