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Líder mundial na produção de nióbio, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) pretende estimular no Brasil a pesquisa e inovação no campo da ciência e tecnologia ao lançar, hoje, a primeira edição do “Prêmio Ciência e Tecnologia“. O objetivo é reconhecer, a cada ano, personalidades das duas áreas com legado deixado ao Brasil. Cada laureado, escolhido por um júri independente, receberá R$ 500 mil. Concorrem apenas brasileiros.

“Queremos, com essa iniciativa, incentivar brasileiros a trabalhar no desenvolvimento científico e tecnológico”, afirmou ao Valor Ricardo Lima, vice-presidente de Tecnologia e Operações da CBMM. Na empresa desde janeiro, o executivo informa que a ideia do prêmio surgiu no ano passado, de uma proposta discutida e aprovada no conselho de administração da companhia.

A categoria Ciência é direcionada para pesquisadores que contribuíram para colocar o Brasil em destaque no cenário científico mundial. A de Tecnologia abrange profissionais voltados ao desenvolvimento de aplicações profissionais e que geraram conhecimento científico de impacto econômico, social e ambiental para o Brasil.

A comissão que fará a escolha dos candidatos está em formação, informa Lima. Segundo ele, o propósito é que o grupo conte com pessoas de renome, como o presidente do CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa), o presidente da Academia Brasileira de Ciências e representantes de entidades como Fapesp e Embrapii e de universidades – Unicamp, Universidade de São Paulo, UFMG, UFRJ e outras.

Lima diz que o objetivo é que as entidades científicas e tecnológicas do país façam, a partir de hoje, as indicações/inscrições de candidatos habilitados aos prêmios. Todavia, isso não limita alguém, conforme as condições especificadas, de se apresentar. Os nomes dos vencedores serão conhecidos no fim de março do próximo ano.

“O Brasil tem algumas ilhas de excelência nessas duas áreas, mas é carente de recursos. A CBMM quer estimular e fomentar, reconhecendo, com isso, legados nessas áreas”, diz Lima.

Criada nos idos de 1955, a companhia desenvolveu a tecnologia de aplicação do nióbio – metal descoberto em 1801 por Charles Hatchett – na produção de aços de elevada resistência bem como na combinação de diversas ligas com outros metais, caso do alumínio. A siderurgia é o maior cliente global.

O executivo informa que a CBMM aloca anualmente em pesquisa e desenvolvimento R$ 150 milhões, desenvolvendo aplicações tanto em variados tipos de aço quanto em ligas com inúmeras utilizações – de tubulações de óleo e gás, automóveis, aviões até a medicina, com equipamentos de ressonância magnética.

No momento, junto com as japonesas Toshiba e Sojitz, a companhia participa do desenvolvimento de um projeto piloto de fabricação de baterias de lítio com anodos de óxidos mistos de nióbio e titânio para carros elétricos. O investimento conjunto, com duração de dois anos, é de US$ 7,2 milhões.

A CBMM está localizada em Araxá (MG), onde explora o nióbio a partir de reservas do minério pirocloro, de onde é extraído. No mesmo local, tem as instalações de metalurgia do ferronióbio, ligas especiais, óxidos e nióbio metálico.

A empresa é controlada pela família Moreira Salles – uma das maiores acionistas do banco Itaú. Conta com dois sócios asiáticos, donos de 30%. Está apta a produzir mais de 100 mil toneladas por ano. Em 2017, a CBMM teve receita líquida de R$ 4,78 bilhões. Exporta para mais de 50 países.

Segundo Lima, em Araxá a companhia conta com mais de 80 profissionais envolvidos no desenvolvimento de processos e aplicações de materiais que levam nióbio. Tem em seu corpo técnico sete profissionais em nível de PhD e 22 de mestrado. A empresa trabalha em parceria com universidades e consultores nacionais e estrangeiros.

A CBMM tem duas concorrentes de porte no mundo: a chinesa Cmoc, que também atua no Brasil (em Goiás), e a canadense Niobec.

Baixe o Edital do prêmio aqui.