pt_BR

Sociedade Brasileira de Imunologia divulga parecer científico sobre uso da cloroquina

A Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), presidida pelo Acadêmico o Acadêmico Ricardo Tostes Gazzinelli, divulgou, na segunda-feira (18/5), um parecer científico sobre a utilização de cloroquina e hidroxicloroquina contra a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. O documento é assinado também pelos 22 membros do comitê científico e pela diretoria da entidade.

Segundo a SBI, a escolha da cloroquina e hidroxicloroquina para tratar a covid-19, medicamentos de uso controlado para tratar doenças como lúpus e malária, stá na contramão da experiência mundial e científica contra a pandemia pela falta de evidências científicas. Além disso, a SBI alerta para os “efeitos adversos graves” que podem ser causados por aquelas substâncias, como arritmias e problemas cardiovasculares.

Leia o parecer científico divulgado pela SBI na íntegra.

Celebração ou defesa da biodiversidade brasileira?

Leia o artigo da Coalizão Ciência e Sociedade, grupo que inclui diversos Acadêmicos, publicado em 20/5:

O Dia Internacional da Biodiversidade é comemorado anualmente em 22 de maio. A data, criada pela Organização das Nações Unidas, é uma oportunidade para destacar a importância da diversidade biológica e, mais ainda, a necessidade de sua proteção sistemática em todos os ecossistemas do planeta. Em 2020, no Brasil, a data é um grave alerta sobre as fortes conexões entre bem-estar humano e a conservação da natureza.

O doloroso e, infelizmente, previsível avanço da pandemia de Covid-19 abriu as entranhas da desigualdade social e econômica e mostrou os impactos negativos dos movimentos de descrédito da Ciência no Brasil. Ao incansável esforço de comunicação, prevenção e apoio aos setores da sociedade mais duramente atingidos, se contrapõe a falta de liderança central responsável e empática.

Mesmo com as evidências científicas acumuladas nas últimas décadas sobre as relações entre degradação ambiental e o surgimento de novas zoonoses, o Brasil segue apresentando dados alarmantes de avanço do desmatamento, invasão de terras indígenas e medidas de relaxamento da fiscalização e da legislação ambiental. O mais alarmante é que essas ações vêm sendo patrocinadas por autoridades que deveriam defender e proteger o patrimônio ambiental de todos os brasileiros.

Está em marcha a degradação dos valores e missões e a perda de autonomia de instituições de Estado como a Funai, o Ibama e o ICMBio. Em nome de uma visão expropriadora que beneficia setores específicos da sociedade, gestores dessas instituições se voltam contra suas funções de manutenção dos direitos constitucionais dos povos indígenas e de proteção do meio ambiente que, sabidamente, gera múltiplos benefícios diretos para toda sociedade.

Leia o artigo na íntegra.

“Por favor, não voltemos ao normal”

O jornal Le Monde publicou, em 7/5, manifesto assinado mais de 200 artistas e cientistas de todo o mundo, inclusive o membro correspondente da ABC, Serge Haroche, Prêmio Nobel de Física.

O documento, capitaneado pela atriz Juliette Binoche e pelo astrofísico Aurélien Barrau, defende que para que o mundo evite um desastre ecológico, os líderes mundiais e os cidadãos precisam agir agora. Diante da tragédia da pandemia de covid-19, fica claro que “ajustes” não são suficientes pra resolver um problema que é sistêmico. Todos os indicadores, como catástrofes ambientais e pandemias, apontam para a extinção massiva da vida na Terra.

Os signatários do documento apelam para os líderes e para todos os cidadãos que reavaliem com profundidade o que é essencial, repensando nossas metas, valores e economias.

O documento diz que a obsessão pelo consumismo e pela produtividade nos levaram a negar o valor da vida em si, das plantas, dos animais e de um grande número de seres humanos. A poluição, as mudanças climáticas e a destruição da natureza levaram o mundo a um ponto limite, sem retorno.

“Por essas razões, acompanhando a urgência de renovação com uma política de equidade social, acreditamos ser impensável ‘voltar ao normal’. A transformação radical de que precisamos, em todos os níveis, requer ousadia e coragem e só ocorrerá com um comprometimento determinado e massivo. Precisamos agir agora. É uma questão de sobrevivência, de dignidade e de coerência”, conclui o documento.

Leia o original em francês.

