“Ciências sociais e humanas: as ciências irrelevantes do século XXI?” foi a pergunta lançada a cientistas e pesquisadores durante painel realizado no primeiro dia do Fórum Aberto de Ciências da América Latina e Caribe (Cilac), realizado entre 22 e 24 de outubro, no Panamá. Organizada pelo setor de ciências sociais e humanas, Unesco Montevidéu e Unesco San José, a sessão tratou da progressiva desvalorização das ciências sociais e humanas na sociedade contemporânea, apontando para a necessidade de reestruturá-las e esclarecer seus objetivos, métodos, estratégias e papel dentro da ciência em geral.

Integraram o painel o Acadêmico e presidente do Instituto Internacional de Ecologia (IIE), José Galizia Tundisi, a Chefe de Planejamento do Despacho Superior da Secretaria Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação do Panamá, Diana Candanedo, a diretora do escritório da Unesco em San José, Esther Laroche, o ex-reitor da Universidade Nacional da Colômbia Moisés Wasserman e Ana Silvia Monzón, membro do Comitê Científico do Programa de Transformações Sociais da Unesco.

A reunião de profissionais de áreas e nacionalidades diversas promoveu um intenso debate sobre a relevância das humanidades no século XXI. Os palestrantes concluíram que, apesar da diversidade de questões ambientais e sociais que afligem os países da América Latina, é necessário pensar os fatores econômicos e sociais em conjunto com os fatores biogeofísicos, a fim de se encontrar soluções para tais problemas.

Os palestrantes durante o painel: “Ciências sociais e humanas: as ciências irrelevantes do século XXI?” 

Segundo o Acadêmico José Tundisi, “as pessoas acharam que a tecnologia ia resolver todos os problemas da humanidade”, e isto aconteceu em detrimento da utilização das ciências sociais e humanas. Mas, ele explica, ao longo dos anos, essa perspectiva entrou em decadência, tendo em vista os problemas ainda enfrentados pela sociedade a nível mundial, como a fome, a violência e a falta de saneamento básico.

Para o presidente da IIE, a valorização das ciências humanas e sociais deve ser promovida por meio da integração com as ciências exatas, organizando também seminários e estudos de caso que incorporem as humanidades e a tecnologia.

Organizado pelo Escritório Regional da Unesco, a segunda edição do Fórum Aberto de Ciências da América Latina e Caribe aconteceu na Cidade do Panamá. A conferência contou com painéis sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), mulheres na ciência, diplomacia científica e desenvolvimentos no campo da genética para uma sociedade justa.