Confira a seguir matéria de Fabio Turci, publicada pelo portal de notícias G1*, em 9 de fevereiro:

Duas pesquisas da Universidade de São Paulo estão tentando ampliar a oferta de órgãos para transplantes. Os cientistas estudam uma forma de usar rins de porcos em seres humanos. Veja na reportagem de Fábio Turci, que foi correspondente da Globo em Nova York, e agora está de volta ao Brasil.

Durante duas, três, quatro horas por dia, a vida para. Para pra ser renovada pela máquina. “Eu gosto dela porque ela está me cuidando, mas o sonho é sair daqui”, diz a babá Fernanda Salgueiro Damasceno. A hemodiálise filtra o sangue, faz o que os rins não conseguem mais fazer.

A aposentada Lourdes Higino da Silva está na fila do transplante faz 15 anos. Chegou a conseguir um rim, mas ele estava com problema. “Colocaram na quinta, tiraram no sábado. Estou na fila de novo”, conta.

O transplante de órgãos foi uma revolução na medicina, mas ela nunca libertou os pacientes da fila de espera e da necessidade de encontrar um órgão compatível. Agora, o que vem por aí pode ser uma nova revolução.

No Centro do Genoma Humano da USP, cientistas trabalham em dois novos tipos de transplante. A pesquisa é liderada por Mayana Zatz, uma das principais geneticistas do Brasil, e pelo médico Silvano Raia, pioneiro no transplante de fígado no país.

Num dos estudos, os pesquisadores estão desenvolvendo uma forma de transplantar rins de porcos para seres humanos.

“O porco, apesar de não ser reconhecido, é dos animais vertebrados superiores mais próximo do homem. Tem um ciclo biológico muito parecido com o nosso e são de fácil manuseio”, explica Silvano Raia.

Os cientistas estão editando o código genético de porcos para tentar evitar o risco de rejeição no transplante para seres humanos.

“Uma vez que você consegue porquinhos, um macho e uma fêmea, você faz então toda uma população, todos descendentes vão ter essa mesma característica”, diz Mayana Zatz.