Assinam o documento:

Lynsey Addario, fotojornalista; Isabelle Adjani, atriz; Roberto Alagna, cantor de ópera; Pedro Almodovar, diretor de cinema; Santiago Amigorena, escritor; Angèle, cantora; Adria Arjona, atriz; Yann Arthus-Bertrand, fotógrafo e diretor de cinema; Ariane Ascaride, atriz; Olivier Assayas, diretor de cinema; Josiane Balasko, atriz; Jeanne Balibar, atriz; Bang Hai Ja, pintor; Javier Bardem, ator; Aurélien Barrau, astrofísico, membro honorário do Instituto Universitário da França; Mikhail Baryshnikov, bilarino e coreógrafo; Nathalie Baye, atriz; Emmanuelle Béart, atriz; Jean Bellorini, diretor de teatro; Monica Bellucci, atriz; Alain Benoit, físico, membro da Académie des Sciences de France; Charles Berling, ator; Juliette Binoche, atriz; Benjamin Biolay, cantor; Dominique Blanc, atriz; Cate Blanchett, atriz; Gilles Bœuf, ex-presidente do National Museum of Natural History; Valérie Bonneton, atriz; Aurelien Bory, diretor de teatro; Miguel Bosé, ator e cantor; Stéphane Braunschweig, diretor de teatro; Stéphane Brizé, diretor de cinema; Irina Brook, diretor de teatro; Peter Brook, diretor de teatro; Valeria Bruni Tedeschi, atriz e diretora de cinema; Khatia Buniatishvili, pianista; Florence Burgat, ex-presidente do National Museum of Natural History; Guillaume Canet, ator e diretor de cinema; Anne Carson, poeta e escritora, membro da Academy of Arts and Sciences; Michel Cassé, astrofísico; Aaron Ciechanover, Prêmio Nobel de Química; François Civil, ator; François Cluzet, ator; Isabel Coixet, diretora de cinema; Gregory Colbert, fotógrafo e diretor de cinema; Paolo Conte, cantor; Marion Cotillard, atriz; Camille Cottin, atriz; Penélope Cruz, atriz; Alfonso Cuaron, diretor de cinema; Willem Dafoe, ator; Béatrice Dalle, atriz; Alain Damasio, escritor; Ricardo Darin, ator; Cécile de France, atriz; Robert De Niro, ator; Annick de Souzenelle, escritora; Johann Deisenhofer, bioquímico, Prêmio Nobel de Química; Kate del Castillo, atriz; Miguel Delibes Castro, biólogo, Royal Spanish Academy of Sciences; Emmanuel Demarcy-Mota, diretor de teatro; Claire Denis, diretor de cinema; Philippe Descola, antropólogo, CNRS Gold Medal; Virginie Despentes, escritora; Alexandre Desplat, compositor; Arnaud Desplechin, diretor de cinema; Natalie Dessay, cantora de ópera; Cyril Dion, escritor e diretor de cinema; Hervé Dole, astrofísico, membro honorário do Institut Universitaire de France; Adam Driver, ator; Jacques Dubochet, Prêmio Nobel de Química; Diane Dufresne, cantora; Thomas Dutronc, cantor; Lars Eidinger, ator; Olafur Eliasson, artista plástico e escultor; Marianne Faithfull, cantora; Pierre Fayet, membro da Academy of Sciences; Abel Ferrara, diretor de cinema; Albert Fert, Prêmio Nobel de Física; Ralph Fiennes, ator; Edmond Fischer, bioquímico, Prêmio Nobel de Medicina; Jane Fonda, atriz; Joachim Frank, Prêmio Nobel de Química; Manuel Garcia-Rulfo, ator; Marie-Agnès Gillot, primeira bailarina; Amos Gitaï, diretor de cinema; Alejandro Gonzales Iñarritu, diretor de cinema; Timothy Gowers, matemático, Medalha Fields; Eva Green, atriz; Sylvie Guillem, primeira bailarina; Ben Hardy, ator; Serge Haroche, Prêmio Nobel de Física; Dudley R. Herschbach, Prêmio Nobel de Química; Roald Hoffmann, Prêmio Nobel de Química; Rob Hopkins, fundador do Cidades em Transição; Nicolas Hulot, presidente honorári o daNicolas Hulot Foundation