Leia a seguir o posicionamento da Coalizão Ciência e Sociedade a respeito da proposta de fusão do CNPq e CAPES e a inserção da Finep no âmbito do BNDES:

 

 

Qual o futuro de um país cujo governo vira as costas para seu Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia?

A Coalizão Ciência e Sociedade se une à manifestação das entidades representativas da ciência brasileira contra a proposta de fusão do CNPq e CAPES bem como à inserção da Finep no âmbito do BNDES.

A ciência brasileira tem sido vítima nos últimos anos de profundos cortes orçamentários que, progressivamente, vem reduzindo os recursos para condução de projetos, manutenção de infraestruturas de pesquisa nas instituições e bolsas de estudo e pesquisa.

O quadro já seria bastante crítico se a ele não se somassem os ataques à credibilidade de instituições e pesquisadores e o avanço de movimentos anticiência na esfera da atual gestão pública.

A construção de um sistema nacional de Ciência e Tecnologia que possa ser competitivo internacionalmente e que gere as soluções inovadoras que são necessárias para o desenvolvimento do Brasil é uma tarefa de longo prazo, e que pressupõe estabilidade de condições e recursos.

O Brasil é um exemplo na América Latina no que se refere à consolidação de entidades como o CNPq e a CAPES que de forma diferenciada, mas complementar, estimularam rapidamente os programas nacionais de pesquisa e a formação continuada de pesquisadores de alto nível, respectivamente. Destaca-se também o papel fundamental da Finep, sobretudo na consolidação de infraestruturas de pesquisa. São décadas de uma história sólida com indicadores robustos para a aferição de seus resultados.

Mesmo diante do quadro de retração dos investimentos em Ciência e Tecnologia e de sua desvalorização na agenda de governo, a possibilidade de fusão e do consequente enfraquecimento do CNPq e da CAPES, de forma arbitrária e sem amplo debate, causa espanto e indignação. É injustificada a desarticulação de órgãos que constituem referência em incentivo e apoio à pesquisa, à qualificação de recursos humanos e ao desenvolvimento.

Não há espaço para planejamentos míopes e de curto-prazo quando se trata do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia. Os impactos de tais mudanças geram danos que não podem ser mitigados rapidamente e condenam o Brasil à perda de competitividade, de independência e de condições para o enfrentamento de crises que afetam vários setores da economia e da sociedade.