Héctor Francisco Terenzi nasceu na Argentina e reside com sua família no Brasil desde 1976. Cursou estudos superiores na Universidade Nacional de Buenos Aires (UNBA), onde formou-se em 1961 como Licenciado em Ciências Biológicas. Nesse ano foi contratado como Professor Assistente no Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da UNBA. Em 1965 viajou aos Estados Unidos onde permaneceu até 1968, obtendo o Título de Doctor of Philosophy na Rice University (Houston, Texas) sob a orientação do Prof. Roger L. Stork. De volta à Argentina, desempenhou-se como Pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas (CONICET), inicialmente no “Instituto de Investigaciones Bioquímicas – Fundación Campomar”, a convite do Prof. Luis F. Leloir (Premio Nobel de Química 1971) e mais tarde como Professor Associado na Faculdade de Farmácia e Bioquímica da Universidade Nacional de Buenos Aires. A degradação política na Argentina, sob um violento e arbitrário regime militar, motivou sua saída da UNBA e do país, em abril de 1976. Convidado pelo Prof. Renato H. Migliorini trabalhou como Professor Visitante e Professor Colaborador no Departamento de Fisiologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) até 1986. Nesse ano prestou concurso como Professor Titular no Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP. Suas atividade em pesquisa estiveram sempre dedicadas ao estudo dos processos bioquímicos e genéticos que controlam o desenvolvimento e as respostas de adaptação às mudanças do meio ambiente em células de eucariotos primitivos, usando como modelos fungos filamentosos como Neurospora crassa, Mucor rouxii e outros. Entre suas contribuições mais significativas estão a demonstração do papel dos açúcares fermentáveis no dimorfismo de M. rouxii, tema de sua Tese de Doutorado; a demonstração da interconversão por fosforilação/desfosforilação das enzimas do metabolismo de glicogênio em N. crassa e a descoberta do primeiro mutante deficiente na formação de AMP cíclico em fungos – o mutante cr-1 (crisp) de N. crassa, em colaboração com os Professores Héctor N. Torres e Mirtha M. Flawia da “Fundación Campomar” na Argentina. No Brasil seus trabalhos mais relevantes tratam da regulação do metabolismo da parede celular e dos carboidratos de reserva (trealose e glicogênio) em fungos filamentosos, a secreção de enzimas hidrolíticas e o estudo dos processos mediados por vias de transdução de sinais. Entre os achados de interesse dentro dessas linhas de pesquisa se encontram a identificação de um inibidor protéico endógeno da proteína fosfatase de tipo 1 de N. crassa e a clonagem molecular da trealase neutra de N. crassa, realizados em colaboração com a Profa. Aline. M. da Silva (IQ-USP, São Paulo) e o Prof. Cristophe d’Enfert (Institut Pasteur, Paris). Também merece menção o reconhecimento da existência de trealases ácidas calcio-dependentes, em fungos termófilos, realizado em colaboração com o Prof. Jõao A Jorge. Héctor F. Terenzi é Pesquisador 1 A do CNPq, Presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq 1998-2000), Membro Titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (1994) e Pró-reitor de Pós-Graduação da USP (1998-2001). Foi Coordenador da área de Bioquímica da FAPESP e Membro do CA (Genética) do CNPq. Publicou setenta e três trabalhos em revistas indexadas e orientou onze Dissertações de Mestrado e dezesseis Teses de Doutorado.
Área de Pesquisa: Ciências Biomédicas
Helena Bonciani Nader
Graduou-se em ciências biomédicas (1970) pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em biologia (1971) pela Universidade de São Paulo (USP) e fez doutorado em ciências biológicas pela Unifesp (1974). Fez o estágio de pós-doutoramento na mesma área pela Universidade do Sul da Califórnia, Estados Unidos (1977). Suas pesquisas abrangem glicoquímica e glicobiologia, com ênfase na estrutura e função biológica dos proteoglicanos heparina e heparam sulfato. É professora titular da Unifesp.
Exerceu várias funções administrativas entre elas a Pró-reitoria de Graduação (1999-2003) e de Pós-graduação e Pesquisa da Unifesp (2007-2008); foi membro da Coordenação de Biologia da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp (2006-2018); foi presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular – SBBq (2009-2010); foi vice-presidente (2007-2011), presidente (2011-2017) e presidente de honra (desde 2017) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Foi vice-presidente da ABC entre 2020 e 2022, e a partir de maio de 2022 assumiu o cargo de Presidente da Academia Brasileira de Ciências.