for Nature and Man; Imany, cantora; Jeremy Irons, ator; Agnès Jaoui, ator e diretor de cinema; Jim Jarmusch, diretor de cienma; Vaughan Jones, matemático, Medalha Fields; Spike Jonze, diretor de cinema; Camélia Jordana, cantora; Jean Jouzel, climatologista, Vetlesen Prize; Anish Kapoor, escultor e pintor; Naomi Kawase, diretor de cinema; Sandrine Kiberlain, atriz; Angélique Kidjo, cantora; Naomi Klein, escritora; Brian Kobilka, Prêmio Nobel de Química; Hirokazu Kore-eda, diretor de cinema; Panos Koutras, diretor de cinema; Antjie Krog, poetisa; La Grande Sophie, cantora; Ludovic Lagarde, diretor de teatro; Mélanie Laurent, atriz; Bernard Lavilliers, cantor; Yvon Le Maho, ecofisiologista, membro da French Academy of Sciences; Roland Lehoucq, astrofísico; Gilles Lellouche, ator e diretor de cinema; Christian Louboutin, designer; Roderick MacKinnon, Prêmio Nobel de Química; Madonna, cantora; Macha Makeïeff, diretor de teatro; Claude Makélélé, jogador de futebol; Ald Al Malik, artista de rap; Rooney Mara, atriz; Ricky Martin, cantor; Carmen Maura, atriz; Michel Mayor, Prêmio Nobel de Física; Médine, artista de rap; Melody Gardot, cantora; Arturo Menchaca Rocha, fisico, ex-presidente da Academia Mexicana de Ciências; Raoni Metuktire, chefe indígena; Julianne Moore, atriz; Wajdi Mouawad, diretor de teatro e escritor; Gérard Mouroux, Prêmio Nobel de Física; Mouskouri, cantora; Yael Naim, cantora; Jean-Luc Nancy, filósofo; Guillaume Néry, campeão mundial de mergulho livre; Pierre Niney, ator; Michaël Ondaatje, escritor; Thomas Ostermeier, diretor de teatro; Rithy Panh, diretor de cinema; Vanessa Paradis, cantora e atriz; James Peebles, Prêmio Nobel de Física; Corine Pelluchon, filósofaf; Joaquin Phoenix, ator; Pomme, cantora; Iggy Pop, cantor; Olivier Py, diretor de teatro; Radu Mihaileanu, diretor de cinema; Susheela Raman, cantora; Edgar Ramirez, ator; Charlotte Rampling, atriz; Raphaël, cantor; Eric Reinhardt, escritor; Residente, cantor; Jean-Michel Ribes, diretor de cinema; Matthieu Ricard, monge budista; Richard Roberts, Prêmio Nobel de Medicina; Isabella Rossellini, atriz; Cecilia Roth, atriz; Carlo Rovelli, físico, membro honorário do Institut Universitaire de France; Paolo Roversi, fotógrafo; Ludivine Sagnier, atriz; Shaka Ponk (Sam et Frah), cantores; Vandana Shiva, filósofo e escritor; Abderrahmane Sissako, diretor de cinema; Gustaf Skarsgard, ator; Sorrentino Paolo, diretor de cinema; Sabrina Speich, oceanógrafa, Albert Defant Medal; Sting, cantor; James Fraser Stoddart, Prêmio Nobel de Química; Barbra Streisand, cantora atriz e diretora de cinema; Malgorzata Szumowska, diretora de cinema; Béla Tarr, diretor de cinema; Bertrand Tavernier, diretor de cinema; Alexandre Tharaud, pianista; James Thierré, diretor de teatro e bailarino; Mélanie Thierry, atriz; Tran Anh Hung, diretor de cinema; Jean-Louis Trintignant, ator; Karin Viard, atriz; Rufus Wainwright, cantor; Lulu Wang, diretora de cinema; Paul Watson, navegador e escritor; Wim Wenders, diretor de cinema; Stanley Whittingham, Prêmio Nobel de Química; Sonia Wieder-Atherton, violoncelista; Frank Wilczek, Prêmio Nobel de Física; Olivia Wilde, atriz; Christophe Willem, cantor; Bob Wilson, diretor de teatro; Lambert Wilson, ator; David Wineland, Prêmio Nobel de Física; Xuan Thuan Trinh, astrofísico ; Muhammad Yunus, economista, Prêmio Nobel da Paz; Zazie, cantora.

