Matéria de Marcelo Loreto publicada na BBC News Brasil em 27/2 contou com depoimento do Acadêmico Jefferson Simões:

A fuligem das queimadas na Amazônia contribui para o derretimento das geleiras na Península Antártica, distante milhares de quilômetros, segundo estudo publicado na revista Science Advances. A pesquisa revela ainda que embarcações turísticas na Antártida respondem por metade da fuligem que atinge a região.

Embora o aquecimento global seja a principal causa do degelo, aquecendo os oceanos e a atmosfera ao redor da Antártida, cientistas estão identificando novos fatores que aceleram esse processo, como a fuligem.

Desde os anos 1970, as queimadas na Amazônia e em outras regiões da América do Sul liberam até 800 mil toneladas de fuligem por ano na atmosfera — quase o dobro das emissões de fuligem geradas por combustíveis fósseis na Europa.

A fumaça carregada de fuligem sobe até 5 km de altitude e, impulsionada por ventos poderosos, percorre mais de 6 mil km até atingir a Península Antártica em menos de duas semanas.

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A Antártida concentra 90% do gelo global e será crucial para o futuro dos oceanos. Mesmo uma pequena perda de gelo pode elevar o nível do mar em metros nas próximas décadas ou séculos, de acordo com Jefferson Cardia Simões, glaciologista da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

O IPCC aponta a necessidade crescente de diques e aterros marítimos, estruturas de contenção já amplamente usadas em regiões baixas da Europa e do Leste Asiático.

Mas seus custos globais podem atingir 2,2 trilhões de dólares anuais até 2100, valores inviáveis para muitos países pobres. Estados insulares como Tuvalu e Kiribati, que já possuem refugiados climáticos, podem enfrentar custos estimados de adaptação superiores a 7% do PIB até 2050.

Os impactos do aumento do nível do mar afetarão especialmente as populações mais pobres, observa o glaciologista [e Acadêmico] Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Estima-se que apenas 15 países concentram 90% da população pobre e rural em áreas costeiras vulneráveis aos mares mais altos. Esses locais, sem defesas adequadas, enfrentarão mais desigualdade e conflitos sociais, reforça o IPCC.

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Leia a matéria na íntegra, aberta, no site da BBC News Brasil.