Apaixonada pela natureza, a bióloga Juliana Schietti de Almeida não se distancia de seu campo de estudo nem no tempo livre, quando cuida do jardim que plantou em casa. Original de Londrina, no Paraná, Juliana foi do sul ao norte do Brasil para pesquisar sobre ecologia em Manaus, no Amazonas.

Juliana Schietti convive em harmonia com a natureza desde sua infância. Ela tem boas lembranças dos passeios no sítio da família: “Meu pai sempre me ensinou a olhar para as árvores, aprender os nomes populares e observar os animais e a natureza em geral”.

Dentre as disciplinas da escola, suas favoritas eram química, matemática, português e ciências. A Acadêmica recorda até hoje de quando uma amiga a introduziu à graduação em biologia, onde “os alunos passavam dias no campo e andavam no Departamento de botas, com equipamentos de coleta e cheios de lama”. Sua reação não poderia ter sido mais entusiasmada: “Pensei: é isso aí que quero fazer! Escolhi ser bióloga pela possibilidade de trabalhar em contato com a natureza.”

Em 1997, Juliana ingressou na licenciatura e bacharelado em ciências biológicas da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Entre 2003 e 2005, já no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), faz o mestrado em biologia (ecologia). AEla diz que o mestrado na Amazônia foi para o marco de início na vida acadêmica. “Foi a partir daí que tive maior contato com a pesquisa em ecologia e vi que era essa a linha que queria seguir”. De 2009 a 2013, realizou o doutorado na mesma área e instituição, com período sanduíche na Universidade do Arizona, nos Estados Unidos.

Hoje, a bióloga atua em duas linhas de pesquisa: a das relações entre plantas e ambiente, e a da relação entre as plantas e os seres humanos. Sobre o primeiro tema, ela relata que conduz uma investigação de como características de árvores e cipós estão relacionadas com o ambiente em que vivem. A cientista afirma que estas respostas podem ajudar na previsão de mudanças na distribuição e abundância das plantas em consequência das mudanças globais.

Tratando da relação entre plantas e pessoas, o grupo de pesquisa de Juliana tem buscado entender como o homem desde o período pré-colombiano pode ter alterado características do local e, com isso,  a disponibilidade de plantas úteis na floresta. “Essa pesquisa pode contribuir para o entendimento da relação harmônica antiga entre o homem e floresta e a quebra do paradigma de que a floresta amazônica é antiga em suas áreas não ocupadas atualmente”, explica a bióloga.

Sobre ter sido eleita para a categoria de membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a representante da Regional Norte celebra: “Significa um reconhecimento dos pares pelo trabalho que estou desenvolvendo, mas também uma oportunidade de conexão com novos colegas na pesquisa e de buscar meios para avançar a ciência no Brasil”.