Rede de Academias de Ciências das Américas lança declaração relativa à pandemia

A Rede de Academias de Ciências das Américas (Ianas) lançou, em 27/4, declaração que reafirma a importância de que as melhores informações médicas e científicas sejam utilizadas nos esforços nacionais e regionais de resposta à pandemia de covid-19.

A Ianas e suas Academias-membro se colocam à disposição para colaborar com governos, o setor privado e a sociedade como um todo para apoiar a saúde pública no continente.

Vale destacar que os dois co-chairs da Ianas são membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC): Helena Nader é membro titular e vice-presidente, enquanto que Jeremy McNeil é membro correspondente.

Leia a declaração na íntegra, em português.

Carta aberta à Organização das Nações Unidas

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) somou-se a outras 76 instituições de todas as partes do mundo no encaminhamento de um pedido ao secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

As signatárias, que são instituições de saúde pública, cuidados de saúde, científicas, acadêmicas e de outras áreas relacionadas, manifestaram profunda preocupação com o crescente impacto da pandemia de covid-19 entre populações já vulneráveis ​​e marginalizadas em todo o mundo – ou seja, 80% da população mundial.

A carta destaca que a maioria dos sistemas de saúde não está preparada para lidar com uma pandemia dessa magnitude, situação exacerbada por modelos de saúde que visam o lucro e que a tratam como uma mercadoria, não como um direito humano básico.

Ressalta ainda que tem sido evidenciado o melhor e o pior das pessoas e nações: a solidariedade que salva versus a acumulação dos privilegiados, que mata.

A proposta do documento é que o secretário-geral da ONU ofereça o apoio necessário à Organização Mundial da Saúde (OMS), criando uma “Força-Tarefa pela Equidade Global em Saúde”. Esta força-tarefa seria um grupo multissetorial organizado para enfrentar o impacto da pandemia em suas dimensões plenas de saúde, sociodemográficas e econômicas, desenvolvendo normas internacionais necessárias para apoiar a produção regional de medicamentos genéricos, suprimentos e equipamentos de qualidade. “A magnitude do impacto dessa pandemia requer intervenções corajosas para proteger os mais necessitados”, aponta a carta.

Leia a carta na íntegra, em português.

ABC e ANM apelam ao Senado Federal

O presidente da ABC, Luiz Davidovich, e o presidente da Academia Nacional de Medicina, Rubens Belfort Jr., que também e membro titular da ABC, enviaram Ofício ao presidente do Senado Federal, David Alcolumbre, em 22/4.

O documento destaca que o momento atual já mostrou como a pesquisa e a ciência são fundamentais e que a rapidez do poder público em investir na pesquisa e inovação será decisiva para o enfrentamento da pandemia do coronavírus no Brasil. Refere-se ao pacote norte-americano de estímulo à economia e proteção da sociedade, recentemente lançado, que reservou mais de R$ 6,25 bilhões para o suporte a pesquisas científicas no combate ao coronavírus e comparou-a à tímida Medida Provisória n. 929/2020, que liberou apenas 100 milhões de reais para este fim.

Ainda assim, de acordo com o documento, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) conseguiu iniciar a mobilização dos cientistas em pesquisas e avanços nas áreas de terapêutica, vacinas, diagnósticos, inovação para desenvolvimento de equipamentos e reforços de equipes de atendimento. Mas os recursos são insuficientes para o tamanho da calamidade pública.

Assim, os presidentes das Academias signatárias solicitam ao presidente do Senado ajuda para que o Senado Federal tramite o Projeto de Lei nº 2065/2020, de autoria do Senador Jaques Wagner, também subscrita pelos Senadores Humberto Costa e Paulo Paim, que cria um Programa de Apoio Emergencial às Pesquisas sobre Doenças Virais e ao Combate ao Coronavírus (Covid-19) em regime de urgência e de prioridade. O Projeto de Lei propõe destinar ao MCTIC fundos adicionais no valor de R$ 500.000.000,00 (quinhentos milhões de reais) para a pesquisa de novos tratamentos e vacinas para o combate ao coronavírus. “Esses fundos são de vital importância para a pesquisa científica e o momento pede que consigamos fazer chegar os recursos aos laboratórios rapidamente”, diz a carta.

Fnalizando, o documento enviado ao presidente do Senado apela para o cumprimento da Constituição Federal, que em seu artigo 218 afirma que “O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação” e que “A pesquisa científica básica e tecnológica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso da ciência, tecnologia e inovação”.

Cientistas do Pará e as contribuições da ciência frente à pandemia da Covid-19

Leia demanda de cientistas do Pará ao governador do Estado, enviada em 16/4:

Excelentíssimo Senhor Helder Zahluth, Governador do Estado do Pará:

Acompanhamos a crise sanitária que assola o mundo e o Brasil com a expansão da pandemia do novo Coronavírus (SARS-CoV-2), causador da doença COVID-19. O Pará nos preocupa sobremaneira, pois as condições sanitárias e de acesso à saúde que historicamente apresentam-se problemáticas são fundamentais para vencermos a doença. O número de infectados pelo novo Coronavírus no Brasil, e no estado, continua aumentando a cada dia e até janeiro de 2020, o Sistema de Saúde do Pará tinha 1.013 ventiladores/respiradores e 623 UTIs 1 . Estudo recente mostra que no pior cenário teremos um pico de cerca de 2.800 infecções e no melhor cenário, o pico de infecção no estado será de 650 infectados2.

Expressamos nosso integral apoio às iniciativas tomadas pelo Governo do Estado do Pará neste momento crucial em que precisamos de respostas rápidas para frear o avanço da epidemia. Em adição às ações relevantes já instituídas pelo Governo do Pará, sugerimos, nesta oportunidade, a organização de um comitê estadual para articular as ações dos institutos de pesquisa nas temáticas sugeridas neste documento.