Recebeu diversas honrarias como o título de Professor Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN (2005); Prêmio Scopus – Elsevier/Capes (2007); o grau de Comendador e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2008), do governo brasileiro; Medalha de Ouro Moacyr Alvaro (2012); Medalha Mérito Tamandaré – Marinha do Brasil (2013); Ordem do Mérito Naval, classe Grã-Mestra, Marinha do Brasil (2015); Ordem do Mérito da Defesa, grau Oficial, Presidência da República (2016); Medalha Carneiro Felippe, Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN (2016); Classics in Cell Biology, Sociedade Brasileira de Biologia Celular – SBBC (2018); Science Service Award, Federação de Sociedades de Biologia Experimental, FESBE (2018); a Ordem do Mérito Naval, grau Comendador do quadro Suplementar, Marinha do Brasil, (2018); e o Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia 2020, oferecido pelo MCTI, Fundação Conrado Wessel (FCW) e CNPq.
Além de ser membro titular da ABC, também é membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), e da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês).
Twitter: https://twitter.com/helenabnader
Hélio Bezerra Coutinho
No Brasil, o seu treinamento de pós-graduação foi realizado em 1950 nos Departamentos de Histologia e Embriologia e de Biofísica da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, tendo como preceptores, respectivamente, Bruno Alípio Lobo e Antônio Couceiro. Em 1952-1953, como bolsista da W.K. Kellogg Foundation, estagiou na Universidade de Chicago sob a orientação de George Gomori e William Bloom, e na Universidade de Michigan com Burton L. Baker e Bradley M. Patten, nas áreas de Histoquímica, Histofisiologia e Embriologia. Nomeado em 1949 pela UFPE, trabalhou no Departamento de Histologia como Assistente, Livre-Docente e Catedrático da Faculdade de Odontologia, aposentando-se em 1986, quando foi contratado pela FIOCRUZ no cargo de Pesquisador Titular.
Na década de 70 desenvolveu, em colaboração com Norman O. Harris, da Universidade de Porto Rico, trabalhos que permitiram a utilização dos princípios da instrução programada associados à entrega do conteúdo por multimeios, no ensino da Histologia.
Pesquisador nível I-A do CNPq, publicou 59 trabalhos em revistas especializadas nacionais e estrangeiras. Coordena e administra programas de pesquisa de cooperação internacional estipendiados pela União Européia, Conselho Britânico, Fundação Banco do Brasil, CNPq e FACEPE.
No momento, o grupo de pesquisadores que lidera no CpqAM/FIOCRUZ se dedica ao estudo das alterações imunocitoquímicas que se verificam no intestino humano em diversas condições patológicas. Desses trabalhos também participam pesquisadores das universidades britânicas de Aberdeen e de Nottingham, bem como especialistas brasileiros dos setores de Gastroenterologia, Pediatria e Cirurgia do Hospital das Clínicas da UFPE e do IBC/UFMG.
Em 1975 foi equiparado a Catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, em Portugal.
Em 1993, o Governo do Estado outorgou-lhe a comenda de Cavaleiro da Ordem dos Guararapes por relevantes serviços prestados à ciência no Estado de Pernambuco.
