Para a farmacêutica Daniella Bonaventura, ver seu trabalho reconhecido através do Programa LOréal-ABC-Unesco para Mulheres na Ciência foi como uma resposta para suas dúvidas: “Este prêmio veio em uma hora abençoada e me fez ver que o que fiz e faço é correto, estou em um bom caminho. A ciência leva o homem ao progresso e à evolução”.

Daniella obteve graduação em farmácia e bioquímica pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP) e conta que desde o primeiro ano esteve envolvida com iniciação científica, mas foi no segundo ano que conheceu a química analítica e se encantou. Permaneceu na pesquisa até a formatura, quando teve certeza absoluta que trabalharia com farmacologia: “A graduação foi a melhor época da minha vida, foi quando me descobri como ser humano e tomei as rédeas da minha vida”.

Dedicando-se à carreira acadêmica, cursou mestrado e doutorado em farmacologia na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FCFRP-USP). Daniella destacou as dificuldades da época e como amigos e família foram importantes: “O mestrado foi difícil. Temos pouquíssimo tempo para desenvolver muitas coisas. Meus amigos foram fundamentais. Eles me inseriram definitivamente no mundo da ciência e minha família manteve minha saúde mental”, brinca. Daniella fez questão de destacar ainda, a importância e paciência de sua orientadora de doutorado, Lusiane Bendhack.

Seu projeto de pesquisa laureado é focado no estudo das alterações cardiovasculares relacionadas à dengue hemorrágica, que está associada ao rompimento de vasos sanguíneos e de coagulação. Ela destaca que os sintomas da doença são conhecidos, mas as alterações que ela provoca no sistema cardiovascular do paciente, não. “A compreensão do que a doença faz com o sistema cardiovascular permitirá a busca de possíveis alvos terapêuticos para o tratamento das formas graves da doença”.

Além de sua paixão pela ciência, Daniella ama estar em família. Ela conta que brincava muito com seus irmãos e era campeã de pular corda. Hoje, ainda brinca muito, com o filho Matheus, de apenas dois anos. Sempre reconheceu em seus pais exemplos de dedicação e amor e observava em seus irmãos a paixão pelos estudos. Na faculdade, começou a namorar seu atual marido, também pesquisador. “Minha família, parentes e amigos acham o máximo o fato de eu ser professora universitária e pesquisadora. Eu me divirto!”.

Com o prêmio, Daniella pretende investir ainda mais em sua pesquisa, que já passou por momentos difíceis, chegando a ter que comprar animais para seus alunos com recursos próprios. Mas sempre acreditou no que faz. Um bom pesquisador, a seu ver, tem que ter curiosidade, envolvimento, ética, honestidade e força de vontade. “O que me encanta na ciência é que poder descobrir algo novo todos os dias. Digo aos jovens que querem ser cientistas para acreditarem em seus sonhos: é uma área linda, que provoca prazer e superação diariamente”.