O professor Isaac Roitman é o novo decano de Pesquisa e Pós-Graduação. A nomeação foi publicada nesta terça-feira, 3 de julho, no Diário Oficial da União. Professor emérito da Universidade de Brasília, título que recebeu no último dia 22, em uma das cerimônias condecorativas mais cheias da história da instituição, Isaac Roitman substitui a professora Denise Bomtempo. Após três anos e oito meses no cargo, Denise Bomtempo deixa o decanato para organizar sua campanha à Reitoria. Em setembro, o Conselho Universitário define a lista tríplice de candidatos que encaminhará ao Ministério da Educação.

Com a nomeação, Isacc Roitman retorna à mesma cadeira e sala que ocupou entre 1985 e 1989, durante o reitorado do professor Cristovam Buarque. “Naquela época, éramos eu, dois assessores e uma secretária para uma estrutura de pesquisa e pós-graduação muito menor que a de hoje”, conta. A Universidade tem atualmente 145 cursos de mestrado e doutorado, número pelo menos três vezes menor que a do tempo em que o Isaac Roitman esteve à frente do decanato. Leia mais aqui.

A meta do professor é dar continuidade ao trabalho desenvolvido por Denise Bomtempo. “Meu objetivo principal é manter a qualidade de desempenho do decanato até o final da gestão do professor José Geraldo. Esse foi o compromisso que assumi com o reitor quando ele me fez o convite. Uma proposta inesperada, mas que aceitei pela familiaridade que tenho com a política científica, pelo respeito que nutro pelo reitor José Geraldo e pela possibilidade de lançar ideias. Este é o papel mais importante que devo exercer a esta altura da vida”, afirma o professor, que está com 73 anos.

Isaac Roitman avisa que não pretende fazer mudanças na equipe nem interromper políticas em andamento. “Darei seguimento às ações implementadas até aqui, como a política de editais, de incentivo à formação de redes de pesquisa, de interlocução com as agências de fomento e outros agentes externos”, explica. O professor pretende também articular a recuperação da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal. “Isto é algo que precisa ser feito. Não é possível que a capital federal, tenha uma fundação de incentivo à pesquisa em frangalhos”, critica.

DESAFIO

Para o especialista em Microbiologia, o principal desafio para a área científica da Universidade de Brasília é melhorar a atuação dos cursos nas avaliações trienais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Nossa performance precisa e pode melhorar. Para uma universidade do tamanho da nossa, é muito pouco termos apenas um curso 7 e alguns poucos com nota 6”, acredita. “Nos últimos três anos, o decanato abriu um amplo debate com a comunidade sobre isso e criou algumas condições importantes para incrementar esta atuação. É fundamental manter isso em vista”, diz.

Ao trabalho já iniciado, Isaac Roitman pretende acrescentar a experiência acumulada em 40 anos de vida acadêmica e como gestor de políticas científicas. Além de um dos mais importantes cientistas brasileiros na área de Fisiologia de Microorganismos, conhecido por seus estudos com meios quimicamente definidos para o cultivo in vitro de protozoários tripanosomatídeos, Isaac Roitman foi diretor de avaliação da Capes, assessor da presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), diretor de área no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e membro da diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). “A experiência nos ensina a ganhar velocidade, porque você aprende atalhos que na juventude desconhece”, afirma.

Mesmo em uma função marcada “por compromissos de manhã, de tarde e de noite”, como ele define, Isaac Roitman manterá sua atuação na Comissão UnB 50 anos e na coordenação de dois projetos: uma comissão ad hoc na UnB, chamada Núcleo do Futuro, que pretende integrar diferentes regiões por uma rede tecnológica, e um grupo de Educação na SBPC. “Meus netos estão preocupados porque vou trabalhar de manhã, de tarde e de noite, mas me sinto com muita disposição e tranquilidade para essa missão”.