Atleta ou cientista? Esta foi a maior dúvida do jovem Mateus Borba Cardoso quanto a qual carreira seguir. Amante dos esportes e das ciências exatas, foi depois de cursar um ano de educação física que o estudante descobriu seu lugar na química. Atualmente, Cardoso trabalha na produção de remédios baseados em nanopartículas – estruturas aproximadamente mil vezes menores que o diâmetro de um fio de cabelo.

Nascido na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, em 1978, Mateus tinha como matérias favoritas na escola química, física e matemática. Fora da sala de aula, seu maior interesse eram os esportes: participou de times de futebol, handebol e vôlei no colégio e em clubes da cidade.

Após a breve experiência no curso de educação física, Mateus decidiu ingressar no recém-criado curso de química da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), em 1997. Ele conta que as aulas experimentais e os bons professores que teve durante o ensino fundamental e médio certamente contribuíram para sua escolha.

Na metade da graduação, começou a dar aulas em turmas de ensino médio e pré-vestibular. “O fato de estudar e ministrar aulas fazia com que os meus dias fossem muito corridos. Durante todo esse período, tive a sorte e possibilidade de morar com os meus pais e ter todo o suporte deles”, destaca.

Na UFPel, seguiu em frente, fazendo mestrado em ciência e tecnologia agroindustrial, em 2003. No mesmo ano, mudou-se de sua cidade natal para Porto Alegre, e iniciou o doutorado em química na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em meio a formação, casou-se e foi morar na França, onde obteve sua dupla diplomação pela Universidade Joseph Fourier. Mais uma vez, o Acadêmico contou com o suporte da família e aponta o apoio incondicional da esposa como fundamental nesse período.

Entre 2007 e 2008, o cientista realizou estágio de pós-doutorado no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e, em seguida,  dedicou-se a outro programa de pós-doutorado no Oak Ridge National Laboratory, nos Estados Unidos.

Hoje, Cardoso atua como pesquisador do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), vinculado ao Centro Nacional de Pesquisa em Materiais (CNPEM). Lá, o químico coordena a Divisão de Nanomedicina e Nanotoxicologia e tem dedicado seu tempo à produção de remédios baseados em nanopartículas.

Ele aponta que os remédios deste tipo já comercializados ainda não apresentam seletividade e, portanto, apresentam os efeitos secundários indesejados dos tratamentos convencionais. “As nanopartículas que produzimos apresentam a superfície modificada e são identificadas por um único tipo de célula, bactéria ou vírus, potencializando assim o tratamento médico. Dessa forma, esperamos ser capazes de produzir nanopartículas modificadas que sejam mais efetivas que os tratamentos convencionais atuais. O ideal é  que não gerem efeitos secundários indesejados como, por exemplo, queda de cabelos durante a quimioterapia”, explica o Acadêmico.

Fora do ambiente científico, são três os maiores interesses de Mateus: seu filho de três anos, corrida de rua e viagens – quando é possível, ele adora visitar novos lugares e conhecer diferentes culturas. É essa curiosidade que desperta também sua paixão pela ciência: “Acho incrível acordar todos os dias e saber que descobriremos coisas novas e que essa descoberta pode, de alguma forma, contribuir para o desenvolvimento da sociedade”.

Pensando no progresso coletivo, como membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências, para o período de 2019 a 2023 o químico pretende atuar na divulgação da Academia e na interação ciência-comunidade, afim de levar descobertas científicas de forma clara e objetiva à população.