“O que os físicos têm feito, desde Newton, é oferecer uma estrutura matemática ao universo físico”. Com essa frase, o físico teórico Curtis Callan Jr. abriu sua palestra na Reunião Magna 2016 da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Callan citou exemplos de descobertas que fundamentaram matematicamente as leis da natureza. Começou pela descoberta do inglês Isaac Newton, no século XV, de que o peso de um corpo corresponde à sua massa multiplicado pela influência do campo gravitacional a que está exposto, e passou pelo também inglês James Maxwell e sua descoberta do eletromagnetismo. “Uma das grandes conquistas da física foi a cosmologia e uma teoria sobre a criação do nosso universo”, afirmou Callan, referindo-se à teoria do Big Bang.
Entretanto, a física continua buscando desvendar mistérios do planeta e do universo, como os fenômenos previsíveis, porém não visíveis, como a supercondutividade, que ocorre quando determinados materiais conduzem corrente elétrica sem perdas ou resistência ao serem resfriados a temperaturas extremamente baixas.
Há ainda os assuntos estudados pela física contemporânea como a cosmologia quântica, caracterizada pelas variáveis ocultas. “Usamos equações para mostrar como há padrões nestes fenômenos ocultos”, disse.
A partir desses exemplos, Callan afirmou que a física deve estudar os dados obtidos pela biologia para encontrar seus padrões. “Na biologia existe uma grande quantidade de dados e estes precisam de fórmulas para serem compreendidos”, afirmou.
Na opinião do professor, a recente profusão de dados produzidos pela biologia exige o estabelecimento de fórmulas para torná-los inteligíveis e úteis. “Os dados são tão vastos que é difícil conseguir um arcabouço matemático”, afirmou Callan. “Porém, se quisermos conhecer o corpo, temos milhões de neurônios e questões que precisam ser estudadas. Nesse aspecto, a ciência da computação pode ajudar”.