Gislaine Zilli Réus conta que foi ainda no ensino médio que surgiu sua vontade de fazer pesquisa. “Ficava imaginando pesquisar uma planta e encontrar um princípio ativo que pudesse se tornar uma medicação”, lembra a cientista. Hoje, a nova afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC) seguiu seu desejo e pesquisa a neurobiologia da depressão.

Nascida em 1985, Gislaine cresceu em uma comunidade rural em Jaguaruna, no interior de Santa Catarina. Teve uma infância bem divertida, sempre em contato com a natureza, e nos fins de semana sempre se reunia com as crianças da vizinhança para brincar de esconde-esconde, pique-pega e andar de bicicleta. Na escola, suas matérias preferidas eram biologia e artes.

Ainda no ensino médio, Gislaine lembra que buscava um curso onde a pesquisa tivesse um grande papel, e decidiu por biologia por poder estudar tanto a área da saúde como a ambiental. Em 2004, ingressou no bacharelado de ciências biológicas da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc).

A Acadêmica conta que já no começo da graduação entrou na iniciação científica, atividade que lhe deu uma base muito importante para sua carreira futura. Ela lembra com emoção de sua participação no laboratório de neurociências da Unesc: “Eu amei aquele laboratório desde o início, tudo que imaginava para minha carreira estava ali e agarrei com todo amor e dedicação cada oportunidade que tive, cada aprendizado”. Já nesta época, sua pesquisa estava voltada para o entendimento da memória e dos transtornos do humor.

No mesmo ano em que se formou, 2008, Réus ingressou no doutorado em ciências da saúde também pela Unesc. Durante o período, foi orientada pelo professor João Quevedo, que já havia sido seu orientador na iniciação científica e foi uma grande inspiração para seguir a carreira científica. Logo em seguida, entre os anos de 2011 e 2016, realizou estágio pós-doutoral na Unesc e também na University of Texas Health Science Center em Houston, nos Estados Unidos.

Atualmente, Gislaine Réus é professora assistente na Unesc. Pesquisadora da área de neurociência há dez anos, Réus coordena um grupo cujo foco são os estudos experimentais para entender a neurobiologia da depressão. Ela explica: “Como muitos dos pacientes não respondem aos tratamentos clássicos, é de suma importância estudos que foquem no entendimento da etiologia e fisiopatologia do transtorno, bem como encontrar novas estratégias para o tratamento”.

A nova Acadêmica se mostra encantada pela busca de conhecimento, pelo “mistério a ser desvendado” que a ciência tem que investigar. Sobre o título recebido da Academia Brasileira de Ciências, a bióloga se sentiu muito feliz com a honra e pretende, como membro afiliado, interagir e colaborar com os demais cientistas e auxiliar no desenvolvimento científico do país.