“Buscar respostas para compreender os mecanismos patológicos de doenças incuráveis e tentar propor alternativas terapêuticas”. É por essa razão que Claudia Pinto Figueiredo tornou-se neurocientista. A pesquisadora faz parte do grupo de novos membros afiliados da ABC eleitos para o período de 2015-2019.

A infância da cientista foi repleta de brincadeiras com os amigos, os pais e suas duas irmãs mais velhas. Por trabalhar em negócio próprio e próximo de casa, o pai de Claudia estava sempre pronto a atender às vontades das filhas. Já a mãe passava mais tempo no trabalho, um colégio público da cidade onde era professora de língua portuguesa.
Na escola, suas disciplinas preferidas eram biologia, química e história. E, quando não estava estudando, se debruçava na janela da casa que tinha vista para um laboratório de análises clínicas. Claudia ficava ali, observando o movimento dos profissionais realizando os exames. “Algumas vezes, uma bioquímica que trabalhava no laboratório, Magna Bordin, me chamava para ver estruturas no microscópio. Tenho convicção de que essa experiência me motivou na escolha da minha graduação em farmácia e bioquímica”, lembra.
Seu interesse pela ciência foi despertado durante o curso de graduação nessas duas áreas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Durante esse período, estagiou em um laboratório de anatomia patológica para fins diagnósticos, e a falta de alternativas terapêuticas para muitas doenças foi o que motivou Claudia a ser pesquisadora.
A membro afiliado da ABC conta que a graduação foi um período de muito aprendizado e que “somente uma universidade pública de qualidade poderia lhe proporcionar”. A cientista concluiu, ainda, o mestrado em biotecnologia e doutorado na área de fisiologia (neurociências), também pela UFSC.
Sua pesquisa busca compreender as bases neurobiológicas de patologias que acometem o sistema nervoso central, como doença de Alzheimer, Parkinson e encefalopatia pós-séptica. “Acreditamos que a predisposição ao desenvolvimento destas doenças parece ocorrer como consequência de fatores que nos afetam ao longo de toda a vida. Neste sentido, usamos modelos animais para avançar no entendimento dos mecanismos moleculares associados a essas doenças. O objetivo é delinear abordagens populacionais mais eficazes em prevenir o surgimento dessas doenças”, explica.
A carreira acadêmica e a entrada na ABC
Atualmente, Claudia é professora adjunta da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e atua nas disciplinas de biofísica, controle biológico e microbiológico de fármacos, patologia e suas bases clínicas. Suas horas vagas são dedicadas ao filho Henrique, de dois anos. “Ele é minha maior alegria e meu novo estilo de vida”, diz, orgulhosa.
O título de membro afiliado da ABC foi recebido pela neurocientista como um grande reconhecimento do seu trabalho e dedicação. Claudia pretende contribuir com a ABC atuando na divulgação científica para o público leigo, tornando a ciência mais acessível a todos.