Nascido na capital, em Porto Alegre, Felipe dal Pizzol cresceu no interior do Rio Grande do Sul, na serra, em Bento Gonçalves. O pai e o irmão têm vinícolas, nunca houve um cientista na família. Quando se viu forçado a escolher uma profissão, optou por Medicina. Não que percebesse em si uma vocação para a carreira clínica: nos testes psicológicos que fez ficara claro, inclusive, que ele não tinha habilidade para cuidar de pessoas. Mas gostava de Biologia, Química, Física, Matemática.

No segundo período, começou a fazer iniciação científica em Bioquímica no laboratório do professor José Cláudio de Fonseca Moreira, coordenador do Centro de Estudos em Estresse Oxidativo, ocupando a vaga do colega João Quevedo, que teve oportunidade de ir para o laboratório do Acadêmico Ivan Izquierdo, trabalhar com memória, que era seu foco de maior interesse. Entrou por acaso, descobriu a possibilidade de trabalhar com pesquisa e gostou, lá ficando até o doutorado. Se bem que hoje também clinica e gosta do que faz. Segundo ele, por influência da mulher, também médica, que o levou a trabalhar com sepse, na época da residência e depois no mestrado. “Eu já estava trabalhando com câncer de pulmão e a sepse é a infecção generalizada, que provoca falência dos órgãos e pode levar à morte. Pesquiso novos mediadores da doença, moléculas que sinalizam se o sistema imunológico vai ser ou não ativado”.

Hoje Pizzol trabalha principalmente com terapia intensiva, dividindo seu tempo entre o laboratório, na pesquisa de base de sepse, e a UTI. Lembrando-se da avaliação da psicóloga, ele considera que a relação médico-paciente na UTI é diferente da clínica. “Existe menos comunicação e não acompanhamos o paciente depois. E salvamos vidas, o que me agrada muito.”

A indicação para a ABC foi feita pelo Acadêmico Diogo Souza. Pizzol considerou uma honra ser escolhido para estar entre as pessoas que melhor fazem ciência no Brasil. “Em dezembro fui à Conferência Avanços e Perspectivas da Ciência na América Latina e Caribe da ABC, convidado como jovem cientista e dei uma palestra sobre os novos mediadores. Espero poder contribuir mais, de alguma forma.”