A engenheira mecânica Carolina Palma Naveira Cotta, nova membro afiliado da ABC para o período de 2015-2019, tem em seu pai a inspiração de carreira. Ele, também engenheiro mecânico, trabalhava na Eletronorte, e teve grande influência na escolha da profissão da filha.

Carolina nasceu no Rio de Janeiro, mas passou toda a sua infância em Brasília, ao lado da mãe, do pai e de suas irmãs mais novas – hoje, engenheiras civis. Sua mãe,contadora, deixou o exercício da profissão para se dedicar exclusivamente à família.
Quando criança, a futura cientista divertia-se andando de bicicleta, subindo em árvores e praticando esportes. Na escola, era dedicada em todas as disciplinas, mas tinha maior aptidão para matemática, física e química. Carolina gostava tanto de esporte,em especial o voleibol, que antes de decidir pela engenharia mecânica, cogitou cursar educação física em paralelo. “Joguei vôlei por muitos anos e pensei em seguir a carreira profissional no esporte. No período de prestar vestibular pensei em dar continuidade à minha motivação esportiva do bacharel em educação física”, conta.
Já no primeiro período da graduação em engenharia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carolina começou a fazer iniciação científica. Ela acredita que essa experiência despertou ainda mais seu interesse pela vida acadêmica e pela ciência.
A engenheira relata que sua graduação fugiu aos padrões da maioria dos alunos: “Meu primeiro filho nasceu quando ainda estava no quarto ano da graduação. No mesmo ano, em 2002, tive a oportunidade de ser aprovada no concurso para engenheiro da Petrobras. Mas, como ainda não havia concluído o curso, não pude assumir o cargo”.
O amadurecimento acadêmico com a iniciação científica contribuiu para o bom desempenho no concurso, e assim, Carolina passou a se dedicar ainda mais à pesquisa, visando a uma nova aprovação para a Petrobras – que até então era seu objetivo profissional.
Motivada a aprofundar seus conhecimentos, ela ingressou no curso de mestrado do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ). Ao longo do curso de pós-graduação, em especial durante a pesquisada dissertação de mestrado – que incluiu a oportunidade de passar dois meses na Universidade de Reims, na França – Carolina confirmou sua forte motivação pelo trabalho investigativo. “Foi toda essa experiência que me levou a perseguir uma formação avançada visando uma carreira acadêmica”, afirma.

Pesquisa
A partir dos anos 80, com a aceleração dos desenvolvimentos em micro fabricação e nanotecnologia, surgiu uma nova área científica e tecnológica conhecida como nano e microfluídica. Este campo foi importante para a inovação tecnológica em diversas aplicações, como nos chamados MEMS (Micro-Electro-Mechanical-Systems) e nos LOC (Lab-on-a-Chip). Exemplo de MEMS são as “cabeças de impressoras” de jato de tinta; e de LOCs, são os dispositivos para análise instantânea de glicose no sangue. “A miniaturização de dispositivos fluídicos não implica apenas em uma redução de tamanho, que pode até ser desejável em muitas situações, mas, na micro e nano escalas, os processos de transporte de calor e massa, por exemplo, tornam-se mais eficientes, rápidos e controláveis, reduzindo, por exemplo, o consumo de energia e requerendo menores quantidades de insumos nos processos.” Carolina explica que trabalha no desenvolvimento teórico e experimental de dispositivos microfluídicos, baseados na movimentação de diminutas quantidades de fluidos, tais como micro trocadores de calor, microrreatores, micromisturadores e microseparadores.
Doutora pela UFRJ, Carolina atualmente é chefe do Laboratório de Nano e Microfluídica e Microssistemas (LabMEMS) da Coppe/UFRJ. Em 2011, se tornou bolsista em produtividade de pesquisa nível 2 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Desde 2012, é “Jovem Cientista do Nosso Estado” pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Fora do ambiente de trabalho, a engenheira gosta de passar o tempo divertindo-se coma família, o marido e os três filhos: Victor, de 12 anos, Clara, cinco, e Gabriel, três.
Para Carolina, a “liberdade de pensar e o dinamismo da investigação científica” são os elementos que mais encantam na vida acadêmica. Receber o título de membro afiliado da ABC é uma grande honra para a cientista, que espera poder incrementara participação das engenharias na Academia e fomentar uma maior interação da engenharia com outras áreas da ciência.