Quando o teste vocacional apontou a área de pesquisa para o jovem Roberto César Pereira Lima Júnior, ele não entendeu muito bem o porquê. Mas bastou começar as aulas de laboratório na escola para que a carreira de cientista fizesse cada vez mais sentido em sua vida. Hoje pesquisador e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Roberto é um dos novos membros afiliados da Regional Nordeste & Espírito Santo da ABC para o período de 2019 a 2023.

Nascido em Belém, no Pará, Roberto se mudou com a família para Fortaleza, Ceará, quando tinha cinco anos. Filho de pai militar e mãe dona de casa, ele conta que sempre foi muito estimulado para o estudo por seus pais, que não tieram as mesmas oportunidades. “Eles passaram aos filhos a importância de se valorizar o estudo como o único meio possível de se transformar positivamente uma vida”.

Roberto sempre gostou das ciências e, no ensino médio, a afinidade com a biologia e a química se tornou mais forte durante as aulas de laboratório. Ele conta que essas aulas foram decisivas para sua escolha de ingressar na área da saúde. “Compreender as razões das reações químicas, com soluções mudando de cor, para um jovem aspirante a cientista, era algo no mínimo deslumbrante”, ele recorda.

Já na graduação em farmácia na UFC, o laboratório transformou mais uma vez a vida do cientista, quando ele começou a iniciação científica no Laboratório de Produtos Naturais (LPN), coordenado pelo professor Vietla Rao.

“Logo no primeiro mês de atividades no laboratório, descobri o significado daquele resultado do teste vocacional feito alguns anos antes. Sentia que cada dia diferia um do outro, pois o sentimento de descoberta, provendo explicações sobre inquietudes diversas, era extremamente gratificante”, declara Roberto.

Para além da ciência, a experiência no LPN o ajudou também a superar a timidez. Foi o professor Rao que lhe deu uma dica valiosa, que foi a solução para o problema: “Se você quiser ser grande, tem que romper sua timidez. Vou te lançar um desafio. Ao final de cada palestra que assistir levante seu braço e faça uma pergunta”.

Continuou no LPN até 2005, quando concluiu o mestrado em farmacologia, sob a orientação da professora Flávia de Almeida Santos. No mesmo ano, começou o doutorado na área, dessa vez no Laboratório de Farmacologia da Inflamação e do Câncer (Lafica), orientado pelo professor Ronaldo de Albuquerque Ribeiro.

“Posso dizer, sem medo de errar, que o professor Ronaldo me fez ter certeza de que minha trajetória até me tornar professor e cientista seria como uma paixão que vira amor. Digo isso, pois via que ele trabalhava e vivia a sala de aula e o laboratório com o coração”.

Em 2008, quando concluiu o doutorado, Lima Júnior ingressou em um programa de pós-doutorado na UFC. Mais tarde, entre 2017 e 2018, realizou um estágio de pós-doutorado na Università degli Studi di Torino, na Itália.

Atualmente, o Acadêmico pesquisa as toxicidades do tratamento oncológico. Busca entender as causas dos efeitos adversos no tratamento do câncer e identificar alvos em potencial que permitam a inibição do desenvolvimento dessas toxicidades.

“Tal conhecimento aumenta a perspectiva de os pacientes tolerarem os regimes de doses de antineoplásicos, prevenindo a interrupção do tratamento e melhorando a qualidade de vida deles”, completa o farmacêutico.

Motivado pela perspectiva de melhorar a qualidade de vida dos pacientes, Lima Júnior segue no seu trabalho em laboratório, e agora, como membro afiliado da ABC, deseja estimular mais ainda jovens pesquisadores a acreditarem que, por meio de pequenas ações, é possível fazer contribuições significativas para a sociedade.