Dirigimo-nos a Vossa Excelência com o objetivo de elencar algumas reflexões e propostas que merecem especial atenção neste grave contexto:

1) Assegurar a incontornável necessidade de isolamento social e de estratégias ampliadas

A Organização Mundial de Saúde (OMS)3 tem evidenciado três grandes estratégias para a contenção da curva epidêmica da doença e a ampliação da capacidade assistencial dos casos positivos. São eles:

1. ampliação da testagem dos casos suspeitos com entrega rápida dos resultados;

2. identificação dos comunicantes da doença e imediato isolamento domiciliar;

3. investimentos voltados a proteção dos profissionais de saúde; além do deslocamento de profissionais voltados à assistência, ao monitoramento e à implementação de estratégias de controle comunitário.

Como cientistas, expressamos o nosso apoio incondicional às determinações do Ministério da Saúde e do Governo do Estado do Pará em seguir as recomendações básicas da Organização Mundial de Saúde – OMS e da ciência no enfrentamento dessa pandemia, que se espalha com muita rapidez: “os dados sobre a difusão da doença no país indicam que se trata de um modelo hierárquico, fortemente relacionado com as interações espaciais existentes na rede urbana brasileira4. Ou seja, às características da doença (alto índice de transmissão por infectados assintomáticos), deve-se acrescentar a capilaridade de sua penetração no território. Uma vez instalada, a COVID-19 evolui rapidamente para um modelo de transmissão comunitária, multiplicando os focos da doença. Diante da ausência de métodos de imunização e de protocolos definitivos de tratamento, a única maneira de evitar o aumento exponencial de infectados – e de mortes – pelo vírus é, comprovadamente,  isolamento social, como tem demonstrado o exemplo de vários países.

A despeito de declarações contrárias ao isolamento, que postulam que a “vida não tem valor infinito”, muitos representantes dos executivos da Federação, a exemplo de Vossa Excelência, têm mostrado o empenho em defender e zelar pela saúde e pela vida dos cidadãos. É devido à atitude responsável desses gestores que mais da metade de todos(as) os(as) brasileiros(as) continua em casa seguindo as orientações das instituições internacionais que recomendam o isolamento social. No Pará, o índice de isolamento é de 50%5.  Cumprimentamos Vossa Excelência pelo alcance obtido por sua gestão. E apoiamos a expansão das ações protetivas no estado, por meio de programas e ações de apoio contínuo à renda emergencial básica para trabalhadores(as) de baixa renda ou informais, assim como de outras medidas, detalhadas a seguir.

2) Garantir medidas de proteção às populações vulneráveis na Amazônia

Os cientistas sociais apontam que a Pandemia da Covid-19 não afetará todas as pessoas da mesma maneira. No Brasil, além de grande parte da população viver na informalidade, temos grupos sociais poucos visíveis da sociedade que ainda aguardam a atenção do poder público.

Esta pandemia tem o potencial de afetar gravemente populações vulnerabilizadas, como os indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais como os ribeirinhos, privados de liberdade, refugiados e outros. Assim como os que vivem em situação de rua em Belém e em outras cidades, essas populações, além de orientações específicas e explícitas, precisam de políticas e programas de renda, moradia, acesso à água potável, insumos básicos e assistência médica, como respostas concretas do Poder Público às suas necessidades.

Considerando que, no Pará, 45% dos municípios têm mais da metade de sua população em situação de pobreza extrema, políticas de proteção social e humanitária, que respeitem a saúde, a vida e os direitos dessas populações mais vulneráveis, precisam ser implementadas emergencialmente.

3) Coordenar ações de ciência, saúde, meio ambiente e saneamento básico

Estudos realizados na China e em Singapura6 mostraram que os pacientes de COVID-19 mantinham em suas fezes o material genético do vírus, mesmo depois de não apresentá-lo mais no pulmão ou nas vias respiratórias. Dada a escassez de saneamento na região amazônica, nos meses de duração da pandemia, é possível que uma grande carga viral seja despejada em nossos rios, ampliando a disseminação do vírus Sars-CoV-2 no ambiente e a infecção contínua da parcela mais vulnerável da população.

Para evitar o quadro acima, são urgentes ações conjuntas e coordenadas dos governos, profissionais da área da saúde, do saneamento, das instituições de pesquisa e do setor privado. O precário cenário de emergência de saúde pública, é agravado ainda mais em função dos problemas de desigualdade social e do elevado déficit na prestação de serviços de saneamento em nosso estado, que oferece serviços de água tratada a 45,3% dos habitantes e apenas 6,3% deles têm acesso à coleta de esgoto e 4,4% dos esgotos são tratados7.