Elisaldo Luiz de Araújo Carlini
Filho de Francisco Araújo Carlini e Ana Ferreira Goyos Carlini, nasceu em 9 de junho de 1930. Aos 7 anos mudou-se para o extremo norte do estado de São Paulo num lugarejo chamado Pirajá, um lugar absolutamente sem recursos. Faz o primário na escola rural próximo àquele local e aos 11 anos muda-se para São José do Rio Preto onde termina o curso ginasial. Aos 15 anos muda-se para São Paulo, consegue emprego de office boy na empresa White Martins e faz o curso científico noturno no Colégio Estadual Caetano de Campos. Em 1952, entra na Escola Paulista de Medicina, graduando-se em 1957. Desde o 2º ano do Curso Médico faz estágio no Departamento de Bioquímica e Farmacologia, sendo orientado pelos professores José Ribeiro do Valle e José Leal Prado. A partir de 1958, fica trabalhando na disciplina de Farmacologia e, em 1960, ganha bolsa da Fundação Rockefeller no Departamento de Bioquímica da Tulane University, EUA (1960) e no Departamento de Farmacologia da Yale University, EUA (1961-1964). Retorna ao Brasil em 1964, assume a chefia da Seção de Fisiologia Animal do Instituto Biológico de São Paulo (por 6 meses). No início de 1965, passa a chefiar a disciplina de Farmacologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Em 1970, retorna à Escola Paulista de Medicina com o título de Professor Adjunto, onde fundou o Departamento de Psicobiologia e chefiou a disciplina de Psicofarmacologia. Em 1978, é aprovado no concurso para professor titular. Continua exercendo as atividades em regime de dedicação exclusiva como chefe da disciplina de Psicofarmacologia e Chefe do Departamento de Psicobiologia até 1995, quando assume o cargo de Secretário Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, onde permanece até março de 1997. Retorna à Universidade Federal de São Paulo (antiga Escola Paulista de Medicina) onde, como professor aposentado, exerce atividades de pesquisa e ensino para a pós-graduação em tempo integral e dedicação exclusiva até o presente. Tem próximo de 3 centenas de trabalhos científicos publicados, cerca de 50% em revistas internacionais. Orientou cerca de 17 teses de mestrado e 24 teses de doutorado, até o presente. Participando de dezenas de bancas em concurso público para docentes universitários e dezenas de bancas para defesa de teses de mestrado e doutorado. Vem orientando teses de mestrado e doutorado, pesquisas no campo de plantas brasileiras com ação no sistema nervoso central e também desenvolvendo pesquisas sobre substâncias psicoativas e principalmente exercendo trabalhos de levantamentos a nível nacional sobre o consumo ilícito destas drogas.
Eloi de Souza Garcia
Nasceu em Santa Rita do Sapucaí, sul de Minas Gerais onde realizou seu curso primário. Estudou na Escola Agrotécnica de Barbacena (1963) e se formou em Medicina Veterinária, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em 1967. Fez doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biologia Molecular – setor bioquímica – na Escola Paulista de Medicina, tendo como orientador Jorge Almeida Guimarães. Foi Editor das “Memórias do Instituto Oswaldo Cruz”, revista indexada ao ISI 1997 – 1990. Orientou 18 teses (doutorados e mestrados) nas áreas de fisiologia, bioquímica e imunologia de insetos. Seu laboratório na Fiocruz possui intensa colaboração com a Universidade de Bochum (Alemanha) e Universidade de Swansea, País de Gales, Reino Unido. Foi membro de CAs do CNPq e de comissões do MCT, CAPES e FINEP e de inúmeras bancas de tese e concursos públicos para professor adjunto e titular em universidades. Além disto, foi membro de várias missões oficiais internacionais do Ministério da Saúde e Ministério da Ciência e Tecnologia para colaboração em C&T&I entre o governo brasileiro e EUA, Canadá, Alemanha, França, Rússia, México, Índia e vários países do continente africano. Foi membro da Academia Brasileira de Ciências de 1987 a 2000 como associado e 2001 em diante, como titular. Foi membro da presidência da Fiocruz de 1990 a 2001, do Ministério de Ciência e Tecnologia de 2001 a 2002, e consultor da Organização PanAmericana de Saúde, Washington em 2003. Em 2004 assumiu a posição de diretor de desenvolvimento científico da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio de Janeiro.
Erney Felício Plessmann de Camargo
Erney Plessmann Camargo, casado com Marisis Aranha Camargo, formou-se em 1959 na Faculdade de Medicina da USP. Iniciou-se em ciência ainda no segundo ano do curso médico no Departamento de Parasitologia liderado na ocasião pelo Prof. Samuel Pessoa. Depois de formado, como bolsista da CAPES, estagiou por um ano no Instituto Butantan com o Prof. Sebastião Baeta Henriques trabalhando em biossíntese de proteínas. Em 1961 é convidado pelo Prof. Leonidas de Mello Deane, então na regência do Departamento de Parasitologia, a ingressar como Auxiliar de Ensino no quadro docente da Faculdade de Medicina. No início de sua carreira sofreu forte influência de outros pesquisadores da Faculdade de Medicina: Luiz Hildebrando Pereira da Silva, Leonidas e Maria Deane, Luis Rey, Victor e Ruth Nussenzweig, Michel Rabinovitch, Olga Castellani e José Ferreira Fernandes. Particularmente importante para sua formação intelectual e humana foi a influência exercida pelo Prof. Samuel Pessoa que, embora já aposentado, continuava a desempenhar inquestionável liderança na parasitologia brasileira sobretudo em seus aspectos médico-sociais. Seus primeiros trabalhos foram sobre a bioquímica de protozoários parasitas em colaboração com o Dr. Luiz Hildebrando. Seu primeiro trabalho independente, publicado em 1964 sobre o crescimento e diferenciação do Trypanosoma cruzi, ainda hoje é regularmente citado na literatura científica internacional.
