Sapo folha esplêndido, no Equador. Foto: PNUD

Segundo relatório divulgado em 2019 da Plataforma Intergovernamental Sobre a Biodiversidade e os Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês), 1 milhão de espécies de animais e plantas estão em risco de extinção. O número é equivalente a 1/6 de todas as espécies do planeta, e se nada for feito, a humanidade enfrentará um problema para manter o funcionamento dos ecossistemas, pois todas essas espécies são essenciais ao funcionamento dos serviços ecossistêmicos.

“É a combinação do metabolismo, funcionamento e comportamento dessas espécies que permite que os ecossistemas funcionem e que a gente tenha os serviços que são importantes para nós”, explicou o Acadêmico e biólogo Carlos Joly, durante o último USP Talks de 2019, realizado em 16 de dezembro.

Professor titular do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Joly citou como exemplo a Mata Atlântica. Apesar de ser constituída hoje por apenas 12% da sua área original, a mata fornece água para 130 milhões de pessoas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Seu serviço de funcionamento é fundamental para proteger e manter essa água disponível.

Em 2019, ele destacou, o Brasil perdeu a batalha para reduzir a velocidade em que o processo de extinção vem ocorrendo, devido ao desmonte da estrutura ambiental do país, que só acelerou o problema.

Mas, o mestre em biologia vegetal e doutor em ecofisiologia vegetal afirmou que se mantém otimista quanto a reversão desse processo. Ele contou que, no relatório da IPBES, a mudança climática aparece como o segundo fator mais importante para o desaparecimento das espécies. E para enfrentar esses desafios, uma das iniciativas que ele apontou foi a restauração das florestas e dos oceanos.

Ele lembrou que, no Acordo de Paris, a proposta brasileira foi justamente a de restaurar 12 milhões de hectares de floresta, e assim, retirar o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e fixá-lo nos galhos, raízes e troncos dessa nova floresta. Joly defendeu que essa restauração não deve ser feita de forma simplista, mas sim avaliando as regiões onde se tem o máximo de ganho em termos de crescimento da floresta, restauração da biodiversidade e impacto socioeconômico.

Quanto aos oceanos, que estão sendo poluídos, se tornando cada vez mais ácidos, por causa do excesso de CO2 na atmosfera, e tendo sua salinidade reduzida, em razão da água doce que surge do derretimento das calotas polares, a restauração deve começar por sua limpeza.

“Ao invés de continuar a acelerar esse processo de extinção e confirmar essas projeções, nós poderíamos estar trabalhando de uma maneira eficaz em relação a restaurar a biodiversidade e retirar o CO2 da atmosfera”, concluiu. Para o Acadêmico, a extinção de 1 milhão de espécies é um desastre evitável, mas seu desfecho depende somente de nossas ações.

 

Veja a palestra na íntegra: