O Acadêmico e presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães, recebeu uma tripla homenagem na Capela Ecumênica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) na sexta-feira, 23 de maio, em uma bela solenidade que foi aberta ao som de “Melodia Sentimental”, do compositor Heitor Villa-Lobos. Ele foi laureado pela ABC, pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e pela universidade que hospedou o evento.

Clique na foto para ampliar
Mesa da cerimônia na Capela Ecumênica da Uerj

A homenagem foi por conta dos dez anos comandando a agência de fomento ao ensino superior – e desde 2008 também à educação básica -brasileira. Na gestão de Guimarães, o orçamento da Capes passou de R$ 580 milhões em 2004 para R$ 5,3 bilhões em 2013, e diversos projetos inovadores de estímulo à ciência e tecnologia e à educação foram lançados. Na mesa estavam presentes, entre outros, o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro, Alexandre Vieira; o presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Ruy Garcia Marques; e o vice-reitor da UERJ, Paulo Roberto Volpato Dias.

O reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, anunciou a concessão a Guimarães da Ordem do Mérito José Bonifácio, o mais alto grau honorífico da universidade, já conferido a importantes personalidades como presidentes da República e ministros de Estado. “É uma homenagem singela e pequena perto de sua contribuição”, afirmou Vieiralves, destacando que Guimarães é, mais do que um importante intelectual, um grande brasileiro. “Ele passa a fazer parte desta casa de forma permanente.” O reitor convidou a Acadêmica Débora Foguel, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para entregar a medalha ao homenageado.

Em seguida, o presidente da ABC, Jacob Palis, entregou ao Acadêmico a Medalha Henrique Morize, sendo outorgada pela primeira vez. Ela recebeu o nome do fundador da física experimental brasileira e da própria Academia Brasileira de Ciências, da qual foi o primeiro presidente. A extrema importância de Morize para a ciência é reconhecida até hoje. “A medalha reflete a competência científica de Jorge e a admiração coletiva resultante de sua histórica contribuição ao desenvolvimento da ciência brasileira, como um todo, à frente da Capes”, disse Palis.

Tande Vieira, Jacob Palis, Jorge Guimarães e Ricardo Vieiralves

A terceira homenagem veio com a entrega de uma placa pelo vice-presidente do Inmetro, Oscar Acselrad, que reconheceu o importante apoio da Capes a várias iniciativas do instituto, como a pós-graduação do Inmetro. Acserald representou o Acadêmico João Jornada, presidente da instituição, que gravou um vídeo cumprimentando Jorge Guimarães: “Ele promoveu uma verdadeira revolução na ciência brasileira e colocou a Capes como o grande vetor do desenvolvimento, além de contribuir para o Inmetro tornar-se uma instituição de primeira linha científica”.

De Campos para a Capes

A professora Teresa Cristina, que foi orientanda de Jorge Guimarães “na ciência e na vida”, falou sobre as qualidades do Acadêmico, nascido em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro, em uma família modesta, mas que sempre o incentivou. “Guimarães, que trabalhava na roça quando criança e às vezes precisava atravessar o rio a nado para ir à escola,mostra com o orgulho o diploma de operário e me ensinou que a paixão pela ciência é o único caminho.”
Graduado em medicina veterinária pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), com doutorado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pós-doutorado pelo National Institutes of Health, nos Estados Unidos, o presidente da Capes também é professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e ainda mantém seu laboratório de pesquisa. “Ele diz que é fruto da inclusão social e me mostrou a diferença entre movimento e ação”, afirmou Teresa Cristina, que destacou importantes ações da agência na gestão de Guimarães, como o Portal de Periódicos e a formação de professores da educação básica.
A “Capes africana”

Jorge Guimarães agradeceu a homenagem e disse que as pessoas com as quais conviveu facilitaram sua trajetória. “Muitos me perguntam se eu não estou cansado depois desses dez anos, e eu respondo: nem um pouquinho”, afirmou o Acadêmico, sendo aplaudido. “Há tanto para fazer na área de CT&I, em um país com apenas 8,5% da população com nível superior, que não dá para cansar. Temos muito trabalho pela frente.”

Ele falou sobre as ações da sua gestão, como o Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020 e o programa Ciência sem Fronteiras (CsF), que afirmou “ser um sucesso mundial, embora a imprensa não reconheça” (leia entrevista do jornal O Globo com Jorge Guimarães). “Esses estudantes estão mostrando capacidade de revolucionar a maneira de fazer ciência no Brasil”, declarou. “Por isso mesmo, o Obama prometeu ter um programa igual, com cem mil americanos indo estudar fora.” Até o final de 2014, o CsF vai conceder as 20 mil bolsas que ainda restam.
Guimarães falou, ainda, sobre o desafio de internacionalizar as instituições de ensino brasileiras, principalmente por conta da grandiosidade das universidades, que devem participar ativamente desse processo. E anunciou uma novidade: a “Capes africana”, que será lançada no continente pelo Banco Mundial, responsável pela iniciativa de criar um modelo semelhante ao da agência brasileira em dez países da África, com a montagem de 19 centros de pesquisa.
No próximo mês, Guimarães embarca para Dacar, no Senegal, com uma equipe que inclui os Acadêmicos Carlos Morel, coordenador científico do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (CDTS-Fiocruz); Virgílio Almeida, secretário do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e Alvaro Prata, secretário nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação e engenheiro da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Saiba mais sobre a Capes africana em matéria do Estadão.