Este modelo em tamanho real de um colossal Tropeognathus mesembrinus, um dos maiores pterossauros conhecidos, com 8 metros de envergadura, encontrado no Brasil, recebe os visitantes da exposição “Pterosaurs: Flight in the Age of Dinosaurs” (“Pterossauros: Voo na Era dos Dinossauros”, em tradução livre), aberta neste fim de semana no American Museum of Natural History, em Nova York. FOTO: ©AMNH/R. Mickens

De todos os grandes animais que habitavam a Terra na era dos dinossauros, os pterossauros estão entre os mais incompreendidos.
Seus ossos finos e frágeis tornam difícil a preservação de fósseis, o que representa um desafio para paleontólogos na tentativa de explicar como viviam esses répteis voadores pré-históricos, parentes próximos dos dinossauros, que dominaram os céus por 150 milhões de anos, até serem extintos 66 milhões de anos atrás.
Na tarefa de entender esses animais, o Brasil tem papel fundamental, não apenas por ter grande quantidade de fósseis, mas pela qualidade da preservação desse material, em três dimensões, diferentemente do que costuma ser encontrado em outros países.
“São esses fósseis do Brasil que nos permitem entender como esses animais funcionavam”, disse à BBC Brasil o paleontólogo brasileiro Alexander Kellner, do Museu Nacional, no Rio, uma das principais autoridades sobre o tema.
A importância desse material está destacada na exposição Pterosaurs: Flight in the Age of Dinosaurs (Pterossauros: Voo na Era dos Dinossauros, em tradução livre), aberta neste fim de semana no American Museum of Natural History, em Nova York, e que tem Kellner como um dos curadores.
Maior exposição sobre o tema já organizada nos EUA, a mostra reúne fósseis raros, réplicas e modelos de vários países para abordar as mais recentes descobertas sobre como esses animais voavam, se alimentavam, acasalavam e criavam seus filhotes.
“Na última década houve uma explosão na pesquisa e descoberta de fósseis de pterossauros”, diz a presidente do museu, Ellen Futter.
Diversidade
Já na entrada, o visitante é recebido pelo modelo em tamanho real de um colossal Tropeognathus mesembrinus, um dos maiores pterossauros conhecidos, com 8 metros de envergadura, encontrado no Brasil.
Próximo dele está o Nemicolopterus crypticus, encontrado na China, com envergadura de apenas 25 centímetros, o que revela a grande diversidade desses animais, únicos vertebrados a desenvolver a capacidade de voar além dos pássaros e morcegos.
Calcula-se que havia pelo menos 150 espécies de pterossauros. Como os fósseis são mais facimente preservados perto da água, quase todas as espécies conhecidas viviam na costa.
A mostra recorre também a vídeos e interatividade para contar a história desses animais e permite até mesmo que o visitante “pilote” duas espécies de pterossauro por paisagens virtuais pré-históricas, por meio de um sensor de movimento.
Um dos pontos altos é um diorama que recria um cenário do cretáceo, baseado inteiramente em fósseis encontrados no Brasil e localizado no que hoje em dia é a Bacia do Araripe (sítio arqueológico na divisa entre Ceará, Piauí e Pernambuco).
“Os EUA e outros países dão uma importância enorme a essa riqueza do Brasil”, diz Kellner.
“Acho importante que o Brasil conheça esses seus recursos naturais representados por esses fósseis.”
A exposição fica em cartaz em Nova York até 4 de janeiro de 2015. Sobre a possibilidade de ser levada ao Brasil, o paleontólogo diz que o que falta é verba e investimento.
“O Brasil deveria ter vergonha por não ter uma exposição de qualidade em história natural”, afirma. “Olha a valorização do material do Brasil aqui. Está na hora de o santo de casa fazer milagre.”
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