O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia de Ciências do Mundo em Desenvolvimento (TWAS) Jacob Palis recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” pela Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina, como reconhecimento “à brilhante trajetória matemática e a eficaz gestão em favor da matemática no Brasil, em toda América Latina e no mundo”. A cerimônia de outorga aconteceu no dia 6 de agosto, durante o 4º Congresso Latinoamericano de Matemáticos (CLAM 2012), organizado pela União Matemática da América Latina e Caribe (Umalca).

“É uma grande honra receber hoje o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de Córdoba, que comemora seus 400 anos em 2012 como uma das mais conhecidas instituições de ensino superior da América Latina e mundialmente respeitada. Particularmente, agradeço a meus colegas matemáticos da universidade e de outros centros argentinos e faço isso nas pessoas dos colegas e amigos de muitos anos Juan Alfredo Tirao, Isabel Dotti, Roberto Miatelo e Gustavo Corach”, disse Palis, em seu discurso de agradecimento.

Palis presidiu a União Internacional de Matemática (IMU, na sigla em inglês), o principal organismo global da área, entre 1998 e 2002. Neste mesmo período, o governo da Noruega criou um prêmio maior para matemáticos, o Prêmio Abel, com forte apoio da Direção da IMU. A entidade foi fundada em 1919, quando se programou um Congresso Internacional de Matemáticos em Estrasburgo, no ano seguinte.

Os congressos internacionais de matemáticos foram a causa primeira para a criação da União: o primeiro deles ocorreu em Zurique em 1897 e o segundo em Paris, em 1900. A partir daí foi realizado a cada quatro anos sucessivamente em Heidelberg, Roma e Cambridge. “O Congresso de Paris foi particularmente memorável, pois foi presidido por Henri Poincaré, considerado um grande promotor da cooperação internacional em matemática e nele David Hilbert apresentou sua histórica série de problemas para balizar o futuro desenvolvimento da área”, contou Palis.

A União praticamente deixou de existir em 1932, mas seus Congressos continuaram até 1936. Neste ano foram concedidas pela primeira vez Medalhas Fields, para Lars Ahlfors e Jesse Douglas. A IMU retomou suas atividades regulares a partir de 1950 e, em 1966, adotou a prática de conceder até quatro Medalhas Fields a cada Congresso.

O primeiro país latino-americano a pertencer à IMU foi o México, que ingressou em 1932. Já em 1952 ingressaram Argentina, Cuba e Peru e só a partir de 1954, o Brasil. Atualmente participam também da IMU a Colômbia, o Uruguai, a Venezuela, o Chile e ainda o Equador, como Membro Associado. Afiliada à IMU, surgiu em 1995 a Umalca, que teve como embrião as Escolas Latino-Americanas de Matemática (ELAMs). Estes cursos ocorreram 12 vezes desde 1968, de início com o apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA) mas adquirindo, gradativamente, autonomia, contando com o apoio de um programa de cooperação francesa em matemática que envolveu vários países da região.

A Umalca realiza seus Congressos a cada quatro anos e é um modelo excepcional de cooperação científica regional, contando com uma grande riqueza de atividades. Suas atividades demonstram um exemplar envolvimento da comunidade matemática regional para que elas sejam regulares e de alta qualidade, como as Escolas de Matemática da América Latina e Caribe (Emalca), os Congressos e o programa de mobilidade de jovens matemáticos na região.

“Longa vida à Umalca e à Cooperação Científica Internacional, particularmente na área de matemática na América Latina”, desejou Palis, concluindo seu discurso.

Veja aqui o discurso na íntegra.
Leia a notícia publicada no site da Universidade de Córdoba.