Em 1964, junto com outros pesquisadores, foi demitido por razões políticas da Faculdade de Medicina tendo que emigrar para os Estados Unidos, onde permaneceu por cinco anos na Universidade de Wisconsin, Madison, trabalhando com os Profs. Walter Plaut e D.R. Sonneborn. Retornou ao Brasil apresentando sua tese de Doutorado, sob a orientação do Prof. Moura Gonçalves, à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. A convite do Prof. Leal Prado ingressou, em 1970, na Escola Paulista de Medicina, onde colaborou com o Prof. Luiz Rachid Trabulsi, na reorganização do Departamento de Microbiologia e Parasitologia. Em 1985, retornou à Universidade de São Paulo como Professor Titular do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas.
Ocupou ou ocupa os seguintes cargos: Professor Titular, Escola Paulista de Medicina; Professor Titular, Universidade de São Paulo; Chefia de Departamentos nas duas Instituições; Vice-Diretor do Instituto de Ciências Biomédicas; Pró-Reitor de Pesquisa da USP; membro do Conselho Deliberativo do CNPq, membro do Conselho Técnico Científico da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, do Conselho Superior do Instituto Butantan e do Conselho Curador do Hospital Antonio Prudente. É Presidente da Sociedade brasileira de Protozoologia e membro das Sociedades Brasileiras de Bioquímica e Parasitologia e da Linnean Society of London.
Formou 13 mestres e 9 doutores, tendo publicado 70 trabalhos em revistas de circulação internacional, a absoluta maioria sobre tripanosomas. Seus quatro filhos, Marcelo, Fernando, Eduardo e Anamaria seguem carreiras científicas enquanto sua esposa, Marisis, também é professora universitária na área de Literatura Inglesa. Literatura, história, música, futebol, trabalho de campo em malária e seus onze netos são seu lazer.
Esper Abrão Cavalheiro
Responsável pela criação do primeiro centro nacional voltado para o estudo da Neurologia Experimental, em 1983, na Escola Paulista de Medicina, hoje Universidade Federal de São Paulo, cujo objetivo central é estudar os mecanismos fisiopatológicos subjacentes a vários distúrbios neurológicos. Entre estes, destaca-se o desenvolvimento do modelo de epilepsia induzido pela pilocarpina, o qual é hoje utilizado em vários laboratórios, nacionais e estrangeiros, devotados ao estudo das epilepsias.
É, desde 1989, membro da “Commission on Neurobiology” da “International League Against Epilepsy” (ILAE) e, nesta posição, tem auxiliado a organização de vários simpósios e cursos internacionais. Os mais recentes ocorreram em Salvador (Bahia, Brasil), Trömso (Noruega) e Cairns (Austrália). Faz parte do corpo editorial de várias revistas especializadas, destacando-se Epilepsia, órgão oficial da ILAE e Epilepsy Research. Em 1993 foi convidado a ocupar a posição de membro assessor do CNPq na primeira vaga dedicada à Neurociência. É um dos cientistas brasileiros mais citados na literatura internacional.
Fernando Braga Ubatuba
Fernando Braga Ubatuba nasceu em Pelotas, RGS em 1917. Casou-se com Arlette F. Ramos em 1940 e formou-se em 1942. Dos cinco filhos, já são doze os netos. O interesse pela Física e Química inicia-se desde a etapa pré-universitária, orientando sua vocação científica e suscitando o espírito e a inquietude intelectual que o acompanharão em todo seu percurso acadêmico. Apesar de sua formação científica apresentar traços eminentemente autodidatas, é inegável a valiosa influência de Carlos e Evandro Chagas, de João Machado e J. Moura Gonçalves e, posteriormente, já em Manguinhos, no convívio diário com B. Aragão, G.G. Villela, M. Ozório de Almeida, Thales Martins e Walter Oswaldo Cruz.
