O diretor do Escritório Regional para América Latina e Caribe do International Council for Science (ICSU-ROLAC), Manuel Limonta, participou da sexta edição do evento “Avanços e Perspectivas da Ciência na América Latina, Brasil e Caribe”, fazendo uma apresentação no segundo dia da conferência. Ele mostrou a estrutura do ICSU, que tem sede em Paris e está presente na África, Ásia e América Latina. De acordo com o palestrante, que é médico especializado em Hematologia, o conselho é uma organização não-governamental representando um conjunto de membros globais que inclui uniões e órgãos científicos internacionais.

Entre seus objetivos estão: identificar e abordar as principais questões de importância para a ciência e a sociedade; facilitar a interação entre os cientistas de todas as áreas e países; promover a participação de todos os cientistas na cooperação científica internacional, independentemente de raça, cidadania, linguagem, postura, política ou sexo; prestar assessoria para estimular o diálogo construtivo entre a comunidade científica e governos, sociedade civil e setor privado.

“O ICSU mobiliza conhecimentos e recursos da comunidade científica para fortalecer a ciência internacional em benefício da sociedade”, afirmou Limonta. Em relação aos escritórios regionais, o cubano disse que eles buscam, em primeiro lugar, assegurar que as prioridades regionais se reflitam no desenvolvimento estratégico internacional da ICSU. “Em segundo lugar, reforçamos a participação de cientistas e organizações científicas da região nas atividades de pesquisa e políticas do ICSU, permitindo que o conselho desempenhe um papel mais eficaz no reforço da ciência no contexto das prioridades regionais e capacitação através da colaboração”. O escritório chefiado atualmente por Limonta foi transferido para o México em 2010, em função do sistema de rodízio estabelecido no estatuto da entidade. De 2007 a 2010 foi sediado pelo Brasil, fixado na sede da ABC e dirigido pela socióloga Alice Abreu, Professora Emérita da UFRJ.

Após apresentar um breve histórico do Escritório Regional para América Latina e Caribe do ICSU, Limonta afirmou que as prioridades científicas do escritório correspondem a quatro áreas: biodiversidade, desastres naturais e prevenção de riscos, energia sustentável e ensino da matemática. Ele falou sobre a importância do Brasil em relação a esses temas e ao desenvolvimento da ciência na América Latina: “O país é uma liderança na região, por exemplo, em energia sustentável, cujo programa brasileiro é extraordinário. O Brasil é enorme, com uma grande quantidade de recursos naturais, água, biodiversidade… Além disso, conta com um excelente trabalho de pesquisadores como os da Embrapa, com reconhecimento mundial”.

Limonta acrescentou que outros países latinos, como Argentina, México e Colômbia, também estão se desenvolvendo cientificamente, mas o Brasil tem uma importância específica que o transforma no principal contribuinte ao status que a América Latina vem alcançando mundialmente. “O Brasil é um exemplo em todos os principais temas do nosso escritório regional. Os projetos de conservação da biodiversidade são um exemplo, além do trabalho em prevenir desastres e evitar perdas humanas por conta de catástrofes naturais”.

Ele também citou a mesa sobre Ciências Matemáticas realizada no evento da ABC, que promoveu uma discussão aprofundada sobre a importância dessa área como base de desenvolvimento para várias outras: “Ficou muito clara a preocupação que temos que ter para que o ensino das matemáticas ocorra de uma forma atraente para os estudantes. Além disso, evidenciou-se a importância da participação da matemática de forma longitudinal em outras áreas da ciência, como a biotecnologia”.

Limonta mencionou também que a realização da conferência Rio+20, dando continuidade a uma discussão que se iniciou no Rio de Janeiro em 1992, é motivo de orgulho não apenas para o escritório regional do ICSU, mas também para todos os países latinoamericanos. “Estamos felizes porque esse encontro vai acontecer na nossa região”, comentou. Por fim, o palestrante agradeceu ao presidente da ABC, Jacob Palis, pelo convite para participar novamente do “Avanços e Perspectivas da Ciência na América Latina, Brasil e Caribe”. “Aprendi muito coisa e tive a oportunidade de intercambiar conhecimentos com muitas pessoas”.