Um seleto grupo de jovens cientistas de diferentes áreas – 25 provenientes do Brasil, 25 do Reino Unido e 6 do Chile – se reuniu entre 23 e 26 de fevereiro em um edifício centenário da Royal Society em Chicheley, um vilarejo do condado de Buckinghamshire, no sul da Inglaterra, para apresentar e discutir questões prementes e instigantes em seus respectivos campos de pesquisa.
São os participantes do UK-Brazil-Chile Frontiers of Science, evento organizado pela Royal Society – a mais antiga academia de ciências do mundo, com sede no Reino Unido -, em conjunto com a Fapesp, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Academia Chilena de Ciências.
O objetivo do encontro foi fomentar a colaboração científica e interdisciplinar entre pesquisadores brasileiros, chilenos e britânicos em áreas na fronteira do conhecimento.
“Há um interesse mútuo entre Brasil, Reino Unido e Chile para realizar pesquisas em conjunto e ampliar suas cooperações científicas”, disse Marcelo Knobel, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“Eventos como esse facilitam o contato e a conversa entre os pesquisadores de diferentes países”, avaliou Knobel, que integra a Coordenação Adjunta de Colaborações em Pesquisa da Fapesp e é um dos coordenadores da organização do evento, ao lado de Zita Martins, pesquisadora do Departamento de Ciências da Terra e Engenharia do Imperial College de Londres.
Foram selecionados para o encontro pesquisadores preferencialmente com menos de 20 anos de doutorado e liderança reconhecida no meio acadêmico.
A programação foi organizada por um comitê, composto por seis cientistas do Reino Unido e outros seis do Brasil. O comitê científico foi encarregado de selecionar os temas das seis sessões que ocorrerão ao longo de três dias e contarão com dois palestrantes cada – sempre um do Brasil e outro do Reino Unido.
As seis sessões abrangeram as áreas de Biodiversidade, Mudanças Climáticas, Saúde Humana, Ciências Espaciais, Biologia de Plantas e Biocombustíveis e Novos Materiais e Nanociência.
Alguns assuntos abordados na reunião foram: O que a filogenia pode nos dizer sobre a biodiversidade?, Ciência cidadã e Big Data: encontrar o sinal entre o ruído, Transmissão da Leishmania – sua exploração para a saúde humana e animal, Dispositivos moleculares biológicos para aplicações de sensoriamento, Melhoria da segurança alimentar através do aumento da eficiência fotossintética do arroz e A relevância de asteroides e cometas na criação de condições para a origem da vida na Terra.
O evento teve a participação de pesquisadores brasileiros da Unicamp, da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), das universidades federais do Pará (UFPA), de Goiás (UFG), de Minas Gerais (UFMG), do Rio de Janeiro (UFRJ), do ABC (UFABC), da Bahia (UFBA), de Santa Catarina (UFSC), da Embrapa Instrumentação, da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Ministério das Relações Exteriores.
Do lado britânico, estiveram presentes pesquisadores do Imperial College de Londres, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, do Centro para a Ecologia e Hidrologia da Grã-Bretanha, da Rothamsted Research, do Museu de História Natural de Londres, das Universidades de Cambridge, Salford, Nottingham, de Bristol, de Leeds, de Belfast, de Edimburgh, de Newcastle, de York, de Sheffield, e da University College London, da Liverpool John Moores University e da Queens University Belfast.
Já do lado chileno participaram pesquisadores da Universidade do Chile e da Pontifícia Universidade Católica do Chile.
Os pesquisadores selecionados participaram de todas as sessões da reunião, que tiveram o duração de duas horas e foram compostas por uma introdução ao tema, seguida de duas apresentações dos palestrantes convidados e uma sessão de perguntas. Ao final de cada sessão haverá uma discussão geral com o público.
Os pesquisadores que não participaram como palestrantes do encontro tiveram a oportunidade de apresentar suas pesquisas em andamento em uma sessão “rápida” de pôsteres, na qual tiveram 5 minutos para expor suas ideias ao público convidado.
“O formato do encontro é diferente do que os cientistas participantes estão acostumados e lhes permite ter uma visão ampla da ciência, que talvez não tenha resultado direto em suas pesquisas, mas certamente renova o prazer pela descoberta, que é o motivo que os levou a buscar a ciência como profissão”, afirmou Knobel.
Eventos anteriores
A reunião faz parte de uma série de encontros internacionais planejados para reunir notáveis cientistas em início de carreira, de todas as áreas, organizados pela Royal Society em conjunto com as academias nacionais de ciências e instituições de fomento à pesquisa em diferentes partes do mundo.
O último encontro foi realizado em 2013 na Rússia, em parceria com a Academia de Ciências da República do Tartaristão e a Academia Russa de Ciências.
Em 2010, foi realizada uma edição do evento no Brasil, organizada pela Fapesp e pela Royal Society, em parceria com o British Council, as Academia Brasileira e Chilena de Ciências e a Cooperação Reino Unido-Brasil em Ciência e Inovação.
O encontro, em Itatiba, no interior de São Paulo, reuniu 35 pesquisadores do Brasil, 35 do Reino Unido e 8 do Chile.
O relatório do encontro pode ser lido em www.fapesp.br/publicacoes/UKBrazil_FOS_report.pdf.
“O principal motivo para realizarmos uma segunda edição do evento [com pesquisadores brasileiros] na Inglaterra é que o primeiro encontro no Brasil, em São Paulo, foi um grande sucesso e resultou em excelentes discussões”, afirmou Knobel.
Mais informações sobre o Frontiers of Science: royalsociety.org/Frontiers-of-Science.