Ubatuba exerceu, a partir de 1942, atividades didáticas e de pesquisa em diversas instituições brasileiras: Instituto Oswaldo Cruz; Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro (Professor Assistente, 1946-1948); Faculdade Nacional de Medicina (1956-1962); Escola Nacional de Veterinária (hoje UFRRJ) – 1950 até abril de 1970, quando foi atingido, pelo AI-5. Desenvolvia nessa época, plena articulação para a transferência de seu grupo para a Universidade de Brasília. Aborrecido, exilou-se espontaneamente em 1970. O plano UnB só se realizaria em 1980, quando beneficiado pela anistia, retornou ao Brasil; embora reintegrado aos quadros de Manguinhos, optou pela UnB, assumindo o cargo de Professor de Farmacologia Médica. Tendo atingido a idade compulsória na UnB, Ubatuba volta à sua origem acadêmica, associando-se ao Departamento de Bioquímica Médica da UFRJ, aí trabalhando atualmente na condição de Pesquisador Visitante, Bolsista do CNPq.
Seus trabalhos dessa época, tinham enfoque multidisciplinar tratando do estudo da Fisiologia das secreções glandulares e da caracterização química e bioquímica dos hormônios tireoideanos, da córtico-adrenal e das gônadas.
A partir de 1970, impossibilitado de trabalhar no Brasil, Ubatuba aceita convite da Venezuela para instalar na Universidad Experimental de la Región Centro-Ocidental (UCO), localizada em Barquisimeto, uma Unidade de Investigações em Ciências Fisiológicas. Deixou também na Venezuela sua contribuição na formação de pesquisadores, trabalhando em extensa variedade de temas de interesse local e regional. Realizou aí antigo sonho: trabalhar na caracterização das saponinas esteroidais do sisal, um tema de enorme significação científica e tecnológica por constituir o extrato do sisal, matéria prima contendo intermediários para a síntese de hormônios esteroidais. Ao término de seu primeiro contrato na UCO, ao final de 1971, e tendo aceito uma Bolsa de Pesquisador Visitante na Inglaterra, Ubatuba indicou ao Reitor (e atraiu para a sua substituição), outro cassado de Manguinhos, Haity Moussatché, que chefiou a unidade e consolidou o projeto.
Em 1972, Ubatuba assume uma Bolsa de Pesquisas do Wellcome Trust para trabalhar, por um ano, no ARC Brabham’s Institute of Animal Physiology em Cambridge, onde foi agregado ao laboratório de Marthe Vogt. Nesse conceituado laboratório, continua suas atividades de pesquisa, já agora com nítido enfoque na Farmacologia das prostaglandinas. Ao final de sua estada em Cambridge, Ubatuba recebe honroso convite do Prof. Eric Horton para se filiar, como “Lecturer and Visiting Professor”, ao “Department of Pharmacology, University of Edinburgh, Scotland”. Em Edinburgo, dá continuidade às suas atividades de ensino e pesquisa.
Nessa época, por intervenção de M. Vogt e E. Horton, Ubatuba foi apresentado a John Vane. Ubatuba ingressa no “staff” científico do Wellcome Research Laboratories (WRL) em 1974, como Senior Scientist, aí permancendo até sua aposentadoria em 1980. No WRL, trabalhou no Department of Drug Metabolism e posteriormente no Department of Prostaglandin Research. Participava ativamente das linhas de pesquisa que levaram John Vane ao Prêmio Nobel de Medicina em 1982. Particularmente importante nesse período foram as contribuições de Ubatuba aos conhecimentos sobre os peróxidos e hidroperóxidos do ácido araquidônico e na caracterização de uma nova prostaglandina, produzida no endotélio vascular, posteriormente identificada como a prostaciclina (PGI2). Relevantes ainda foram suas contribuições no desenvolvimento da teoria do balanço de produção PGI2/TXA2 na gênese dos processos de trombose arterial causados por agregados plaquetários (trombo branco) e ao estudo e caracterização dos ácidos graxos poli-insaturados contendo cinco ligações etilênicas (ácido eicosapentenóico – EPA). Na origem desses estudos estava a hipótese de que o EPA seria o provável responsável pela tendência ao sangramento espontâneo resultante de alterações nas funções plaquetárias, associado à baixa incidência de acidentes vasculares, condições predominantes entre os esquimós da Groenlândia, consumidores de alimentação rica em gorduras animais como óleo de focas.