A pandemia do novo coronavírus pode ter efeitos colaterais além dos circunscritos à saúde na região amazônica. Preocupa-nos o desmatamento acelerado que está acontecendo neste período crítico e apelamos para que o Governo do Estado continue a monitorar o desmatamento, evitando novos prejuízos ambientais e socioeconômicos no estado.

4) Fortalecer o SUS, criar linha de produção de Equipamentos de Proteção Individual-EPI e reforçar recursos humanos em saúde

A crise atual também indica a urgência em fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), reconsiderando a sua importância e direcionando investimentos ao aumento das suas capacidades instaladas. Um SUS forte é – hoje e no futuro – absolutamente indispensável para enfrentar os novos desafios impostos pelas ameaças de epidemias e pandemias, em muito associadas à destruição da natureza em diversas partes do globo e, particularmente, na Amazônia.

A remoção de gargalos imediatos, como a formação de pessoal para efetuar os testes PCR e diminuir a sobrecarga e/ou estabelecer rotinas eficientes no uso de extratores de RNA, necessários à testagem, pode ser considerada como prioritária no combate à doença e à aferição de seu impacto real sobre a população. Além disso, priorizar a produção de equipamentos hospitalares de alta tecnologia (respiradores) e a produção de kits emergenciais é fundamental, tanto para combater a epidemia, quanto para reforçar as atividades de certos setores industriais em curto e médio prazos.

Para ampliar e aprimorar a sua ação junto à diversidade de realidades no Brasil e em nossa região, mais do que nunca são necessários esforços de coordenação e integração de ações dos setores públicos e privados de saúde e entre os estados da Amazônia. Nesse sentido, a contribuição do setor privado é de grande importância neste momento para suprir a falta de equipamentos hospitalares, como respiradores, e até de insumos como máscaras de proteção, luvas, álcool em gel, entre outros.

Nesse contexto, recomenda-se incentivar a criação de uma linha de produção de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) no estado do Pará e o aprimoramento das redes de serviço sanitário, com a contratação de profissionais de saúde via processos seletivos e concursos públicos.

Mais do que nunca são necessários esforços de coordenação e integração de ações dos setores público e privado de saúde e entre os estados da Amazônia.

5) Incorporar contribuições da área da Ciência e Tecnologia na tomada de decisões

O combate ao vírus Sars-CoV-2 passa por entendermos melhor e urgentemente a epidemiologia da doença nas condições amazônicas, o que deve ser feito o mais rapidamente possível, pois, sem dados sólidos, nenhuma política de saída de crise será efetiva. O Pará possui como diferencial em relação a outros estados uma rede de instituições científicas que atuam há décadas, com reconhecida excelência e vasta abrangência de áreas e temas, muitas das quais relevantes para a construção de cenários de saúde pública e aspectos sociais associados à pandemia.

Na área de saúde, destacam-se entre as instituições renomadas nacional e internacionalmente o Instituto Evandro Chagas, que dispõe de instalações adequadas à contenção e à pesquisa de cepas virais desconhecidas, bem como de extratores de RNA, indispensáveis aos testes PCR, e a Universidade Federal do Pará e a Universidade do Estado do Pará, que vêm colaborando com iniciativas nacionais e internacionais.

Nas instituições científicas do Pará o governo estadual também pode encontrar informações confiáveis e a construção coletiva de estratégias, tanto tecnológicas como organizacionais, para viabilizar territórios sustentáveis, considerando a diversidade de situações, particularmente de populações vulneráveis, bem como estratégias para a prevenção e o enfrentamento de eventuais epidemias ou pandemias, inclusive as que ocorrem a partir de arbovírus (transmitidos por insetos e aracnídeos) oriundos de territórios amazônicos submetidos a processos de ocupação predatória.

Entre as ações ou atividades potenciais a serem viabilizadas ou realizadas por este conjunto de instituições, podem ser citadas a disponibilização de laboratórios; a elaboração de material explicativo sobre a doença, sua prevenção e tratamento; a elaboração e execução de projetos voltados a populações vulneráveis; o  diagnóstico das dificuldades e gargalos (técnicos, organizacionais, setoriais) encontrados no enfrentamento da crise; a construção coletiva de alternativas tecnológicas e organizacionais a sistemas de produção locais; a orientação à implantação de sistemas agroalimentares mais territorializados (circuitos curtos produtor/consumidor).

Essas ações envolvem, no entanto, o efetivo compromisso dos ministérios relacionados ao tema, bem como, no âmbito estadual, o fortalecimento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Pará (Fapespa), de bancos e agências de desenvolvimento, de modo a aumentar o fomento à produção de ciência e ao desenvolvimento tecnológico.

Além do comitê estadual proposto e em complemento às iniciativas já em curso pela Fapespa, sugerimos o lançamento de um edital emergencial para financiar pesquisadores na atuação direta de combate à pandemia da COVID-19.

Desse modo, este conjunto de cientistas atuantes no estado do Pará, aqui representados, coloca-se à disposição da população e do Governo do Estado, destacando que temos capacidade instalada e disposição para contribuir nas fases de prevenção, controle e monitoramento da doença COVID-19, bem como no delineamento de estratégias que permitam renda às populações atingidas e, a médio e longo prazos, alternativas voltadas ao maior conhecimento e manejo da sociobiodiversidade, à recuperação de áreas degradadas e ao restabelecimento das economias locais.

Pelos cientistas do Pará:

Ana Luisa M. Albernaz – Diretora do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG)
Ana Rita Alves – Ex-diretora do Instituto de Desenvolvimento Mamirauá (IDSM)
Claudio Alex Rocha – Reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA)
Carlos Leonardo Figueiredo Cunha – Professor da Universidade Federal do Pará (UFPA)
Emanuel Adilson de Sousa Serrão – Ex-chefe Geral da Embrapa Amazônia Oriental
Fernando Antonio Teixeira Mendes – Chefe do Centro de Pesquisa do Cacau nos Estados do Pará e Amazonas
Helder Lima de Queiroz – Ex-diretor do Instituto de Desenvolvimento Mamirauá (IDSM)
Hilton Pereira da Silva – Professor da Universidade Federal do Pará (UFPA)
Ima Célia Guimarães Vieira – Pesquisadora e ex-diretora do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG)
João Simão de Melo Neto – Professor da Universidade Federal do Pará (UFPA)
Joice Ferreira- Pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental
José Emilio Campos Magno – Professor da Universidade Federal do Pará (UFPA)
Maria do Socorro Castelo Branco de Oliveira Bastos – Professora da Universidade Federal do Pará (UFPA)
Milton Kanashiro- Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental
Manoel Malheiros Tourinho – Ex-reitor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Maria Elizabeth Santos – Ex-diretora do Instituto Evandro Chagas (IEC)
Maria Paula Schneider – Professora da Universidade Federal do Pará (UFPA)
Nilson Gabas Junior – Pesquisador e ex-diretor do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG)
Pedro Paulo Piani – Professor e gerente de Ensino e Pesquisa do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (UFPA)
Roberto Araújo de Oliveira Santos Junior – Pesquisador do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG)
Regina Oliveira da Silva – pesquisadora do Museu Paraense Emilio Goeldi
Silvia Helena Arias Bahia – Vice-Diretora da faculdade de Medicina da UFPA
Tatiana Deane de Abreu Sá – Pesquisadora e ex- Chefe Geral da Embrapa Amazônia Oriental, ex- Diretora Executiva da Embrapa-Brasil.
Walkymário de Paulo Lemos – Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amazônia Oriental
William Santos de Assis – Professor e Diretor Geral do Instituto Amazônico de Agriculturas Familiares – INEAF/UFPA

Referências:

1 Rache et al., 2020. Necessidades de Infraestrutura do SUS em Preparo à COVID-19:
Leitos de UTI, Respiradores e Ocupação Hospitalar. Disponível em: https://ieps.org.br/pesquisas/necessidades-de-infraestrutura-do-sus-em-preparo-aocovid-19-leitos-de-uti-respiradores-e-ocupacao-hospitalar/

2 Cabral et al., 2020. Estudo inicial sobre a evolução do novo CORONAVÍRUS (SARSCOV-2 no estado do Pará (Brasil), no período entre 17/03/2020 e 06/04/2020. Braz. J. Hea. Rev. 3 (2):2914-2931.

3 World Health Organization (WHO). Report of the WHO China Joint Mission on Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) [Internet]. Geneve: WHO; 2020 [cited 2020 Abr 10]. Available from: https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/whochina-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf

4 https://www2.unesp.br/portal#!/noticia/35626/por-que-a-circulacao-de-pessoas-tempeso-na-difusao-da-pandemia; Danigno, R; e Freitas M; Casos de covid-19 nos municípios do estado do Amazonas, Brasil Relatório técnico atualizado em 04/04/2020com dados até 2/04/2020 UFRGs-Propesq 2020

5 Índice de Isolamento Social no Brasil. Disponível em: https://www.gstatic.com/covid19/mobility/2020-03-29_BR_Mobility_Report_en.pdf

6 Artigos publicados na revista científica Lancet Gastroenterol Hepatol. Ver artigo da revista Science. Disponível em https://www.sciencemag.org/news/2020/03/china-saggressive-measures-have-slowed-coronavirus-they-may-not-work-other-countries

http://www.tratabrasil.org.br/blog/2019/09/03/para-o-estado-com-maior-deficit-emtratamento-de-esgoto

Nota da ABC sobre ameaças a cientistas

 

NOTA DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS
SOBRE AMEAÇAS A CIENTISTAS

A Academia Brasileira de Ciências vem manifestar total apoio aos pesquisadores na condução de seus trabalhos de pesquisa no âmbito do projeto CloroCovid-19.

