No dia 11 de abril foi realizada a Assembleia Geral da Rede Global de Academias (IAP, na sigla em inglês). A parte da manhã foi dedicada ao relato das atividades e situação financeira da organização. Na sequência, as quatro redes regionais de academias de ciências – Rede InterAmericana de Academias de Ciências (Ianas), Associação de Academias e Sociedades Científicas da Ásia (AASSA), Conselho Consultivo de Academias de Ciências da Europa (EASAC) e Rede de Academias de Ciências da África (Nasac) – apresentaram um resumo das atividades desenvolvidas por cada uma no período recente.

Ainda pela manhã, os coordenadores de distintos programas da IAP apresentaram à Assembleia Geral as atividades desenvolvidas. O Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, relatou as atividades do Comitê de Ciência para a Erradicação da Pobreza (IAP-Spec). Em boa medida, o relato reproduziu o que já havia sido apresentado na reunião do Comitê Executivo do IAP-Science, porém, com um pouco mais de tempo, Davidovich pode contextualizar a ação mais recente do Comitê no contexto dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O Presidente da ABC, Luiz Davidovich.

Se, inicialmente, a ação do Comitê esteve mais focada em refletir sobre como a ciência contribuir para a erradicação da pobreza no mundo – desafio pautado pelos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio -, à medida que se construía a discussão em torno do que seria a Agenda Pós 2015, que culminou na Agenda 2030, ficou evidente que o comitê deveria adotar um olhar mais amplo, passando a abarcar também a questão da desigualdade. Sendo assim, desde a segunda conferência do Comitê, que aconteceu na China em 2017, buscou-se olhar para a potencial contribuição da ciência, e das academias, para a implementação dos ODS 1 (Erradicação da Pobreza) e 10 (Redução das Desigualdades).

Esta abordagem ficou bastante clara na recente conferência do comitê, realizada no Rio de Janeiro, quando especialistas de diversas disciplinas, oriundos das ciências naturais e sociais, discutiram como ciência e tecnologia podem contribuir para a redução da pobreza e da desigualdade. Davidovich concluiu sua fala afirmando que considerava que a missão proposta pelo IAP-Spec, em um primeiro momento, estava cumprida, cabendo agora ao novo Comitê Executivo da IAP avaliar como dar continuidade a este trabalho.

Independente da deliberação do futuro Comitê Executivo sobre o tema, o Presidente da ABC encorajou as academias a manterem a questão da pobreza e da desigualdade em suas agendas, pois a construção de um futuro sustentável para o planeta passa, inevitavelmente, pela construção de um mundo mais igualitário.

A parte da tarde da Assembleia Geral tratou de questões administrativas, discussão e aprovação do planejamento estratégico da rede para o período 2019-2021 e da eleição dos novos comitês executivos da IAP-Science e da IAP-Health.

 

Os delegados presentes para a Assembleia Geral da IAP.

Volker ter Meulen, da Academia de Ciências da Alemanha-Leopoldina, despediu-se da posição de co-presidente da IAP-Science, após dois mandatos à frente da organização. Para substituí-lo nesta função, foi eleita Cherry Murray, da Academia de Ciências dos Estados Unidos. Murray passa a liderar a IAP-Science junto com Krishan Lal, da Academia Nacional de Ciências da Índia, agora cumprindo seu segundo mandato à frente da rede. O novo Comitê Executivo da IAP-Science passa a ser constituído pelas Academias da Alemanha, Austrália, Chile, Coréia do Sul, Etiópia, França, Irã, Itália, Jordânia, Nigéria e pela Academia de Ciências da África. Após ter sido reeleita, em 2016, para o Comitê Executivo da IAP, a ABC não pode se candidatar desta vez, visto que o estatuto da organização estabelece um limite de dois mandatos consecutivos. Cumprindo agora um período de interstício, a ABC poderá voltar a se candidatar na próxima Assembleia Geral, em 2022.

Na IAP-Health, Detlev Ganten, da Academia de Ciências da Alemanha-Leopoldina, terminou seu segundo mandato à frente da rede, sendo substituído por Peggy Hamburg, da Academia Nacional de Medicina dos EUA. Hamburg passa a liderar o braço da saúde na IAP na companhia de Depei Liu, da Academia de Ciências Médicas da China. O novo Comitê Executivo da IAP-Health passa a ser constituído pelas Academias da Alemanha, Argentina, Brasil, Finlândia, França, Itália, Malásia, Marrocos e Nigéria. A ABC volta a integrar a direção desta rede, após ficar 3 anos fora do Comitê Executivo, por estar cumprindo o período de interstício mandatório por conta do estatuto.

Na visão de Helena Nader, vice-presidente eleita da ABC, a volta da academia brasileira para a direção da IAP-Health mostra o reconhecimento pelas várias academias do relevante papel que a ABC tem desempenhado ao longo dos anos. Por outro lado, traz o grande desafio de continuar a exercer protagonismo nessas áreas, que só será alcançado via trabalho conjunto de todos os envolvidos.