henriquemalvar_22marco2018_blogvencerlimites_copia_edit.jpgA Microsoft investe com força na aplicação real de inteligência artificial para ajudar no desenvolvimento de soluções de acessibilidade. Muitos softwares da gigante da tecnologia, principalmente o que faz parte do Windows 10, já contemplam recursos com a meta de dar ao usuário autonomia e independência na rotina diária, no trabalho e nas ruas.

Nesta quinta-feira, 22, o engenheiro brasileiro Henrique Sarmento Malvar, líder do MSR NeXT Enable, que desenvolve projetos e produtos para pessoas com deficiência, e um dos cientistas-chefe do Microsoft Research, apresentou diversas soluções já em uso e também novos recursos que a empresa está criando durante encontro com jornalistas no Centro de Tecnologia para Acessibilidade, na sede da companhia em São Paulo. O #blogVencerLimites participou do encontro.

Entre as soluções estão o Eye Control, presente no Windows 10, para substituição de mouse e teclado pelo controle ocular, dispositivos ‘Tobii Eye Tracker 4C’, ‘Tobii EyeX’ e ‘Tobii Dynavox PCEye’, usados também para controle com os olhos, e o Soundscape, aplicativo que usa áudio 3D para guiar pessoas cegas.

“Inteligência artificial demanda algortmos complexos e tecnologia pesada”, diz Henrique Malvar. Segundo o executivo, estão em andamento estudos para novas soluções voltadas especificamente para pessoas com deficiência auditiva, inclusive para uso de língua de sinais, no Brasil e nos Estados Unidos.

“A comandante do nosso setor de acessibilidade (Jenny Lay-Flurrie) é surda. Ela é nossa principal referência sobre a qualidade dos produtos que criamos para esse público. E as soluções que desenvolvemos até agora ainda não atingiram o nível de excelência que buscamos, por isso ainda não foram lançadas”, explica o engenheiro.

“Não há no mercado, nem mesmo nos Estados Unidos, uma ferramenta para língua de sinais que tenha sido aprovada com louvor pela comunidade surda”, diz o cientista do Microsoft Research.

O Soundscape usa headset específico, que custa US$ 100 (cem dólares) e fica posicionado fora do ouvido, encostado no processo temporal do osso zigomático, por onde faz a condução do áudio e permite ao usuário manter atenção nos outros estímulos sonoros do ambiente.

O uso da inteligência artificial desenvolvida pela Microsoft abrange mais do que recursos para usuários domésticos e pessoas que precisam da acessibilidade no dia a dia. O líder do ‘MSR NeXT Enable’ apresentou um projeto em uso no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, para monitorar pacientes e leitos por meio de câmeras.

cadeiraortobras_22marco2018_blogvencerlimites-800x600_edit.jpg“Nosso sistema usa as câmeras já instaladas no hospital para alertar sobre possíveis acidentes, destravamento das grades da cama, e analisa até a dinâmica de movimento do paciente para saber se ele corre risco de sofrer uma queda. Dessa forma, não é necessário que um funcionário passe o dia vigiando as imagens”, ressalta Henrique Malvar.

No encontro desta quinta-feira, o diretor de engenharia e inovação da Microsoft Brasil, Alessandro Jannuzzi, apresentou novas funções para controle da cadeira de rodas motorizada com os olhos, desenvolvidas a partir do projeto da Microsoft AI and Research, em 2014, que resultou no Eye Control, criado para Steve Gleason, ex-jogador da NFL (National Football League), a liga esportiva profissional de futebol americano dos Estados Unidos, que tem Esclerose Lateral Amiotrófica.

O projeto brasileiro tem dois novos recursos: uso da biblioteca de APIs (Application Programming Interface ou interface de programação de aplicação) de controle ocular Eyedrive e função macro de movimento para que o próprio usuário da cadeira de rodas registre uma sequência de comandos oculares e salve esse material para reprodução automática.