O estudo CloroCovid-19 tem como objetivo principal estudar a eficácia e a segurança dos pacientes com Covid-19 em uso de duas doses diferentes de cloroquina. Em estudos clínicos em seres humanos e em especial em doenças graves, é muito importante que se compare diferentes doses e que se obtenha a maior dose segura para uso nos pacientes. É isto que caracteriza um estudo de fase 2. No estudo em questão, foram incluídos apenas pacientes com síndrome respiratória aguda grave (SRAG), com suspeita (e posterior confirmação laboratorial) de COVID-19. Ambas as doses são usadas em protocolos ao redor do mundo, justificando, portanto, a busca pela dose mais eficaz e mais segura da medicação.

Assim como todo estudo clínico, o estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), com CAAE 30152620.1.0000.0005, em 23 de março. Todos os pacientes e/ou familiares foram orientados sobre o objetivo da pesquisa e assinaram Termos de Consentimento Livre e Esclarecido. Assegurando-se de boas práticas clínicas, um comitê de acompanhamento e segurança independente, formado por médicos especialistas, foi montado prontamente. No acompanhamento dos pacientes, assim que se observaram os primeiros indícios de efeitos colaterais, a dose mais alta foi imediatamente suspensa e todos os participantes passaram a usar a dose mais baixa, considerada segura no momento da análise. Isso ocorreu no dia 6 de abril.

O estudo não permite concluir se a cloroquina em doses baixas contribui positivamente com o tratamento da COVID-19, porque não há um grupo controle sem ser medicado e o desenho experimental escolhido foi o de comparar as duas doses. As duas doses de cloroquina administradas não alteraram a evolução do estado de saúde dos pacientes com Covid-19 em comparação à média mundial. Os dados, para transparência, foram divulgados no site MedRxiv (https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.04.07.20056424v1), a fim de advertir demais pesquisadores do mundo sobre a toxicidade de uma dose alta, que apesar de teoricamente poder ser mais eficaz, estava causando mais danos do que benefícios.

O estudo é liderado pelo médico infectologista Prof. Dr. Marcus Lacerda, pesquisador da Fundação de Medicina Tropical (FMT-HVD) e especialista em Saúde Pública da Friocruz – Amazônia. A equipe do estudo CloroCovid-19 é composta por mais de 70 profissionais, entre pesquisadores, estudantes de pós-graduação e colaboradores de instituições com tradição em pesquisa, como Fiocruz, FMT-HVD, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Universidade de São Paulo (USP). Trata-se de equipe muito experiente e reconhecida internacionalmente em ensaios clínicos utilizando normas internacionais de boas práticas em pesquisa.

Após a divulgação dos primeiros resultados diversas ameaças violentas vêm sendo registradas, especialmente contra o coordenador do estudo, certamente pelo desconhecimento e ausência de treinamento específico para interpretação dos dados, por parte dos agressores e seus seguidores. Num momento de crise, como o que vivemos, os vieses ideológicos estão prejudicando a execução da boa ciência, pois desviam o foco dos pesquisadores para situações desconfortáveis e injustas.

Vários pesquisadores sérios em todo o mundo vêm buscando, por meio da pesquisa científica, formas para solucionar esse grave problema para a humanidade. A equipe do CloroCovid-19 é consciente de seu papel social e continuará colocando em prática seus objetivos, que são produzir boa evidência científica para o tratamento dos pacientes. O estudo CloroCovid-19 seguiu todas as normas nacionais e internacionais de boas práticas de pesquisa e pautou por uma atitude ética e científica na análise dos dados e término precoce do estudo.

Por fim, a Academia Brasileira de Ciências entende não ser justificáveis quaisquer ameaças físicas e morais a qualquer um dos pesquisadores do grupo de pesquisas do consórcio mencionado. Neste momento de pandemia é vital que os estudos científicos possam ser realizados com base nos mais altos preceitos da Ciência e que sejam reportados de forma adequada e cientificamente correta.

Como disse o grande matemático Bertrand Russell “Quando estudando qualquer problema ou considerando qualquer filosofia, pergunte a você apenas quais são os fatos. Nunca se deixe desviar pelo que você deseja acreditar ou pelo que você acha que teria efeitos sociais benéficos se fosse acreditado. Mas olhe apenas, e unicamente, quais são os fatos.”

Rio de Janeiro, 17 de abril de 2020.

Luiz Davidovich
Presidente
Academia Brasileira de Ciências

teste