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A Academia Brasileira de Ciências (ABC), representada pelo presidente Luiz Davidovich, esteve presente ao encontro do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), que aconteceu na segunda-feira, 5 de junho, no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro. No encontro, um time de especialistas apresentou o segundo relatório do grupo de trabalho, que fez um alerta para o “Impacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades costeiras brasileiras às mudanças climáticas”. O primeiro relatório produzido pelo Painel foi divulgado durante a Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP 22), no Marrocos, em 2016.
Segundo o relatório apresentado, mais de 60% da população brasileira que habitam cidades localizadas no litoral, com mais de 8 mil km de extensão, estariam vulneráveis. Pelo menos, quatro capitais costeiras estariam mais suscetíveis aos impactos dos fenômenos extremos, como chuva intensa, ventos fortes, aumento da temperatura, enchentes, inundações e deslizamentos. Elas são, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Recife.
No Rio de Janeiro, o cenário mais pessimista, desenhado pelos pesquisadores do Painel, prevê uma elevação no nível do mar entre 20 com a 30 cm, até o ano de 2100. O fenômeno prejudicaria diretamente o Aeroporto Santos Dumont e a Ilha do Fundão, onde fica localizada a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
De acordo com a presidente do Comitê Científico do painel, Suzana Kahn Ribeiro, além de ampliar o conhecimento sobre os problemas, o relatório apresenta maneiras de minimizar os danos às cidades que serão afetadas: “A elevação do nível do mar e das temperaturas já é uma realidade e, no Brasil, a extensão desses impactos ainda é muito maior, já que grande parte das regiões está localizada nessas áreas”.
Professora da UFRJ, Suzana diz que não há como evitar os danos, mas é possível implantar soluções no sentido de se adaptar a uma nova realidade. Para ela, há evidências científicas suficientes para a tomada de ações. Por isso, é necessário o debate entre os diversos setores da sociedade civil, estados, municípios, União e também formadores de opinião: “Temos o argumento do conhecimento, mas ele ainda não tem sido suficiente para tirar as pessoas da inércia. A ciência, somente, não é capaz de fazer tudo sozinha. É preciso pensar – e agir – sobre o que se pode fazer, por isso é preciso debater o quanto antes sobre esses problemas”, afirma.
No mesmo dia do encontro, o presidente Michel Temer assinou o termo de compromisso do Brasil com o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. O documento ratifica o respeito do país ao tratado e passa a ter força de lei.
Confira aqui a matéria do Hora 1, da TV Globo, sobre o encontro do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.